Mac 28/07/2014
Ao Cair da Noite
Quando o assunto é Stephen King, tento ser imparcial pois todos sabem que sou fã declarada dele. Levei algum tempo para finalizar esta coletânea de contos, entre um livro e outro porque para mim ele servia como um relaxante mental.
E durante este processo, pude aproveitar com tranquilidade a leitura que é, no mínimo, intrigante. Como disse, esta é uma coletânea de contos que contém 13 histórias que prendem a atenção do leitor até a última linha de cada uma delas.
Como é de costume, King estabelece uma introdução e um prólogo bem interessantes sobre esta obra - intitulado "Notas ao Cair da Noite" - em que o leitor pode conferir as inspirações do autor para escrever cada conto. Além de uma pequena surpresinha nas últimas páginas, que vocês só saberão caso leiam o livro.
Mas vamos ao que interessa... a minha impressão em relação aos contos:
Inicio com "Willa". Esta história contém uma simplicidade romântica que chega a ser comovente. Conta o drama de David que vai encontrar com sua noiva numa estação ferroviária. No entanto, o trem no qual viajava descarrilhou. Todos os passageiros estão na estação, aguardando o próximo trem... menos Willa. Então, David segue à cidade em busca de sua noiva. Ele a encontra e, juntamente de Willa, surge uma verdade que David não estava pronto para encarar. Bem, este não é o melhor conto. No entanto, também não é o pior. Apesar de sua simplicidade - pois destoa daquilo que estamos acostumados a ler de S. King -, o conto é bem interessante...
E se o leitor não ficar satisfeito com esta história, pode passar à próxima..."A Corredora". Aqui, o autor dá vida à Emily, uma mulher que passou por duas perdas na vida: a morte de sua única filha, ainda recém-nascida e, consequentemente, o término de seu casamento. Para se livrar da angústia que a consome, Emily vê na corrida uma válvula de escape e também uma forma de não surtar. Ela só não contava que esta prática seria imprescindível à sua sobrevivência ao se mudar para outra cidade e conhecer seu mais novo vizinho e suas sobrinhas. Particularmente, gostei muito deste conto, principalmente do desfecho.
E numa linha de supense / terror, a ciranda de contos segue para "O Sonho de Harvey". Sabe aquele momento em que você acorda de um pesadelo terrível, quase não lembra dos detalhes, mas fica com aquela sensação de que ainda está dormindo, estando acordado? Pior! Sabe quando você conta o sonho que teve a alguém e você escuta a seguinte frase: "Se você contar seus sonhos eles nunca se tornam realidade"?! #Sóquenão. Particularmente, achei tudo muito previsível neste conto, principalmente, a personagem principal: Janet.
E a sensação de "eu já sabia" continua em "Posto de Parada". Aqui o leitor fica se perguntando o tempo inteiro "E se fosse comigo... o que faria?!". No entanto, este conto é bem contraditório e dificilmente agradará aos leitores mais assíduos de SK.
A expressão "Dorgas Manolo" (maluco) descreve muito bem o conto "A Bicicleta Ergométrica". Este aborda questões sobre a neura que pode se tornar a vida das pessoas quando elas interpretam de forma exacerbada o lema "Geração Saúde". Mas tenho que ressaltar que o conto é demasiadamente cansativo e maçante por ser longo demais...
Em "As Coisas que Eles Deixaram para Trás" relata a vida de um sobrevivente, pós-11 de setembro. Staley, o protagonista, acredita que tinha tido muita sorte em ter sobrevivido a esta tragédia, até alguns fatos começarem a acontecer. E estes fatos fazem Staley se questionar sobre alguns ocorridos, principalmente, quando objetos de seus amigos de trabalho - mortos na tragédia - começam a aparecer em seu apartamento. Sua busca por explicações e a ânsia de se livrar das lembranças que passam a assombrá-lo movimenta este conto até o fim.
"Tarde de Formatura" não acrescentou em nada a esta coletânea. Ele é fraco e possui personagens desconexos. Ainda bem que ele é bem curtinho...
Ao contrário de "N" que é, sem dúvida alguma, o melhor conto da coletânea e também o maior. Nele, o leitor acompanha a história de N, um paciente psiquiátrico que sofre de TOC. No entanto, o TOC aqui abordado tem mais ligação ao mundo espiritual (sobrenatural). É, de longe, o conto mais psicologicamente introspectivo. E, quanto mais lemos, mais queremos saber como esta história vai terminar. O mais interessante é ver que a trama é narrada através dos relatórios dos psiquiatras, como num diário. Vale a pena conferir.
Se o conto anterior nos deixa com aquela sensação de esgotamento mental, em "O Gato dos Infernos" esta sensação dá espaço à descontração. Aqui, King impõe o que ele sabe fazer de melhor: assustar as pessoas! Uma série de assassinatos, um matador de aluguel e um gato horrendo são os ingredientes perfeitos para manter a anteção do leitor até a última linda deste conto. E falando em gato, o destaque nesta história é todo dele. E ver a narrativa da trama pela perspectiva de um animal é bem interessante. Não se iludam! Este gatinho fofo... é do mal!!! E nada ou ninguém consegue detê-lo!!!
Já estão cansados?! Ok, então saiam da frente do computador, bebam água e façam algumas ligações para descontrairem um pouco. Só não prolongem muito porque, talvez, alguém queira falar com vocês. E pode ser algo extremamente importante. E é exatamente neste clima que o conto "The New York Times a preços promocionais imperdíveis" se estabelece. A melhor frase para descrever este conto seria: "O que você faria se você recebesse a ligação de um alguém querido... que acabou de morrer?"
"Ayana" é um conto bem simples que aborda a questão da troca de gentileza entre os seres humanos. Se hoje eu faço o bem, amanhã eu o recebo. Se hoje eu ajudo alguém, amanhã serei ajudada por alguém também...
E por fim, temos "No maior aperto". Parece que Stephen King escreveu este conto com todo carinho do mundo. Somente vocês lendo para entenderem o que quero dizer. Dois vizinhos. Uma briga por um terreno. Alguém é deixado à beira da morte em um banheiro químico - que não está limpo!!!. Este, por sinal, é um conto dedicado aqueles que tem a imaginação muito fértil e o estômago bem forte!!! (rss).
Em suma, para os amantes de Stephen King, "Ao Cair da Noite" é onde tudo é mais intenso. Tudo é mais inesperado. Às vezes nojento, às vezes engraçado. Psicologicamente profundo e intimista, esta coletânea que poderia ser chamada de crepúsculo ou pôr do sol - é o momento em que nada é o que parece ser. O momento perfeito para Stephen King nos encantar com suas histórias. Portanto, #impressionautas, sim, recomendo a leitura.
Bjins e inté! (MAC BATISTA)
site: http://www.apenasimpressoesliterarias.com.br/2013/09/resenha-ao-cair-da-noite-de-stephen-king.html