O Vermelho e O Negro

O Vermelho e O Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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Roberto Petrúcio 13/02/2019

Um bom clássico
Li a primorosa edição da Martin Claret, com excelentes notas explicativas ao texto, papel amarelado para facilitar a leitura e capa dura. No entanto, a tradução da Ed. Penguin-Cia. das Letras também é boa. Ainda não verifiquei a famosa edição esgotada da Cosac Naify.
O livro é intrigante, mesmeriza a atenção do leitor. O protagonista é um egoísta rematado e um inveterado femeeiro. Para apreender melhor o conteúdo do livro, a meu ver, é imprescindível ter bom conhecimento da história da França da época da escrita, pois o autor faz inúmeras referências ao contexto político daquela época. São feitas duríssimas críticas ao clero católico.
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z..... 05/02/2019

Edição Martin Claret (2004)
Clássico francês do século 19, costuma aparecer em listas de livros destacados da literatura mundial. Na sugestão de uma delas busquei a leitura (101 Livros - Coleção Super Essencial).

Lembra outros livros do contexto, em que o meio é sedutor à ascensão social para jovens personagens, trilhando-se esse caminho com ambição fútil e maquiavélica. Especificamente da literatura francesa, é o que pareceu-me, por exemplo, a leitura de 'Madame Bovary' e 'Educação Sentimental' (ambos de Flaubert, registre-se, posteriores a Stendhal, mas de comum realidade).
Além da expectativa de crescimento ambicioso, evidencia também a futilidade que a almejada sociedade vivenciava cotidianamente. A leitura seguiu nesse rumo, numa história que não é bonita, mas interessante enquanto olhar histórico sobre o meio e sobre a disposição de caráter pelos objetivos.

É uma obra volumosa, em que fui movido mais por curiosidade que prazer (a não ser que o prazer seja sinônimo de reflexão).
Julien Sorel é o protagonista, tem pretensões de crescimento social, mas é limitado pelas barreiras que a sociedade criava em distinguir drasticamente, com preconceitos, ricos e pobres. O jovem, por mais talentoso e também bonito que fosse (uma das valorizações fúteis na sociedade), não passava de um provinciano filho de um marceneiro (em outras palavras, um Zé Ninguém no meio que queria se integrar).
Dois caminhos para os objetivos, que relativamente permitiriam o acesso: exército e sacerdócio. O primeiro estava em declínio (referência ao império napoleônico) e assim o segundo foi escolha fácil, que o permitiu "entrar no meio", onde, com desfaçatez e interesses egoístas, foi oportunista em conquistas que julgou vantajosas. Caso da confiança como preceptor, que o levou a se tornar amante da mulher do acolhedor (Senhora de Renal) e, posteriormente, amante da filha de um nobre (Mathilde de La Mole), ao ser credenciado como secretário .
Algo a se interpor em seus objetivos? Sim, numa ação que surpreende pela disposição do jovem em achar o que seria solução, semelhante a de Raskolnikov (analogia para conhecedores). Que crápula ambicioso! Mas de spoiler é só.

O sujeito foi sórdido, porém, interessante que a sociedade tem dessas coisas e isso, na cabeça de desajustados como ele, é sugestivo de que "os fins justificam o meio".
A sociedade se assenta em coisas vãs e espera-se nada menos que isso das pessoas. É o que seria natural e o contrário é até menosprezado. Aspecto ilustrado, por exemplo, no olhar de desprezo dos empregados à Julien, pela falta de tato em certos requintes.
O jovem também passa a se gabar em futilidades, como a sensação de "grande conquista" no adultério que comete com bonita, rica e bem afamada mulher.

As maiores emoções reservam-se no desenrolar final, com disposição surreal na Sra. de Renal e muito mais na jovem Mathilde. Talvez elas sejam a evidência da busca de novos rumos na sociedade de imposições fúteis, amando por amar, e não por interesses próprios como Julien e tantos outros. Pelo menos é o que concluí e escolhi associar na história e na percepção de vida (ainda que em disposições que não concorde).

Encerro com trecho de um diálogo que extraí do capítulo IX - Livro II (O baile), que nas entrelhinhas traz um retrato que esta resenha tentou evidenciar:
"...No século XIX já não há paixões verdadeiras. É por isso que há tanto tédio na França. Cometem-se as maiores crueldades, porém sem crueldades.
- Tanto pior! disse Julien. Pelo menos quando se cometem crimes é preciso cometê-los com prazer; é o único lado bom, e só se pode justifica-los um pouco por essa razão."
z..... 05/02/2019minha estante
Vale a referência ao título. Todos dizem que seria alusão ao vermelho do exército e o negro de vestes sacerdotais. Acho que também cabe a vida (simbolizada no sangue) e a corrupção pelo pecado (trevas). Tem uma passagem em que Julien vê o reflexo da cortina vermelha sobre um meio mais escuro se fundindo, mais ou menos isso (preguiça de procurar o capítulo, mas é o que sua vida se tornou).




Gladston Mamede 21/01/2019

Impressionante. Ainda mais quando se recorda ter sido publicado em 1830. Genial. Iconográfico. Cínico. Magnífico. O autor é hábil e nos joga de cá para lá e ao revés, variando do histórico ao filosófico, do psicológico ao sociológico. Infelizmente, estou escrevendo no momento em que acabei a leitura. Estou embasbacado. Fantástico.
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Thaise @realidadeliteral 20/12/2018

Leitura difícil, mas essencial!
Olá pessoas, já avisando que essa resenha aqui é totalmente despretensiosa, vamos chamar então de “impressões sobre a obra”, acho que combina mais. Primeiramente, uma dica para quem ainda não leu e pretende ler esse livro, não tem como entender essa bagaça sem antes estudar um pouco sobre a história da França daquela época.
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🔴⚫️“O Vermelho e o Negro” tem como plano de fundo a chamada “Renovação” Francesa, período Pós Napoleônico, no qual a França voltou a ser governada por um rei (Professores de história me perdoem se eu estiver falando besteira) e no qual ser “liberal”, ou seja, ser favorável às ideologias de Napoleão não era mais uma boa ideia.
.🔴⚫️Com esse plano de fundo temos a história de Julien Sorel, que nasceu em uma família pobre no interior da França, filho de um simples lavrador (que por sinal era um belo de um filho da puta), o que, nesse novo velho regime, significava que ele não tinha condições nenhuma de ser alguém importante ou poderoso porque na monarquia somente quem tem sangue nobre ou é da igreja tem algum prestígio. O problema é que nosso amigo Julien era muito ambicioso, e queria de qualquer forma ser importante (por que ninguém avisou esse ser que num dava?)
Então, ele vai tentar, ao longo de toda a narrativa, ascender socialmente. Porém, por ter consciência de sua posição social e por ser totalmente liberal e fã de Napoleão (tinha até fotinha escondida embaixo do colchão e tudo), mesmo vivendo em maio aos poderosos ele carrega um ódio mortal de todas essas pessoas.
🔴⚫️Minha opinião sobre o livro: Não é uma obra fácil de ler. Tive muita dificuldade, principalmente no meio da história, demorei 3 meses para terminar porque não ia nem na bala. Porém, a importância histórica e literária da obra é inquestionável. Ficou muito clara para mim a influência de Stendhal na literatura Realista, inclusive brasileira (Machado de Assis que o diga) e o final do livro compensa totalmente não ter parado a obra no meio, um dos mais surpreendentes que já vi. .
🔴⚫️ Em suma, não é uma leitura fácil, porém aconselho a todo mundo que gosta de literatura que a leia um dia na vida.

site: https://www.instagram.com/realidadeliteral/
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Quero Morar Numa Livraria 26/11/2018

O vermelho e o negro
É bem mais fácil encontrar livros com narrativa deliciosa e final decepcionante do que o contrário. Atravessar as 500 páginas de O vermelho e o negro é uma tarefa árdua. O enredo é monótono e os personagens não são cativantes, no entanto, possui um dos mais belos e trágicos desfechos que a literatura já viu.

Julien Sorel é um jovem francês de origem humilde mas extremamente ambicioso e grande admirador de Napoleão Bonaparte. Um erro na Paris de 1830. A França vivia a restauração da monarquia, um período de instabilidade política e ideológica.

Com o pé entre o sagrado e o profano, o primeiro erro de nosso anti-herói foi se envolver com Louise Rênal (quase um anagrama de Julien Sorrel), uma mulher mais velha e casada, antecipando assim o realismo de Flaubert. Na maioria das vezes Julien é calculista, arrogante e tem um certo complexo de inferioridade.

Depois de uma estadia no seminário, Julien é agraciado com um emprego que lhe permite realizar um de seus mais ambiciosos planos: morar em Paris. Na mansão do marquês de La Mole, se envolve com Mathilde, uma moça altiva e obcecada pela história de Boniface e Marguerite, a soberana eternizada por Alexandre Dumas em A Rainha Margot.

Julien está prestes a alcançar a tão sonhada ascensão social: um sobrenome nobre e uma pequena riqueza que lhe permitam viver com honra e prestígio. Mas o arrivista não contava com uma baixa reviravolta. Nesse momento é que todos os leitores se chocam com a cena seguinte. O que posso dizer para não estragar a surpresa é que a história de 30 de abril de 1574 está fadada a se repetir.
Bano 26/05/2023minha estante
Olá! Eu gostei do que você escreveu, mas acho que algumas pessoas podem não querer saber muito sobre o enredo do livro antes de lê-lo. Talvez seja uma boa ideia usar a opção Spoiler disponível no site para evitar que outras pessoas tenham uma experiência prejudicada pela revelação de detalhes importantes da trama.




Cris 26/11/2018

Não é porque é um clássico que eu tenho que gostar...
“Tal é o efeito da graça perfeita, quando é natural ao caráter e, sobretudo, quando a pessoa que ela ornamenta nem imagina possuí-la.” Pág. 36

O livro se passa na França no século XIX e conta a história de Julien Sorel. No início do livro, Julien era um humilde filho de carpinteiro, que dedicava seus dias à leitura e aos estudos e sonhava em ascender socialmente.

Sua família (seu pai e irmãos) o desprezava por ele se portar diferente do resto da família. Nesta época, as carreiras de maior destaque na sociedade era a carreira militar e a religiosa.

E Julien, acaba seguindo a carreira religiosa. Por ter bons conhecimentos de latim, acaba sendo contratado por uma família nobre para ensinar os filhos desta família rica.

O livro nos ambienta bem na sociedade da época pós-napoleônica na França, e eu acredito que eu teria aproveitado mais o contexto se eu estivesse mais familiarizada com este importante período histórico.
A história traz muita crítica à sociedade da época, especialmente à burguesia e à Igreja.

Mas eu devo confessar que eu achei o livro muito chato. O protagonista e demais personagens são um porre. Não consegui sentir empatia por ninguém. Os interesses amorosos que surgem na história são tão confusos que não me emocionaram e nem me fizeram torcer por eles. E os diálogos também são muito monótonos.

Enfim, não gostei do livro. Ele tem mais de 500 páginas, mas a impressão que eu tinha era de que eu não ia acabar nunca de ler, e parece que pouca coisa acontece nessas 500 páginas.

O final do livro foi bem imprevisível para mim, mas eu achei a maior parte da história sem graça.

“Os salões da aristocracia valem pelo prazer de citá-los depois que se sai deles, mas isso é tudo; a cortesia em si não tem valor próprio senão nos primeiros dias, constatava Julien; depois do primeiro encanto, o primeiro espanto.” Pág. 327



site: https://www.instagram.com/li_numlivro/
Eliana.Gomes 03/10/2019minha estante
Amei sua resenha, amo ler, pensei em ler este livro por achar que por ser um romance histórico iria me enriquecer culturalmente, pois leio muito os dito" cultura inútil ", apesar de entender q nenhuma leitura e inútil. Mas lendo sua resenha, e ser da mesma ideia de q por ser clássico nao sou obrigada a gostar, vou ponderar se leio ou nao.


Cris 04/10/2019minha estante
Olha, tem vários clássicos que eu amo, mas este eu realmente não me identifiquei com a narrativa. Mas se for um livro que você tenha vontade de ler, vale a pena dar uma chance, quem sabe a sua opinião não é diferente da minha ;)




Josevan 16/11/2018

Livro da vida
Gente, sem comentários, simplesmente o livro preferido da minha vida. Tudo nele é fantástico.
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Mario Miranda 26/10/2018

Clássico da Literatura Francesa
Primeiramente, a qualidade da capa é duvidosa. O papelão da capa facilmente abrirá e se deteriorará em pouquíssimo tempo. A Ausência de lombada fará com que rapidamente páginas comecem a se desprender, mesmo com os leitores mais atentos.

O livro de Stendhal, nutrido de um humor único, retrata a hipocrisia social que a França estava submetida no término do governo Real. Em muito o autor, que publicou sua obra em 1830, prenuncia o que será A Comédia Humana, de Balzac, que começa a ter seus primeiros escritos em 1829, tornando-se mais abundante no período imediatamente posterior a publicação de O Vermelho e O Negro.

Nesta obra temos Julien, um filho de um pobre marceneiro, dotado de um intelecto que o diferencia da população mediana. Repartido em dois livros, o primeiro narra a saga de Julien para superar a miséria social que está inserido, tornando-se preceptor dos filhos do Prefeito, e no livro seguinte migrando para Paris, onde será um Assessor de um do rico Marquês de La Mole. Em ambos os livros, a evolução social de Julien é concomitante a relações que ele mantém com duas mulheres, e que serão as histórias que darão maior fluidez a análise social crítica descrita por Stendhal.

Temos em Julien, em seus momentos finais, muito da obra O Último Dia de um Condenado, publicado no ano anterior por Victor Hugo, e de Raskolnikov, personagem central de Crime e Castigo (1866) de Dostoiévski. A Noção do Crime realizado por um oprimido social, a revanche das classes sociais mais ricas, tão cara ao universo Dostoievskiano, é apresentado pelo Psicológico de Julien quando em julgamento.

Sem dúvida uma das grandes obras da Literatura Francesa!

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Rafaela 21/09/2018

"O amor cria igualdades, não as procura. "
"Julien se sentia forte e resoluto como o homem que enxergou dentro da sua alma. "

O começo do livro me parecia devagar, até mesmo maçante em algumas partes. Já no final do livro parecia que o autor queria colocar toda a história em algumas páginas, sem detalhá-las.

Apesar de tudo, o livro é muito interessante e bem profundo. Eu nao sabia se torcia ou pelo pelo Julien...
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Elisabete Bastos @betebooks 14/08/2018

França depois de 1815
O romance ainda está muito tumultuado com as questões políticas e sociais, após Revolução Francesa, a queda da monarquia, morte na guilhotina de Luis XVI, governo do terror (Robespierre), Napoleão Bonaparte, a volta da monarquia republicana Luis XVIII.
Neste contexto é desenvolvido este romance atípico, pelos estágios por que passaram a França.
Assim, Julien Soré, filho de um carpinteiro, jovem, inteligente, extremamente orgulhoso, conhecedor do latim e da bíblia tendo como ídolo Napoleão Bonaparte foi preceptor dos filhos do Prefeito. Frequentou o seminário, foi secretário de Marquês em Paris.
Na vida amorosa foi muito conflituoso, com muito ímpeto e com o temperamento volátil tra reviravoltas impressionantes no romance.
O final surpreende.
Leitura válida, eis que foi escrito no século XIX.
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Natalia.psico.literatura 30/07/2018

Resenha publicada no blog O que tem na Nossa Estante
Em O Vermelho e o Negro, Stendhal pinta um retrato arrebatador da França do início do século XIX - suas classes sociais, profissões, política e costumes - em Paris e nas províncias. Os personagens do romance representam praticamente todos os níveis de inteligência e sensibilidade, em um enredo envolvendo paixão, intriga, sátira e reviravoltas de última hora. Mudando de cena e foco com tanta frequência que frequentemente tem sido chamado de ?cinematográfico?. Julien deixa sua casa no interior para se tornar um tutor, se esforça para se elevar profissionalmente e socialmente, se envolve em uma série de escapadas românticas e, finalmente, enfrenta um julgamento no final. Até que Stendhal escolheu a frase enigmática O Vermelho e o Negro como título pouco antes da publicação do livro, ele chamou o romance de Julien. Embora Julien seja indiscutivelmente o personagem central do romance, saber se o veremos como herói é uma questão em aberto. No final do romance, Stendhal nos coloca na mesma posição que o júri do julgamento de Julien, na verdade nos pedindo para avaliar Julien e comparar nosso veredicto com o da corte.

Julien, personagem muito interessante, logo conquista todos com sua polidez e habilidade nas letras. Tendo decorado a Bíblia, não demora para atrair todos os olhares para si, inclusive da Sra. de Rênal, com quem passa a envolver-se em segredo.
Esse relacionamento amoroso é muito sutil, não havendo no livro nenhuma passagem que possa chocar o leitor. O romance proibido é conduzido com maestria pelo autor (lembre-se é um clássico da literatura lido há mais de 185 anos) e prende o leitor na trama. Era uma época em que o simples toque de mãos rendia amores impossíveis, paixões arrebatadoras que faziam as pessoas chorarem de dor pela simples ideia de poderem um dia se afastar.

Lógico que esse romance não poderia acabar bem. O marido traído toma conhecimento, por meio de uma carta anônima (hoje seria um e-mail ou mensagem de WhatsApp) que sua mulher está de sorrisos com outra pessoa, fato que obriga o jovem Julien Sorel a sair da cidade rumo à Paris. Deixa, assim, na pequena Verrières, amigos fiéis como Fouqué e inimigos sedentos pela sua queda.

Chegando em Paris, por gozar de suas boas referências, consegue estudar em um seminário. Não tarda para conhecer o marquês de La Mole, dono de grandes propriedades e pessoa respeitada por toda a sociedade francesa, que o acolhe em sua residência, permitindo-o conviver com membros da alta nobreza. O Sr. de La Mole é pai de uma filha encantadora, não tardando para que esta ceda aos encantos do esbelto Julien Sorel. Resultado: a moça rica fica grávida do camponês (velho e conhecido conflito entre o rico e o pobre). Contudo, em razão do amor infinito que a Srta. de La Mole sente pelo rapaz, abdica de tudo para viver com ele. O sogro de nosso intrépido personagem, lógico, não concorda com a atitude da filha e entrega a Sorel uma grande quantia em dinheiro e terras valiosas, tornando-o, ainda, militar de alta patente.

Resenha completa no blog!
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Bê. 20/06/2018

Uaaaaau!
Que universo!
O leitor é convidado a submergir na história e no psicológico de um personagem super sedutor, ainda que ambicioso, vaidoso e orgulhoso!
Toda construção do seu proceder é destrinchada, cada pensamento, cada ato - o que, na maior parte da história, é extremamente cativante mas que, na segunda parte do livro, há um momento em que isso se torna pouco fluido, enfadonho...
A onisciência do narrador que torna o livro, no todo, tão especial, se tornou maçante a ponto de ter quase me feito abandonar a leitura!
Mas fiquei muito feliz por ter persistido! Já na metade em diante da segunda parte, a história recupera o seu dinamismo e o leitor volta a se sentir completamente rendido ao livro!
Adorei! Único!!! Super fez jus ao título de "Clássico"!
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Gabri 15/06/2018

Surpreendente
O vermelho e o negro era um livro que eu precisava ler para compreender melhor o período que eu estudo, contudo, o que eu pensei que seria uma tarefa um tanto penosa, se tornou uma leitura que devorei com muito prazer!
A narrativa de Stendhal é repleta de sutilezas e desenvolve todo o jogo de máscaras dos salões do período.
Em poucas palavras: foi uma grata surpresa!
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Lucas 02/06/2018

Hipocrisia e materialidade: Os principais ingredientes da degradação moral e psicológica
Henri-Marie Beyle (1783-1842) é um nome obscuro no mundo literário. Não que lhe faltasse talento; apenas não seria apropriado que um francês republicano assinasse obras que contestavam violentamente a Restauração Francesa (1814-1830). Por esse motivo e outros mais turvos, esse errante francês viveu em diversas regiões da Europa, criando ensaios e obras de estilo seco e psicológico que caracterizam a escrita de Stendhal, alcunha que acabou acompanhando-o na eternidade literária.

A grande obra de Stendhal é O Vermelho e o Negro, de 1830, lançada num período de grande turbulência na França: a chamada Revolução de Julho, que pôs fim à monarquia restabelecida com a queda definitiva de Napoleão Bonaparte. A "revolução das barricadas", que tão bem é descrita por Victor Hugo nos últimos volumes de Os Miseráveis (1862), adquire importância no último terço da obra-prima de Stendhal, o que reforça o tom político que ela adquire.

Isso porque, ao se olhar a trajetória de vida do autor e as ideias do protagonista da obra, o carpinteiro Julien Sorel, percebe-se claramente que Stendhal desembocou em seu personagem principal muitos dos ideais nas quais ele defendia, como a República, um eterno senso de condenação à burguesia e a admiração a Napoleão Bonaparte. Este último ideal, inclusive, era considerado um crime grave aos bons costumes da época, já que as tragédias que envolveram o final do império napoleônico (principalmente a desastrosa invasão à Rússia em 1812) eram ainda muito recentes a uma classe superior acostumada às benesses do regime monárquico então restaurado.

Diante de tais particularidades, Stendhal desenvolve a história de Julien Sorel, um pobre filho de carpinteiro, nascido em Verrières, um pequeno distrito da cidade de Besançon, importante centro urbano do leste francês (terra natal do já citado Victor Hugo). Além da já mencionada pobreza, Sorel vivia em uma atmosfera cercada de aspereza e sem nenhum tipo de sensibilidade, que fazia dele, caçula numa família com dois irmãos, um ser inútil. Nestes momentos iniciais, Stendhal destaca com classe o preconceito que homens "letrados" possuíam num meio rural, onde a força bruta e o trabalho incessante eram armas de muito mais valia que a instrução. O garoto, inicialmente com 20 anos, cresce com certa mágoa em função dos seus sofrimentos (até físicos), o que ajuda a explicar o seu caráter futuro.

Julien só encontrava felicidade nos livros e era, em parte, protegido pelo curado que havia na região. Ele desfrutava de um "absurdo" inimaginável para pessoas de sua classe social: tinha aulas particulares com um vigário, que lhe ensinou tudo o que poderia ser repassado sobre temas litúrgicos e bíblicos. Além da Bíblia, Sorel adorava obras históricas de cunho militar, especialmente as que ressaltavam a habilidade de Napoleão no campo de batalha. Sua aplicação e inteligência eram tão grandes que acabaram conduzindo-o ao cargo de preceptor dos filhos do prefeito do distrito, não sem antes uma negociação financeira acirrada entre seu pai e o seu futuro patrão, o senhor de Rênal.

Esta mudança para um meio social mais superior é a marca do primeiro tomo (o livro foi dividido em dois tomos) de O Vermelho e o Negro. Dono de uma inegável inteligência racional, Sorel logo adquire a confiança de todos os frequentadores da residência (inclusive da esposa do prefeito, a senhora de Rênal), que constrói outro traço marcante do seu caráter no futuro: a arrogância, que alimenta ódio a pessoas "estúpidas", mas de classe superior. Esta compreensão, no presente, o faz ser menos retraído, o que lhe causa imensas perturbações. Alguns acontecimentos fortuitos acabam conduzindo o humilde provinciano a Paris, algo inimaginável para alguém na sua condição e que inicia a segunda parte da narrativa.

Lá ele se torna uma espécie de secretário do Marquês de La Mole, um legitimista ligado à monarquia e que, portanto, representa o seu diâmetro oposto em ideais políticos. Rico, frequenta e é anfitrião de vários eventos sociais da corte francesa, assim como a esposa e os dois filhos: o esnobe Norbert e a bela Mathilde. Como no primeiro tomo, Julien é acometido de perturbações da mesma natureza, relacionadas a sua presunção e inteligência superior, que o faz ser de extrema confiança do senhor de La Mole.

O fato de trabalhar e conviver com pessoas nas quais Julien tem mais ira é insumo para inúmeros exames de consciência. Neste segundo tomo, há vários diálogos, mas a maioria deles ocorre apenas na mente dos personagens. São reflexões, os prós e contras de determinadas atitudes, julgamentos, preconceitos exacerbados, entre outros, que caracterizam O Vermelho e o Negro como uma das primeiras obras realistas da história da literatura, mantendo a veia romântica da época, mesmo que deixando-a num segundo plano. O foco da narrativa é psicológico: tem-se em Stendhal um autor muito mais preocupado em descrever todos os campos da consciência dos principais personagens em detrimento de aspectos mais objetivos, como as aparências físicas de locais, roupas e de pessoas. E estes autoexames de consciência ocorrem sobre os mais diversos temas: o casamento, a hipocrisia das relações entre jovens, a importância primordial da classe social ante a todas as outras características de caráter, o amor, ora louco, ora cego, ora possessivo, ora repulsivo, etc.

A publicação da obra não trouxe grande estardalhaço no cenário da literatura francesa da época. Strendhal, antes mesmo de falecer vítima do que hoje se chama AVC, previa que suas obras só seriam reconhecidas após a sua morte, o que de fato ocorreu. Mas há indícios de que um dos maiores escritores franceses de todos os tempos, Honoré de Balzac (1799-1850), tenha tecido elogios aos trabalhos do seu conterrâneo obscuro. Prova maior desse reconhecimento, e até mesmo influência, está em Ilusões Perdidas (lançado entre 1836 e 1843), principal obra da monumental A Comédia Humana, que reunia todos os trabalhos da sua vida. A semelhança temática entre este livro e O Vermelho e o Negro salta aos olhos: ambos tratam de um jovem provinciano que tenta a vida em Paris, corrompendo-se em vários aspectos em nome do poder e status social. Mas, analisando-se outros tópicos, a semelhança não é tão destacável: a formação e influência familiar dos protagonistas são bem diferentes; a obra de Balzac é mais abrangente ao iluminar a hipocrisia da alta sociedade enquanto que Stendhal direciona sua narrativa para um círculo menor de relações, sempre tendo Julien Sorel como elemento central; as ambições destes mesmos protagonistas são bem diferentes; O Vermelho e o Negro traça elementos de maior inocência frente à crueldade do mundo real de Paris, enquanto que Ilusões Perdidas direciona essa mesma ingenuidade ao mundo midiático (notícias compradas em jornais, trocas de favores, etc.), entre outros pontos divergentes.

Talvez o principal aspecto que diferencia uma obra da outra está na finalidade com que cada um foi construído: Ilusões Perdidas é apenas uma parte de algo muito maior, a já citada A Comédia Humana. Não é uma narrativa que se resolve totalmente em si mesma, pois seu desfecho se mescla às outras obras da "enciclopédia social" de Balzac. Já O Vermelho e o Negro é mais "redondo" nesse ponto, oferecendo um desfecho que se torna previsível a partir de dois acontecimentos totalmente inesperados que ocorrem na última centena de páginas. O fim, que acaba se desenhando como esperado, é repleto de niilismo, crises psicológicas, amores doentios, etc. É uma mescla de cruezas realistas frente a um contexto que estava longe de ser o ideal.

A origem do título é fonte de controvérsias, mas a versão mais aceita trata da principal característica do livro: um jovem que busca ora ser um clérigo (manto negro) ou um soldado do exército (que vestia vermelho). E, ao buscar ser uma das duas coisas, Julien Sorel não consegue se encontrar tão facilmente nessa realidade, marcada pela hipocrisia e pelo status social. Mas a habilidade de Stendhal ao narrar as decadências morais que este meio materialista causa, o tornou, apesar da obscuridade, um dos grandes escritores do seu tempo.
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