Murilo 08/10/2015
A Força é forte em Timothy Zahn
Quando eu comecei a ler Herdeiro do Império estava com as expectativas bem altas, por toda a hype que a trilogia de Thrawn possui, e posso dizer que essas expectativas não só foram cumpridas, como superadas.
A primeira metade do livro fala bastante sobre os personagens, como eles estão agora, o que os motiva, além de apresentar personagens novos e criar vários conflitos. Luke agora é um Mestre Jedi que busca entender melhor os caminhos da força. Han e Leia estão casados, e a princesa acrescentou "Solo" ao seu sobrenome (Ficando Leia Organa Solo), além de estar grávida de gêmeos e estar realizando um pouco de treinamento Jedi. Conhecemos o Grão-Almirante Thrawn, que é um líder extremamente estrategista que assumiu o comando da frota imperial após a queda do Imperador.
Confesso que levei bem mais tempo para ler essa primeira metade do livro, pois ela se baseia muito na construção dos personagens e das intrigas (o que se faz extremamente necessário para o bom desenvolvimento da obra), nos planos de Thrawn para poder acabar com a Nova República - que ele insiste em continuar chamando de Rebelião, apesar de eles estarem controlando bem mais sistemas que o Império -, vemos também o retorno de Luke à Dagobah (o que traz uma enorme nostalgia) para poder conhecer mais sobre a força e suas limitações. Enfim, nessa primeira parte o desenvolvimento da história parece ser meio lento e arrastado, mas não quer dizer que seja ruim, pois constrói toda base da história e nos faz entender bem quais são as motivações dos personagens.
Na segunda parte do livro nós vemos bem mais ação, com mais lutas, Luke sendo feito de prisioneiro, um melhor desenvolvimento de alguns personagens, como Mara Jade e Talon Karrde (líder de um grupo de contrabandistas mercenários), que se mostram extremamente interessantes. Jade tem uma raiva enorme de Luke e deseja matá-lo com todas as suas forças, e o autor esconde os motivos por bastante tempo, descobrimos só perto do final do livro. E Karrde está sempre buscando uma forma fácil e lucrativa de resolver seus problemas.
Thrawn mostra ser um vilão muito interessante, além de ter um visual diferente - pele azul e olhos vermelhos, que quem já conhece o universo expandido sabe que são características da raça Chiss, não citada no livro - pois, assim como eu havia dito na resenha de Star Wars: Provação sobre os vilões colummi, ele também foge do estereótipo de vilão grande e forte, pois sua principal característica é seu conhecimento estratégico e capacidade de antecipar os movimentos do inimigo. Por várias vezes durante a leitura eu fiquei de boca aberta com a forma que o vilão descobre os planos dos personagens para despistá-lo, ou antecipa as manobras de guerra das naves adversárias. Do lado dos vilões conhecemos também Pellaeon, que é praticamente o braço direito de Thrawn, porém não tão esperto como seu superior, e também Joruus C'Baoth (clone do Jedi Jorus C'Baoth), que acaba não ganhando muito destaque nesse livro, mas parece que terá grande importância nos outros livros da trilogia.
A trilogia de Thrawn é considerada pelos fãs como a continuação oficial dos filmes, e com o devido merecimento, pois Timothy Zahn criou uma obra maravilhosa e que realmente nos passa a sensação de estar no mesmo universo das telinhas. Depois que a Disney resolveu fazer um reboot do universo expandido a obra acabou saindo da cronologia oficial, e a empresa há um tempo anunciou que não iria utilizá-la para o novo filme (que chega aos cinemas em Dezembro). Isto é uma pena, pois a Disney terá que fazer algo extremamente difícil, que é superar a trilogia de Zahn, para poder agradar de verdade os fãs mais fervorosos. Zahn provou que a força é tão forte nele, que mesmo após 24 anos do lançamento oficial da obra (foi lançada em 1991 nos EUA) ela continua bem viva no coração dos fãs.
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