MarcosQz 07/09/2023
É doce morrer no mar
Os primeiros três capítulos são de uma tristeza que te laça apertado, mais pela beleza de como é contado que pela tristeza em si. É uma apresentação dos personagens principais de Amado, suas formações brutas e sonhos perdidos, seu desejo, amor e ânsia por morrer no mar, para encontrar Janaína, Princesa de Aiocá, Iemanjá.
É a história de Guma e do povo do cais do porto da Cidade da Bahia. A história de Iemanjá e de Rosa Palmeirão, que poderiam muito bem ser a mesma. O capítulo "Iemanjá dos cinco nomes" é a história das duas, de uma beleza e tristeza que se misturam, entrelaçando as histórias. Sendo amante e mãe de Guma. É poético.
Antônio Balduíno, protagonista de Jubiabá, aparece brevemente numa cena de aposta de corrida de saveiros, cena que se passa também em Jubiabá.
Mar Morto tem ótimos momentos, como o aparecimento de Leôncio. A guerra interna de Guma por ter traído seu amigo e sua esposa, as entradas no mar em noite de tempestade para salvar naufragos de outros saveiros e barcos, até mesmo um navio. O preto Rufino, apaixonado por Esmeralda, que tira a própria vida, por não querer fazer mal ao melhor amigo, que o traíra. É a história do desejo e o sonho da professora Dulce, para que o povo acorde da opressão e miséria, o retorno de Chico Tristeza, um negro hérculeo, que rodou um mundo em navios, é a história de amor que não termina.
Mar Morto é um romance de várias histórias, de muitas mortes, de muito amor, de muita tristeza, de uma beleza triste e emocionante que talvez só um homem do mar saiba mesmo contar.