Makan 14/02/2015
Uma leitura suave
O detetive Harry Hole, brilhante na sua função de investigador, porém com problemas familiares e em volta com seu alcoolismo, se depara com um sequência de assassinatos, ocorridos em Oslo durante um fustigante verão, que em razão do modos operandi e pistas deixadas nos locais do crime, um dedo da mão cortado e um diamante vermelho em forma de estrela, levam a crer que sejam trabalho de um serial killer. O policial deve enfrentar, além do criminoso, a eminência de sua dispensa pela força policial e ainda provar as suspeitas que levantou sobre o investigador Tom Waaler, seu colega e mais proeminente policial de seu departamento.
O autor é extremamente descritivo, como exemplo, logo no início do livro, aparece uma descrição dos caminhos percorridos pela água da chuva em uma infiltração, a qual consome 2 pag e ½, tudo é exposto minuciosamente ou comentado, desde a profissão de um antepassado, até a história de um prédio. Essa característica nos deixa alheios ao crime em si, pois quando a história volta-se aos locais dos assassinatos, os diálogos são dedicados, muitas vezes, a assuntos relacionados aos personagens e não ao fato ocorrido.
A escrita pormenorizada torna o livro uma leitura calma, pela quase inexistência de histórias paralelas, o desenvolvimento é linear, não ocorrendo deduções epifânicas, no entanto, esse estilo nos permite, além de acompanhar a brilhante capacidade investigativa do personagem principal, permite nos envolver com a psique dos personagens quando nos depararmos com seus dilemas e passamos a nos sentir, até mesmo, íntimos de alguns.
Em razão do lado psicológico estar em evidência, em grande parte da narrativa, destaco o subcapítulo “Perfis” onde o psicólogo forense Aune explana todo seu conhecimento relativo a assassinos seriais.
Esse é o 5º livro com o detetive Hole, mesmo a existência de referência a histórias ocorridas nos livros anteriores, a não leitura desses não prejudica o entendimento da “A estrela do Diabo”, e mesmo o estado emocional, atual, de Harry Hole é explicado, em parte, por seus sonhos e, em parte, pelo desenvolvimento da trama.
Existe uma grande quantidade de personagens e alguns, por serem de origem norueguesa, são difíceis de memorizar.
Pelo estilo narrativo, de apresentar conclusões investigativas de forma paulatina, a angústia em relação ao assassino não é desenvolvida, o ritmo suave não gera a fissura pela a leitura do próximo capítulo, contudo também não desperta a vontade de abandonar o livro. A conclusão da investigação não é surpreendente e a tensão mencionada na capa, resume-se as 100 páginas finais, para mim a história poderia ter sido contada com cento e cinquenta páginas a menos.