Taíla 07/10/2020
No fim tudo é sobre a jornada
Mais um livro do Paulo Coelho de vindo de um sebo para a minha coleção. Um romance bem do dolorido, tá aí uma leitura que eu não estava esperando ao ler um livro de Paulo Coelho, que sempre nos leva a viagens para o nosso autoconhecimento. Mas, se formos pensar um pouquinho mais adiante, é sim sobre o nosso interior também.
O relacionamento entre Pilar e o seu amigo de infância, não é uma simples retomada. Acompanhamos os personagens em uma jornada para se conhecer, entender o que sentem e, principalmente, se permitir sentir indo além das barreiras da sociedade e das barreiras que nós mesmos nos impomos.
Ao longo da leitura fui tendo diferentes sentimentos relacionados aos personagens, pois a gente está esperando as paixões avassaladoras, as atitudes apaixonadas e as resoluções rápidas, mas a vida não é assim, não é mesmo?
E foi aí que entendi que sim, Na margem do Rio Piedra pode ser sobre nós sobre o nosso interior e sobre a nossa jornada em busca do amor e da liberdade. Pilar vê o planejamento da sua vida, que estava completamente dentro da caixinha, sendo totalmente abalado. Isso a assusta logo no início, como seria com a gente mesmo. Nem todo mundo está pronto ou querendo sair da sua zona de conforto, a mudança pode ser algo positivo e muita vezes é, mas a nossa primeira reação é resistir para que nada mude.
Percebi que muitas vezes queremos que a nossa vida mude e que tudo seja diferente, mas não fazemos nenhum movimento real para que essa mudança aconteça. A agonia que muitas vezes senti pela indecisão e resistência da Pilar, muitas vezes podia ser direcionada a mim mesma e rá Paulo Coelho, mais uma vez nos atinge com as suas obras.
Acompanhamos a jornada e as dúvidas da Pilar ao longo da história, toda narrativa corre da sua perspectiva. Os mistérios que ela tenta entender de seu amigo e o quanto ele a levou a conhecer mais sobre a sua própria espiritualidade e a falta de informações sobre ele ao longa da história (vamos descobrindo alguns pontos aos poucos).
E sabe, para mim, no fim das contas a jornada é sobre nos conhecermos mais, encontrarmos os nossos deuses interiores, a nossa paz e a nosso amor próprio. E tudo isso dá muito trabalho, muitas vezes precisamos de alguém para nos guiar, nem sempre tudo está claro e é um processo longo e dolorido, mas que lava a alma.
Foi assim que me senti lendo Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei, esse choro nos alivia, nos consola e nos mostra que podemos ter gente ao nosso lado na nossa jornada, mas o caminho é todo nosso, o crescimento é individual para vivermos plenamente nesse mundão com o nosso coletivo.
No fim, até as histórias de amor escritas por Paulo Coelho são sim sobre a gente, sobre nosso interior e para o nosso crescimento. Não vou dar spoilers do que acontece com esse casal, mas é uma jornada cheia de significados e muito tocante. Recomendadíssimo.
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