Bru 07/08/2011A Garota da Capa VermelhaO livro é inebriante. Os personagens são cativantes, fervorosos, instigantes. Fazem-nos amá-los, odiá-los, compreendê-los.
A história é muito boa, e até o último momento nos deixa apreensivos pela resolução de 'quem é o lobo?'. Literalmente até o último momento, pois ao final do livro nos deparamos com a seguinte frase: 'Será este o verdadeiro final da história de Valerie? Visite www.editoraid.com.br/agarotadacapavermelha e descubra!' O que eu poderia fazer após ler isso? Correr para o computador, é óbvio! E foi o que fiz, apreensiva em querer saber o que me aguardava no site, me deparei com um capítulo bônus, no qual é solucionado o verdadeiro mistério sobre o lobo. Isso foi uma coisa que nunca vi em nenhum outro livro. É diferente, irreverente, original, e aguça ainda mais nossa curiosidade. Adorei esse fato.
Voltando a falar dos personagens. Esta é uma das raras vezes que me fascino com a personagem principal. É impossível não se encantar por Valerie. E não digo se encantar no sentido de que ela seja uma personagem meiga e coisas do gênero. Pelo contrário, ela é menos feminina que a irmã Lucie, mais aventureira e independente, e creio que por ser tão autônoma e sem medos foi que ela me conquistou. Não me cativam personagens muito bobinhas, boazinhas de mais, sentimentais de mais, aquelas que por serem garotas precisam ser frescas. Isso cansa minha paciência. E como Valerie é totalmente fora deste padrão foi que ela ganhou minha devoção. Sem contar que em muitos momentos no livro ela tem ideias que parecem ser perversas, e que algum dia já se passaram por minha mente também. Como por exemplo o fato de achar magnífica uma briga entre dois rapazes, sendo ela o motivo desta briga:
“A voz de Valerie travou quando tomou consciência da beleza feroz daquilo, de ser tão amada. Ela vibrou de culpa e orgulho, da ideia de seu próprio poder, da idéia de ser amada tão impetuosamente.”
Com toda certeza Peter é um de meus personagens galãs favoritos. Lembrou-me de mais do Damon (Diários do Vampiro – a série de TV, porque os livros ainda não li). Ele é durão, cara de bad boy, cabelo bagunçado e escuro, corpo bruto e um imenso e feroz amor por Valerie. O que mais ela poderia querer? E boba não foi, pois desde o início sabia que ele era seu amor, com quem queria viver o resto de sua vida. Esta é mais uma característica que me agradou em Valerie, ela é bem decidida e firme em suas opiniões.
Henry Lazar é um doce, mas não era o homem certo para Valerie, ela necessitava de muito mais do que um amor cômodo. Ela precisava de calor, voracidade, desejo e aquela brutalidade presente apenas em amores arrebatadores. Sinto por Henry, pois ele realmente era perfeito, mas perfeito não era o que Valerie queria. Gentil, bonito, carinhoso, rico... Porém faltava nele o sentimento desbravador que continha tanto em Valerie quanto em Peter.
Quanto às “amigas” de Valerie, todas são cínicas. Rose é uma completa assanhada, Prudence é perversa, e Roxanne é covarde. Das três, a menos pior é Roxanne. Ela traiu Valerie ao falar para todos que esta havia conversado com o Lobo. Mas para esta atitude tão traiçoeira existe uma explicação plausível. O irmão de Roxanne, Claude, que tinha problemas mentais, foi considerado perigoso, pois diziam que ele conversava com o diabo. Porém é óbvio que isso era mentira, o garoto era apenas doente. Ele foi trancado dentro de um elefante de metal – semelhante ao cavalo de madeira de Tróia, porém neste elefante cabia apenas uma pessoa – e foi torturado até a morte. Uma fogueira havia sido posta embaixo do elefante de metal, o que fazia o material esquentar e queimar quem estivesse em contato com ele. Father Solomon, o homem que foi chamado à aldeia para exterminar o lobo, exigia que Claude falasse o nome da fera, como o garoto não sabia acabou não falando nada, e apenas agonizava.
A crueldade de Father Solomon me indignou muitíssimo. E na cena em que Roxanne exige que seu irmão seja solto, após ela ter denunciado Valerie em troca da liberdade de Claude, porém o encontra morto, as lágrimas não se contiveram em meu rosto. É forte o sentimento de dor que nos invade, e de indignação para com Father Solomon. Mas o pior de tudo é que Solomon realmente tinha fé em sua causa, fazia aquilo não por ser maligno e gostar de ver o sofrimento alheio. Totalmente pelo contrário. Era por não desejar o sofrimento das pessoas, causado pelo tormento do lobo, que ele fazia todas essas coisas que não são vistas com bons olhos, porém são justificáveis aos olhos dele. Para proteger as filhas ele acabou por matar a própria esposa, pois esta era um lobisomem. Vemos então do que ele seria capaz para matar o monstro.
Após a insinuação de que Claude era ou conhecia o lobo, há o seguinte diálogo de Valerie e Father Solomon:
- Ele não é mau! Eu o conheço! – gritou ela, desafiando Solomon.
- Melhor do que eu conhecia minha própria esposa?
Este homem me enoja e ao mesmo tempo de deixa de queixo caído. Tenho minha opinião quanto a ele, de que é um psicótico lunático, que defende uma causa nobre porém da maneira errada. O que o torna, a meus olhos, intragável.
Quanto à família de Valerie nada declararei. É preciso ler o livro para entender o que se passa entre aquele círculo familiar. Cesaire, Suzette e a avó da jovem são uma parte muito intrigante desta trama, uma das linhas mais trabalhadas que tece esta história.
Logo quando terminei de ler o livro – e o capítulo bônus – fui assistir ao filme, e confesso que o livro é muito melhor. Como sempre os livros ganham dos filmes por possuírem mais detalhes, a história é melhor explicada. Quando comecei a ver o filme pensava comigo: “Cadê tal cena? Porque já passou direto para tal coisa? Mas já está nesta parte?”. Porém os diálogos praticamente são todos iguais.
Valeu muito a pena comprar este livro, pela história, pelos personagens, pelo desfecho, e é claro, pela linda arte que emoldura esta obra. ID está realmente de parabéns.