Gustavo666x 16/03/2024
Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: "Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames." Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem.
Assim, somos introduzidos à nossa viagem ao absurdismo de Albert Camus.
Para Camus, a vida não tem sentido, e a busca de um sentido transcendental é uma tentativa absurda. Mas, se o sentido é criado por nós em nossas cabeças e, quando morrermos, deixará de existir junto conosco, então por que dar tanta importância às coisas?
Esse vazio é vivido na pele por Meursault, que leva uma vida ausente de sentido e perspectivas, não se sentindo afetado em momento algum pelas situações deprimentes ao seu redor, sendo somente um hedonista que só se vê prejudicado ao ser distanciado de seus prazeres carnais, como o sexo e seu vício em cigarros.
O personagem constantemente regido pelo "tanto faz", como se nada tivesse tanto peso assim em sua vida, e ao ser submetido a perguntas sobre alguma situação sensível, não hesita em dar uma resposta fria, sem senso empático ao próximo.
Camus disse que, na sociedade, todo homem que não chora no enterro da mãe pode ser condenado a morte. Meursault não demonstra mais do que ele sente, e por isso, podemos sentir empatia em alguns momentos ou até mesmo nos identificar.
Senti uma semelhança absurda entre Meursault e o personagem Travis do filme "Taxi Driver" de 1976, dirigido por Martin Scorsese. Quando pesquisei, descobri que Paul Schrader, escritor do filme, usou o existencialismo de Camus como inspiração. Muito interessante!
No mais, melhor do que um filósofo criar apenas um conceito, é ter a proeza de conseguir torna-lo também um clássico literário fantástico! Muito bom!