JanaAna90 20/12/2021
Esse balançou minhas estruturas
Quando conheci o livro o que mais chamou minha atenção foi quanto aos elogios que li, porque ficava pensando como ler um livro que já se sabe o que vai acontecer (até então temos o assassinato e a sentença dos culpados), realmente não entendia.
Ler esse livro me fez mergulhar em tantas questões da nossa sociedade e de mim mesma. A cada página conhecemos todo o desenrolar dessa história desde quem eram as vítimas, seus momentos que antecederam ao crime. A descrição do crime, nossa, aqui tive que ler aos poucos porque me doía muito, me angustiava, sabia que era um livro de personagens reais numa história real. Conhecemos também os assassinos, suas histórias, e aqui o escritor faz uma descrição longa da infância, juventude até chegar no momento da concretização do crime.
A escrita do livro é muito boa e envolvente, daí entendi que, apesar de já saber do que se trata, a forma como o escritor escreveu o livro fez toda a diferença, realmente nos coloca a pensar sobre os temas pena de morte, condenação, justiça, crimes e sobre nossas atitudes diante do que entendemos como justiça. Não recomendo o livro para pessoas sensíveis e susceptíveis a leitura assim, realmente mexe com o psicológico.
Um ponto que me faz pensar sobre leis e justiça é que (aqui falo para quem se diz cristão) apesar de dizermos que as leis são importantes e que devemos obedecer, o que vemos é uma sociedade ainda bárbara que ver na justiça com as próprias mãos boa coisa, que deseja a morte do criminoso que sente prazer e felicidade com a pena capital. E que, mesmo que o indivíduo receba a pena máxima, ele deverá sofrer todo o ódio e todas as formas de humilhação possíveis, afinal ele cometeu um crime. Ok, entendo, não estou defendendo criminosos, mas pensemos o que nós (cristãos) temos de diferentes desses tipos de pessoas? O que nos faz realmente, melhores que os criminosos? Ah, porque os nossos assassinatos são aceitos perante a lei, também porque estamos livrando as pessoas boas de gente doente. Mas será que não estamos adoecendo? O que nos separa da barbárie?
É fácil se colocar no lugar das vítimas e de suas famílias, mas pensar nas famílias dos criminosos é difícil, dos criminosos então, nem pensar. Creio que o livro nos trás várias possibilidades do olhar a mesma situação de diversas perspectivas. Volto aqui a pensar, como fazer uso do que Cristo nos legou, perdão aos inimigos, amor ao próximo, transcendendo a lei vigente? E sobre trechos bíblicos, engraçado que o autor também traz na fala dos advogados, sobre perspetivas diferentes, trechos que justificam a pena capital e trechos que colocam em cheque o uso dessa mesma pena. Quem será que está interpretando mal essa leitura?
Paro por aqui com os múltiplos questionamentos que permeia o Meu ser, neste momento pós leitura, deixo aqui a certeza que livros assim vale a pena ser lido, somente, atrevo a dizer, na perspectiva do olhar alargado daquele que reflete, que deseja fazer um mergulho para além da ideia assassino e vítima, acredito que tem muito mais para aproveitar com essa leitura, acima do que é posto na nossa sociedade como verdade.