Bel * Hygge Library 16/06/2021O Vermelho e o Negro (Stendhal)A obra foi publicada em 1830 e o autor teve, como uma de suas inspirações, o caso Berthet (1927). A história se passa no período da Restauração Monárquica Francesa e Napoleão já está no passado.
O personagem central é Julien Sorel, para quem a vida no interior da França não é algo suficiente. Entretanto, ele não tem nem nome nem riqueza para almejar algum prestígio na sociedade. E o caminho que ele escolhe para conquistar seu lugar é o caminho do clero. Ele é um homem com mais ambição do que fé, sendo a ambição a força que o impulsiona rumo aos seus objetivos, que, para dizer a verdade, não são tão claros assim. Entretanto, ele é refreado, muitas vezes, pela questão das classes sociais.
Julien torna-se preceptor dos filhos da família de Rênal. Entretanto, ele acaba tornando-se amante da sra. de Rênal, o que acaba gerando alguns problemas para ele e para a família. Com isso, para afastar-se deles e das fofocas, ele vai para um seminário onde, de início, não é bem aceito devido ao seu orgulho. Com isso, ele é enviado para ser um secretário do sr. de La Mole, onde conhece Mathilde, de quem torna-se amante também.
Por toda a jornada de Julien, Stendhal coloca uma riqueza psicológica incrível e critica a todos, não importa que sejam setores da sociedade com quem ele concorda ou não. Ninguém escapa de suas alfinetadas.
Em vários momentos, há monólogos interiores simplesmente sensacionais e, em tais momentos, a voz interior dos personagens se mistura de tal forma com a voz do narrador, que exige certo nível de atenção do leitor para diferenciar quando é o personagem e quando é o narrador, afinal, a transição de uma voz a outra é muito sutil e bem feita. O narrador está entre os meus personagens favoritos do livro. É um narrador onisciente, que interage com o leitor, dá a sua opinião sobre as atitudes das personagens e as julga. É magnífico!
Por fim, Julien Sorel, apesar de todo seu talento e esforço em suas empreitadas na ascensão social, ele acaba sendo vítima de suas próprias paixões e da hipocrisia que tanto cultivou.
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