O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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Leituras do Sam 18/07/2017

É um clássico no melhor sentido da palavra, mas além de disso, é um belíssimo livro clássico.
Com uma escrita singular Stendhal nos transporta não só para a sociedade francesa do século XIX, mas também para a mente do jovem camponês Julien Sorel.
Sorel é pobre, mas ambicioso e sonha em se tornar soldado do exército, pois acredita que é a única forma de ascender socialmente (vermelho), mas os caminhos que acaba traçando o levam a viver como um jovem seminarista (negro) e assim a religião torna-se a sua escada para a alta sociedade francesa.
Astuto, dissimulado, inteligente e frio, porém não menos encantador, delicado e capaz de despertar paixões, o lindo jovem conquista o apoio de muitas figuras importantes.
Usando de todos os artifícios para conquistar o amor de mulheres da aristocracia francesa, Julien termina por assinar o seu fim, já esperado pelos leitores, mas que o autor narra com tamanha veracidade e emoção que só nos resta ao fim da leitura aplaudir e agradecer por ao longo de mais de 500 páginas termos acompanhado o desprezo, o nojo e a desfassatez com que Julien luta para sair de uma classe social subalternizada e adentrar na hipocrisia da alta sociedade.
Em todo o tempo Stendhal crítica a sociedade, a religião, políticos e o exército da época, o que torna o livro tão delicioso de ler.


@leiturasdosamm
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Dianderson 31/07/2017

Ótimo Livro
O vermelho e o Negro é um grande clássico na história da literatura mundial, escrito por Stendhal, um dos vários (+ de 200) pseudônimos do escritor francês Henry-Marie Beyle (1783), que conviveu durante o período da Revolução Francesa e da ascensão de Napoleão Bonaparte. Tendo grandes circunstâncias durante sua vivência, Stendhal por não conseguir entrar na área do seu interesse que era Matemática (por causa de uma doença que teve no dia do exame de admissão), recorre a leitura e em 1830 o autor publica O Vermelho e o negro que irá estar contextualizado com esses acontecimentos.
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O livro irá falar sobre a vida de Julien Sorel, que é filho de um simples carpinteiro e não se contenta por ter nascido pobre. O seu desejo é tornar-se rico, e, naquela época em que Napoleão pelo qual tem admiração profunda é passado, a única opção é entrar para o seminário, já que a igreja é quem está no auge. A partir dai, começa a trajetória de um personagem tão controverso que terá suas paixões, ambições, emoções, etc. Alguns irão gostar dele e outros irão odiar, pois as vezes suas escolhas serão tão estúpidas, que ficamos com vontade de "matar" o personagem, rsrs.
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Stendhal expressa todos os sentimentos do ser humano nos personagens dos seus livros, utilizando esses sentimentos e pensamentos mais do que as descrições dos cenários. Segundo Nietszche, Stendhal foi o maior de todos os psicólogos franceses, justamente por explorar essa descrição das emoções nos personagens. A sua narrativa é voltada para isso. Recomendo a leitura não só de o vermelho e o negro, mas também das outras obras do autor, como A cartuxa de Parma.
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Juliano Braga 03/08/2017

O Vermelho e o Negro
Julien Braga, ops... Julien Sorel, meu amigo, sentirei sua falta...

Leitura concluída!

Gostei bastante do livro. Embora os temas a ele costumeiramente associados orbitem entre a ambição humana e a colisão de valores na estratificada França do Século IXX - temas que efetivamente perpassam toda a obra -, o que mais me interessou foi a narrativa voltada para a psicologia dos personagens, sem apelo ao factual e a definições pré-estabelecidas pelo narrador. O mundo exterior é sempre traduzido pela experiência pessoal dos agentes.

Tudo na obra é exposto à luz da visão subjetiva de cada personagem. Uma cadeira não é um objeto onde se senta; é, sob esse enfoque, uma oportunidade de descanso para um, um meio de ornamentação para outro, etc. Na linha do que propõe a teoria da memória de Münsterberg, descrita em outro livro que li há pouco (Subliminar, de Leonard Mlodinow), nossa apreensão mental dos fatos não seguiria uma reprodução objetiva dos acontecimentos, como se a memória funcionasse como um arquivo de imagens (fotos ou vídeos). Há, sempre, algo de "criativo" nas lembranças, por influência de nossa experiência pessoal em relação aos fatos e sensações memorizados (não por acaso, costumo mencionar essa teoria ao falar, em sala de aula, sobre prova testemunhal; afinal, o acesso à memória humana é da essência desse tipo de prova).

A obra de Sthendal dialoga perfeitamente com essa perspectiva: para seus personagens, as coisas e relacionamentos não são o que são, mas sim o que a eles parece. Uma citação que abre um dos capítulos do livro sintetiza essa ideia: "Pois tudo o que relato, eu vi; e, se pude enganar-me ao ver, certamente não o estou enganando ao lhe contar."
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Tico 15/08/2017

Ruim
Embora com certo valor histórico, não podemos nos apegar aos clássicos intitulando-os como bons somente por serem clássicos. É um livro que certamente merece seu lugar na história, assim como deve ser lido. Porém, não é um bom livro. O romance não convence, e o protagonista não se faz admirar por ser herói, ou odiar por ser vilão, ao invés se perde em devaneios e ataques de inveja ou sensibilidades extremas.
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rdszimiani 21/08/2017

Depois de dois exaustivos volumes de Guerra e Paz, e antes de voltar todas as atenções a meu TCC, deixei o acaso apontar a última distração. Ainda nas páginas finais de Tolstói, aquele livro em minha estante, em cuja capa aparecia um Napoleão cheio de indiferença, já despontava, inevitavelmente, como próxima leitura. Fosse o culto russo à França que tivesse me levado à escolha, fosse meu próprio carinho pelos autores franceses, seja lá qual tenha sido o motivo, fui surpreendido logo nas primeiras páginas. Esperava algo antiquado e monótono. Encontrei frescor e uma leitura extremamente agradável.

O tal "romance psicológico" de Stendhal é algo atemporal. Nem foi necessário traçar paralelos com as hipocrisias de nosso cotidiano, eles surgiam por si, como tapas. O que era para ser uma leitura de férias terminou com um mês de atraso. Nada mais justo: como todas as leituras marcantes, transformadoras e inesquecíveis, essa merecia ser degustada devagar.

Dizer que houve identificação com os personagens seria pouco. Eles exerceram mesmo foi o fascínio.
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natmic 03/09/2017

O Vermelho e o Negro
Julien não é nem herói nem vilão. Se sente inferior aos demais e sempre procura ascender socialmente. Suas atitudes me pareceram equivocadas, devido à necessidade de se igualar as castas superiores... incrível como um personagem parece ser real, afinal, ninguém é inteiramente bom, inteiramente ruim, inteiramente certo ou errado!
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JJ 24/11/2017

O Vermelho e o Negro é uma das maiores obras para materializar o conceito de "livro clássico". Dividido em duas partes, é marcado pela densidade da história, com foco quase exclusivo nos fatos que compõem a vida de Julien, protagonista da trama. A trama se passa no período pós-Napoleônico, em que os resquícios da luta entre nobres e burgueses são de fácil identificação. No limbo da falta de oportunidades, Julien se mostra desde cedo um autodidata dividindo o amor ideológico entre o militarismo e o cristianismo. Conhecimento prévio em História pode tornar a leitura de O Vermelho e o Negro mais prazerosa, mas não é uma condição sine qua non, uma vez que a pungância das aventuras narradas pelo autor francês é o suficiente para que o clássico seja apreciado.

Por óbvio, não explora a psique dos personagens mais constantes e até mesmo alguns temas que poderiam ser mais desenvolvidos são apresentadas com pouca profundidade - para não dizer com superficialidade. Alguns exemplos na primeira metade podem ser creditados aos déspostas esclarecidos que ganhavam força no interior da França e no coadjuvantismo e vulnerabilidade das mulheres, que precisavam conviver com leis protecionistas às vinganças de seus maridos (ou seriam donos?) em casos como os de adultério. É uma obra bem linear, com foco na aventura romântica. A ambientação do leitor em questões políticas e sociais está ali, mas com a impressão de que Stendhal talvez não tivesse a mínima noção do potencial e natureza documental de seu escrito. As boas intervenções do autor são reduzidas e os monólogos internos dos personagens, mesmo que propositalmente assim, não precisavam ser tão confusos em alguns momentos.

O início do livro 2 acrescenta um tempero político, mas por pouco tempo, apenas para demonstrar que o conflito na França atingiu o interior quase que no mesmo momento em que Julien parte para Paris. Uma camada interessante de O Vermelho e o Negro é tratar dos tentáculos do clero, sempre à procura de poder e dinheiro, se permitindo desenvolver argumentos e ideologias extremamente convenientes. O autor usa o tédio da própria história (cada metade possui um capítulo com este título) para desenvolver o amor de Mathilde de La Mole por Julien. A insistência em abordar desencontros amorosos compromete um pouco o ritmo da trama, mas quando o capitulo XXIII do Livro II retrata a ascensão do ideal republicano, a obra ganha força. O autor encontra o tom na aventura romântica quando passa a tratar o amor como uma guerra, onde por vezes o outro é o inimigo e é preciso muita estratégia para sair vitorioso. As primeiras consequências que o poder estar atrelado ao dinheiro causa também é uma ótica interessante, que transforma a conclusão dramática da obra bastante coerente.

Na página 604 da edição lida um parágrafo genial sobre questões sociais diz: "Não existe um direito natural: essa expressão não passa de uma tolice antiga bem digna do promotor que me acusou naquele dia, e cujo antepassado foi enriquecido por um confisco de Luís XIV. Só há um direito quando há uma lei que proíba de fazer alguma coisa, sob pena de punição. Antes da lei, só eram naturais a força do leão ou a necessidade da criatura que tem fome, que tem frio, numa palavra, a necessidade... Não, as pessoas honradas não passam de velhacos que tiveram a sorte de não serem apanhados em flagrante delito". Um raro momento em que se vê claramente o potencial de Stendhal para delinear grandes discursos e que - talvez - o aprofundamento em sua obra revela material tão precioso quanto este.
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Luiza.Thereza 30/01/2018

O Vermelho e o Negro
Recebi este livro em Julho de dois mil e dezesseis pela TAG - Experiências Literárias. Não queria ter demorado tanto para lê-lo, mas sempre o deixava para depois, especialmente quando tinham os prazos das parcerias para cumprir.

Acabou que ele se tornou o primeiro desafio do ano no quesito resenha.

Julien Sorel é o filho mais moço (e mais odiado) de um carpinteiro rico de uma cidade fictícia da França que recebeu sua educação graças a um cirurgião-mor que se afeiçoara ao rapaz. Tal como seu maior idolo, Napoleão Bonaparte, Julien é ambicioso e possui sonhos de grandeza.

De sua vontade, Julien subiria socialmente seguindo carreira militar, mas, reconhecendo as mudanças que aconteciam na França pós-napoleônica, sua mente voltou-se para outro caminho rumo a aristocracia: a carreira eclesiástica.

(É a partir dessa troca de caminho que se constrói o título do livro. O vermelho da farda do exército substituído pelo negro da batina).

Revestindo suas características naturais como outras que lhe permitam sobreviver na sociedade opressora e preconceituosa que é a França do início do século XIX, Julien mostra toda a sagacidade narrativa que fez de Stendhal um dos maiores nomes da literatura francesa e mundial.

Considerando-se os livros de sua época (O Vermelho e o Negro foi publicado pela primeira vez em 1830), esta obra se destacou por preocupar-se menos com ambientações externas e mais com sentimentos e pensamentos de seus personagens (e não apenas do protagonista, mas de todos os que possuem alguma importância na trama).

Apesar da péssima fama que os clássicos em geral possuem (quase sempre relacionados à linguagem em que são escritos), minha maior dificuldade neste livro foi conseguir entender o contexto histórico em que o personagem se inseria, e dizer que se trata da época pós-napoleônica não foi exatamente de muita ajuda. (Talvez dizer que se trata de uma época em que os monarcas absolutistas (recém reempossados depois do fenômeno Napoleão Bonaparte) entraram, mais uma vez, em conflito com a classe burguesa seja mais esclarecedor.)

É bastante complicado ler um livro desse tipo sem ter acesso a uma fonte melhor de pesquisa para poder entendê-la melhor. Tenho certeza de esta resenha seria muito mais rica do que trago agora.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2018/01/o-vermelho-e-o-negro-stendhal.html
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Guilherme.Barbosa 15/02/2018

Abandonei.
Abandonei!
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Nicke 04/04/2018

Mais de 30 marcações e um aperto no peito; vou sentir sua falta.
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Lucas 02/06/2018

Hipocrisia e materialidade: Os principais ingredientes da degradação moral e psicológica
Henri-Marie Beyle (1783-1842) é um nome obscuro no mundo literário. Não que lhe faltasse talento; apenas não seria apropriado que um francês republicano assinasse obras que contestavam violentamente a Restauração Francesa (1814-1830). Por esse motivo e outros mais turvos, esse errante francês viveu em diversas regiões da Europa, criando ensaios e obras de estilo seco e psicológico que caracterizam a escrita de Stendhal, alcunha que acabou acompanhando-o na eternidade literária.

A grande obra de Stendhal é O Vermelho e o Negro, de 1830, lançada num período de grande turbulência na França: a chamada Revolução de Julho, que pôs fim à monarquia restabelecida com a queda definitiva de Napoleão Bonaparte. A "revolução das barricadas", que tão bem é descrita por Victor Hugo nos últimos volumes de Os Miseráveis (1862), adquire importância no último terço da obra-prima de Stendhal, o que reforça o tom político que ela adquire.

Isso porque, ao se olhar a trajetória de vida do autor e as ideias do protagonista da obra, o carpinteiro Julien Sorel, percebe-se claramente que Stendhal desembocou em seu personagem principal muitos dos ideais nas quais ele defendia, como a República, um eterno senso de condenação à burguesia e a admiração a Napoleão Bonaparte. Este último ideal, inclusive, era considerado um crime grave aos bons costumes da época, já que as tragédias que envolveram o final do império napoleônico (principalmente a desastrosa invasão à Rússia em 1812) eram ainda muito recentes a uma classe superior acostumada às benesses do regime monárquico então restaurado.

Diante de tais particularidades, Stendhal desenvolve a história de Julien Sorel, um pobre filho de carpinteiro, nascido em Verrières, um pequeno distrito da cidade de Besançon, importante centro urbano do leste francês (terra natal do já citado Victor Hugo). Além da já mencionada pobreza, Sorel vivia em uma atmosfera cercada de aspereza e sem nenhum tipo de sensibilidade, que fazia dele, caçula numa família com dois irmãos, um ser inútil. Nestes momentos iniciais, Stendhal destaca com classe o preconceito que homens "letrados" possuíam num meio rural, onde a força bruta e o trabalho incessante eram armas de muito mais valia que a instrução. O garoto, inicialmente com 20 anos, cresce com certa mágoa em função dos seus sofrimentos (até físicos), o que ajuda a explicar o seu caráter futuro.

Julien só encontrava felicidade nos livros e era, em parte, protegido pelo curado que havia na região. Ele desfrutava de um "absurdo" inimaginável para pessoas de sua classe social: tinha aulas particulares com um vigário, que lhe ensinou tudo o que poderia ser repassado sobre temas litúrgicos e bíblicos. Além da Bíblia, Sorel adorava obras históricas de cunho militar, especialmente as que ressaltavam a habilidade de Napoleão no campo de batalha. Sua aplicação e inteligência eram tão grandes que acabaram conduzindo-o ao cargo de preceptor dos filhos do prefeito do distrito, não sem antes uma negociação financeira acirrada entre seu pai e o seu futuro patrão, o senhor de Rênal.

Esta mudança para um meio social mais superior é a marca do primeiro tomo (o livro foi dividido em dois tomos) de O Vermelho e o Negro. Dono de uma inegável inteligência racional, Sorel logo adquire a confiança de todos os frequentadores da residência (inclusive da esposa do prefeito, a senhora de Rênal), que constrói outro traço marcante do seu caráter no futuro: a arrogância, que alimenta ódio a pessoas "estúpidas", mas de classe superior. Esta compreensão, no presente, o faz ser menos retraído, o que lhe causa imensas perturbações. Alguns acontecimentos fortuitos acabam conduzindo o humilde provinciano a Paris, algo inimaginável para alguém na sua condição e que inicia a segunda parte da narrativa.

Lá ele se torna uma espécie de secretário do Marquês de La Mole, um legitimista ligado à monarquia e que, portanto, representa o seu diâmetro oposto em ideais políticos. Rico, frequenta e é anfitrião de vários eventos sociais da corte francesa, assim como a esposa e os dois filhos: o esnobe Norbert e a bela Mathilde. Como no primeiro tomo, Julien é acometido de perturbações da mesma natureza, relacionadas a sua presunção e inteligência superior, que o faz ser de extrema confiança do senhor de La Mole.

O fato de trabalhar e conviver com pessoas nas quais Julien tem mais ira é insumo para inúmeros exames de consciência. Neste segundo tomo, há vários diálogos, mas a maioria deles ocorre apenas na mente dos personagens. São reflexões, os prós e contras de determinadas atitudes, julgamentos, preconceitos exacerbados, entre outros, que caracterizam O Vermelho e o Negro como uma das primeiras obras realistas da história da literatura, mantendo a veia romântica da época, mesmo que deixando-a num segundo plano. O foco da narrativa é psicológico: tem-se em Stendhal um autor muito mais preocupado em descrever todos os campos da consciência dos principais personagens em detrimento de aspectos mais objetivos, como as aparências físicas de locais, roupas e de pessoas. E estes autoexames de consciência ocorrem sobre os mais diversos temas: o casamento, a hipocrisia das relações entre jovens, a importância primordial da classe social ante a todas as outras características de caráter, o amor, ora louco, ora cego, ora possessivo, ora repulsivo, etc.

A publicação da obra não trouxe grande estardalhaço no cenário da literatura francesa da época. Strendhal, antes mesmo de falecer vítima do que hoje se chama AVC, previa que suas obras só seriam reconhecidas após a sua morte, o que de fato ocorreu. Mas há indícios de que um dos maiores escritores franceses de todos os tempos, Honoré de Balzac (1799-1850), tenha tecido elogios aos trabalhos do seu conterrâneo obscuro. Prova maior desse reconhecimento, e até mesmo influência, está em Ilusões Perdidas (lançado entre 1836 e 1843), principal obra da monumental A Comédia Humana, que reunia todos os trabalhos da sua vida. A semelhança temática entre este livro e O Vermelho e o Negro salta aos olhos: ambos tratam de um jovem provinciano que tenta a vida em Paris, corrompendo-se em vários aspectos em nome do poder e status social. Mas, analisando-se outros tópicos, a semelhança não é tão destacável: a formação e influência familiar dos protagonistas são bem diferentes; a obra de Balzac é mais abrangente ao iluminar a hipocrisia da alta sociedade enquanto que Stendhal direciona sua narrativa para um círculo menor de relações, sempre tendo Julien Sorel como elemento central; as ambições destes mesmos protagonistas são bem diferentes; O Vermelho e o Negro traça elementos de maior inocência frente à crueldade do mundo real de Paris, enquanto que Ilusões Perdidas direciona essa mesma ingenuidade ao mundo midiático (notícias compradas em jornais, trocas de favores, etc.), entre outros pontos divergentes.

Talvez o principal aspecto que diferencia uma obra da outra está na finalidade com que cada um foi construído: Ilusões Perdidas é apenas uma parte de algo muito maior, a já citada A Comédia Humana. Não é uma narrativa que se resolve totalmente em si mesma, pois seu desfecho se mescla às outras obras da "enciclopédia social" de Balzac. Já O Vermelho e o Negro é mais "redondo" nesse ponto, oferecendo um desfecho que se torna previsível a partir de dois acontecimentos totalmente inesperados que ocorrem na última centena de páginas. O fim, que acaba se desenhando como esperado, é repleto de niilismo, crises psicológicas, amores doentios, etc. É uma mescla de cruezas realistas frente a um contexto que estava longe de ser o ideal.

A origem do título é fonte de controvérsias, mas a versão mais aceita trata da principal característica do livro: um jovem que busca ora ser um clérigo (manto negro) ou um soldado do exército (que vestia vermelho). E, ao buscar ser uma das duas coisas, Julien Sorel não consegue se encontrar tão facilmente nessa realidade, marcada pela hipocrisia e pelo status social. Mas a habilidade de Stendhal ao narrar as decadências morais que este meio materialista causa, o tornou, apesar da obscuridade, um dos grandes escritores do seu tempo.
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Gabri 15/06/2018

Surpreendente
O vermelho e o negro era um livro que eu precisava ler para compreender melhor o período que eu estudo, contudo, o que eu pensei que seria uma tarefa um tanto penosa, se tornou uma leitura que devorei com muito prazer!
A narrativa de Stendhal é repleta de sutilezas e desenvolve todo o jogo de máscaras dos salões do período.
Em poucas palavras: foi uma grata surpresa!
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Bê. 20/06/2018

Uaaaaau!
Que universo!
O leitor é convidado a submergir na história e no psicológico de um personagem super sedutor, ainda que ambicioso, vaidoso e orgulhoso!
Toda construção do seu proceder é destrinchada, cada pensamento, cada ato - o que, na maior parte da história, é extremamente cativante mas que, na segunda parte do livro, há um momento em que isso se torna pouco fluido, enfadonho...
A onisciência do narrador que torna o livro, no todo, tão especial, se tornou maçante a ponto de ter quase me feito abandonar a leitura!
Mas fiquei muito feliz por ter persistido! Já na metade em diante da segunda parte, a história recupera o seu dinamismo e o leitor volta a se sentir completamente rendido ao livro!
Adorei! Único!!! Super fez jus ao título de "Clássico"!
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