Ana 21/02/2023
Não sei se vocês sabem, mas tenho "quedinha" por zumbis. Quando li a sinopse de Sangue Quente em algum lugar na web, algo mexeu comigo. Eu sinceramente não sabia o que esperar de um zumbi que tem crises existenciais, que fala, pensa e muito menos que possui sentimentos. Num universo pós apocalíptico isso me pareceu simplesmente fora de cogitação. E continuo pensando assim, se querem mesmo saber.
R é um zumbi que vive em um aeroporto abandonado. Não se lembra de absolutamente nada da sua fase como Vivo: não tem ideia de como seja o seu nome, de nenhum momento importante da sua existência. A única coisa que sabe é que um dia acordou e estava morto. R não é um zumbi comum. Além de ter pensamentos, ele consegue proferir algumas palavras e também pode sentir.
Como todo morto-vivo, R também precisa se alimentar, como todos nós já sabemos, de carne humana. É em uma dessas caçadas que nosso zumbi protagonista conhece Julie. Acontece que, logo após comer o cérebro de Perry - o namorado de Julie, por assim dizer -, R começa a visualizar as lembranças guardadas no íntimo do garoto e assim, começa a nutrir uma paixão pela menina. Com o intuito de protegê-la da horda de zumbis que assolam todos os lugares, ele a leva para o seu esconderijo no aeroporto.
A história gira em torno disso: a fascinação de R pela mocinha. Inclusive, R guarda alguns pedaços do cérebro de Perry só pelo prazer de saborear suas lembranças relacionadas à Julie. R também tem um melhor amigo, M, que o ajuda nessa missão.
Eu juro que tentei levar essa leitura a sério, pessoal, mas eu não consegui. No meu mundo - e acho que no mundo da maioria das pessoas, para ser sincera -, zumbis não pensam. Muito menos falam, pelo amor de Deus. Desculpem-me o palavreado, mas simplesmente não me desce uma história assim.
Para piorar só um pouquinho, o livro é narrado em primeira pessoa pelo próprio zumbi. É isso mesmo o que vocês leram. Além de ser um zumbi totalmente diferente dos que nós conhecemos, R ainda pode narrar uma história. Não me critiquem por escrever isso aqui, mas ainda não estou conseguindo demonstrar toda a minha frustração para com esse livro.
Apesar de tudo isso, consegui encontrar um ponto positivo na obra de Marion: as referências musicais. Frank Sinatra e meus amados Besouros de Liverpool aparecem em vários momentos da história e confesso que foi daí que tirei forças para finalizar a leitura. Também gostei bastante da diagramação. No início de cada capítulo há um pequeno desenho de alguma parte do corpo humano, achei super condizente com a premissa do livro e bem original.
Por falar em original, não posso negar que a ideia de Issac Marion é totalmente incomum. Em um mundo pós-apocalíptico a última coisa que eu iria pensar seria num romance... Muito menos entre uma humana e um zumbi. Essa originalidade, junto com a referência musical, foi a única coisa que me impediu de dar apenas uma estrelinha para livro.
Inclusive, o livro ganhou uma adaptação: Meu Namorado é Um Zumbi. Se, depois de todo esse meu falatório, vocês ainda estiverem curiosos, podem conferir o trailer clicando aqui. Mas olha, não sei não, eim!?
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