Cris Lasaitis 28/12/2010
http://cristinalasaitis.wordpress.com/2009/04/29/leituras-abril2009/
A Idade da Fábula virou O Livro (Edi)Ouro da Mitologia provavelmente porque é uma referência clássica, foi escrito no século XIX. É uma compilação de mitos organizados pelo critério (caótico) de Thomas Bulfinch, que tem o mérito de abranger a quase totalidade da mitologia greco-romana, as narrativas clássicas (de Homero e Virgílio - muito bem contadas, aliás!); e ainda uma paçoca de mitos hindus, egípcios, persas, nórdicos e celtas. De resto, prometo que não vou bater muito porque Thomas Bulfinch não está aqui para se defender.
O livro é bom? Eu diria que é completo, rico em informação, é um livro que eu certamente daria para uma criança ou um adolescente conhecer mitologia. Mas para alguém que está pesquisando com um interesse que vai além da mera curiosidade e se preocupa com a acurácia, não é uma boa fonte de pesquisa. O texto de Bulfinch não é aquela coisa (ou a tradução que é ruim, ou os dois), os mitos estão encobertos por um véu de puritanismo vitoriano (sinto dizer, a pornochanchada mítica ficou de fora), e a todo o momento ele faz referência a textos poéticos (absolutamente redundantes) de escritores da língua inglesa, como se estivesse se escondendo atrás deles pra se proteger: ”olha, não fui eu que disse, foi Lord Byron!”
O critério de agrupamento de informações é curiosamente nebuloso, juntando no mesmo capítulo temas tão próximos quanto Pitágoras, oráculos e mitologia egípcia, ou Zoroastro, mitologia hindu, Buda e o Dalai Lama(??!!). Realmente, pros americanos do século XIX devia ser tudo farinha do mesmo saco (ora bolas, Buenos Aires ainda é a capital do Brasil!). Apesar de seguir a nomenclatura romana, em alguns momentos os nomes deslizam pros lados da Grécia, Minerva ora é chamada Palas, Febo é mais chamado de Apolo… Não existe nenhuma divisão entre o que é mito, o que é história e o que é literatura; todas as informações são lançadas no texto e misturadas como se fossem uma coisa só. A biografia de Safo (não sei porque, mas como critério de confiabilidade a biografia de Safo sempre é o tendão de Aquiles) saiu-se uma pérola: uma grande poetisa da antiguidade que se apaixonou por um jovem e se atirou de um penhasco - que romântico! Franboesa de ouro também para o tradutor e o time de revisores que deixaram todas as referências a Shelley (MARY Shelley) no masculino.
Mas olha pelo lado bom: é cheio de figuras!