Resenhas - O Estrangeiro

Juliano 10/05/2021

A obra representa o legítimo homem que vive sem buscar experiências: não lê, não estuda, não ama os próximos, não gosta do seu emprego, ou seja, apenas existe, não vive de fato experienciando as fortes emoções da vida. Ao final da obra, entende como a liberdade é essencial para a felicidade.

Flávia Pasqualin 10/03/2020

O INDIFERENTE
Meursault é um personagem que causa certa estranheza e ate mesmo uma pequena repulsa por conta de sua forma apática de lidar com as questões da vida. Após cometer um assassinato ele é condenado, mais pelo fato de não ter chorado no velório da mãe do que pelo crime em si. O estrangeiro é a prova de que um livro curtinho também pode ser profundo e trazer diversos questionamentos. Uma obra existencialista com um belo diálogo filosófico ao final.

Karina Paidosz 06/03/2023

Estamos diante de uma consciência esvaziada, estranha ( ou "estrangeira")

Adorei a reflexão que nos leva essa leitura.
Senti muitíssimo por ti, Meursault.
Penso que sua vida por si só não vinha a ser tão agradável e boa quanto gostaria.

Percebemos que tudo o que nos acontece é o reflexo de nossas vivências.
O que aceitamos e o permitimos nos acometer.

Li esse livro por uma referência de uma leitura anterior. Já fiquei curiosa em ler mais de Camus.

zimmerman1 14/05/2020

A Culpa é do Sol
As relações humanas tão absurdas quanto reais, existem no mundo que já não é mais compreensível pelo homem que não vê em sua própria existência um significado grandioso ou nem perto disso. A religião não o acolhe, o amor não é eterno, do mesmo jeito que a vida não é eterna. As coisas não tem um significado, elas não precisam ter. Aceitamos a natureza da vida em sua própria insignificância. As coisas acontecem por acontecer numa vida em que não somos os próprios mandantes e que mesmo assim o destino não existe. O futuro é apenas uma consequência das insignificâncias triviais. O narrador não vê humanidade em sua própria vida, compreende os fatos e mesmo assim não os entende. Não precisa de respostas, não quer saber, repete sempre o mantra do ´´tanto faz``. Uma vida conduzida pelo acaso, iniciada e terminada pelas tempestuosidades da própria natureza, pela incerteza e pelo calor. Pelo sol radiante na praia.

Ká 29/05/2022

The cure - Killing an arab
Resolvi ler a obra que inspirou a musica killing an arab do the cure e eu adorei esse livro, trás questões sociais muito interessantes de como nossa sociedade sempre irá julgar moralmente o comportamento que temos perante os outros. A escrita dele é densa porém fácil de compreender, em alguns momentos penso que a tradução pecou pelo menos na edição que li.

gabriel 08/06/2021

Excelente e melancólico livro

Achei um livro bastante intrigante, mas muito bom. O protagonista é um "esquisitão" muito parecido com o protagonista de outro livro, o "A Náusea" do Sartre, mas aqui ele parece refletir menos sobre isso e aceitar mais a sua condição. É um livro marcado por um conformismo muito pronunciado, com o qual nos identificamos muito rapidamente.

São passagens muito bem escritas, algumas são bastante poéticas (ainda que erráticas), seria fácil abrir qualquer página deste livro e extrair algumas ótimas citações e frases, mesmo fora de contexto. É um livro cheio de trechos muito bem sacados.

O protagonista (que, acredito, seria "o estrangeiro", ainda que eu não tenha entendido se ele era um francês na Argélia, ou se ele era argelino) é um tipo antissocial, indiferente e absolutamente blasé, o que é mostrado de maneira já imediata na primeira situação do livro (a morte da mãe). Ele parece não ligar muito, o que terá implicações no desenvolvimento do livro. Falar sobre isso seria revelar um importante spoiler, então não cabe aqui.

Mesmo ele sendo um sujeito frio e indiferente, sentimos uma identificação muito forte com ele, o que é um dos trunfos do livro. A maneira como ele narra as coisas é irregular, parece alguém com o pensamento solto, às vezes uma frase não engata na outra, mas isso é proposital e cria um efeito na leitura. Parece alguém meio fora da realidade falando.

É comum o livro focar em sensações, como o calor do sol, as ondas do mar, o contato dele com a namorada, etc, então o livro é sensorialmente uma experiência muito rica. Ao mesmo tempo em que o protagonista é indiferente ao mundo (e aos homens), ele presta muito a atenção em cheiros, cores, o que não deixa de ser um pouco irônico (ou melhor, "ambíguo" acho que seria a palavra).

Adorei o livro, mas é uma experiência um pouco amarga, inclusive li um trecho ontem antes de dormir e acho que isso chegou a perturbar meu sono, o que raramente acontece comigo numa leitura. É, então, um livro muito tenso, é uma leitura fácil e bonita, mas as características do personagem principal e como ele passa a ser tratado tem um ar muito melancólico e um pouco perturbador.

Vale mencionar também como o autor trabalha a questão do sol, da luz e do calor. Estes são quase que personagens a parte no livro, gerando um grande simbolismo e tensão. Em vários momentos o sol forte aparece, ou pontuando os momentos, ou mesmo servindo de motivação. É uma característica que torna a obra ainda mais ambígua e enigmática.

Na verdade, "o estrangeiro" parece se referir mais à condição do personagem (que seria realmente um "estrangeiro" na sua própria existência) do que ao fato de ele ser de algum país, então acredito que tenha mais este sentido mesmo. Chutaria aí talvez alguma crítica à colonização francesa também (os árabes aparecem em vários momentos, ora como vítimas, ora como "ameaças"), mas isso não fica exatamente claro.

Enfim, um ótimo livro, muito difícil de o compreender num primeiro momento, amargo, melancólico, com várias faces e muito bem escrito. Recomendo-o fortemente.

João Bruno 15/07/2020

Que livro incrível, mais do que uma boa escrita e uma excelente narrativa, é na verdade um espelho, onde pude ver meu reflexo, o reflexo da minha existência,onde questionei-me sobre diversas atitudes e ações que tomamos no nosso dia-a-dia, e como muitas vezes podemos nos sentir um estrangeiro, na nossa própria casa, na nossa própria vida.
O último capítulo que me deixou um pouco sonolento, apesar de não ter me decepcionado em nenhum momento, mas a diminuição do ritmo, na minha opinião, destoou do restante do livro.
Mas indico sem dúvida nenhuma, um dos maiores livros que já li.

Maria16577 28/10/2022

Pra mim foi meio que uma versão pocket de O Processo. Mais simples, mas tão eficiente quanto em demonstrar o quanto o Direito acaba sendo, na prática, mais um jogo vazio de discursos, parcamente fundado em uma visão desesperada do que quer que seja o jeito certo de se demonstrar humanidade. Não me engajei tanto quanto gostaria, mas achei muito bom.

lily 30/10/2022

o estrangeiro
é um livro pequeno mas impactante, eu simplesmente amo como o personagem da os detalhes sobre as coisas a sua volta, mínimos detalhes que ele percebe a todo momento e como ele descreve seus sentimentos amorosos por marie de uma maneira mais breve comparado as coisas em que ele observa, é um personagem racional até demais que enfrenta o absurdo cara a cara, estudo filosofia e com certeza é uma obra maravilhosa, muito complementar e essencial pra quem tem interesse no absurdismo de camus ou estuda a corrente filosófica do existencialismo

dmassler 12/09/2022

O personagem principal é Meursault,
um indiferente colono francês na
Argélia descrito como "um cidadão da
França domiciliado no Norte da África,
um homem do Mediterrâneo, mas que
dificilmente compartilha da cultura
mediterrânea tradicional

Semanas depois do funeral da mae dele
mãe, ele mata um árabe na Argel
francesa, que estava envolvido em um
conflito com um dos vizinhos dele
😐😐 vida boa.

Mersault é julgado e condenado à
morte. A história é dividida em duas
partes, apresentando a visão narrativa
em primeira pessoa de Mersault antes e
depois do assassinato respectivamente

envolvente e bem tenso
viun, gosto mto

bom principalmente p quem
identifica com a filosofia do Camus
do absurdo somado ao
existencialismo colérico.
Vale demais!

riso 12/06/2020

Estranho, melancólico e solitário
Com poucas paginas e uma escrita fácil, O Estrangeiro nos apresenta um dos personagens mais apáticos da literatura, Meursault. A historia é narrada pelo próprio. Insensível a violência, a morte, e ao amor, Meursault é um personagem complexo que beira a psicopatia. "Tanto faz" resume o sentimento do personagem pelo mundo bizarro em que vive.

Marcus Fer 11/05/2021

Excelente obra
Um dos melhores livros que já li até hoje, a escrita é fluída... Apesar de conter palavras incomuns atualmente.
De modo geral os personagens secundários não são tão empolgantes, porém cada um é bem explorado durante a história e ambos são importantes no decorrer da história.
Em contra partida o personagem principal Patrice Mersault é um excelente personagem, em alguns momentos se mostra ser uma pessoa fria, egoísta, até mesmo desumana, é praticamente um sociopata.
Os relatos e sentimentos de Mersault são muito ricos e impactantes, o desenvolvimento da história é imprevisível, todos os pequenos detalhes que aparentam ser até mesmo banais, culminam no glorioso final.
Em partes o livro é bem reflexivo, apresentam dúvidas sobre valores, escolhas, destino e o sentido da vida.

Nota 9/10

antuan_reloaded 27/09/2022

[9/10]
"O estrangeiro" é uma narrativa econômica, com períodos curtos e sem muito malabarismo sintático. Logo, a objetividade configura-se como principal mecanismo narrativo, sendo facilmente perceptível assim que se lê as primeiras linhas da obra:

"Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: 'Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames.' Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem."

Contribui para essa objetividade, também, o fato da história ser narrada em primeira pessoa e, majoritariamente, no tempo presente. Uma escolha inteligente responsável por prender a atenção do leitor, fazendo-o partícipe das ações desenvolvidas.

Aos poucos, porém, a ação narrativa toma outro rumo, o da introspecção. Quando se termina de ler o final da primeira parte se fica com a sensação dela ter sido escrita por outra pessoa, pois destoa contundentemente da objetividade inicial:

"O gatilho cedeu, toquei o ventre polido da coronha e foi aí, no barulho ao mesmo tempo seco e ensurdecedor, que tudo começou. Sacudi o suor e o sol"

Ao mesmo tempo, o enredo é simples. Mersault, personagem-narrador, após enterrar a pobre mãe que morava num asilo, mata um árabe que estava envolvido em um conflito com um de seus vizinhos.

Como consequência, é julgado e condenado à morte. A segunda parte do livro, inclusive, é toda tomada por esse momento. Quando na prisão, o personagem cai num solilóquio eterno e regurgita constantemente as ações que o levaram até ali:

"Todo o problema, ainda uma vez, estava em matar o tempo. Acabei por não me entediar mais, a partir do instante em que aprendi a recordar"

"Para mim era sempre o mesmo dia que se desenrolava na minha cela, e era sempre a mesma tarefa, que eu perseguia sem cessar"

É verdade que o começo desta parte pode parecer para alguns leitores um tanto quanto arrastado. Até certo ponto, é compreensível dado o fato de estarmos diante de um julgamento, normalmente lento (tentativa do verossímil?).

Apesar disso, o elemento "será que foi mesmo o acaso?" contribui para o engajamento do leitor na ação narrativa e o final aberto é a cereja do bolo.

Por fim, cabe mencionar: "O estrangeiro" é uma narrativa sensorial e, em alguns momentos, sinestésica. Esse livro de Camus fede a cigarro, suor e maresia.

[Revisado em: 04/02/2023]

ElisaCazorla 04/08/2015

Qual a diferença entre o cachorro e a mulher que são surrados?
Este livro me atormentou um pouco...ou muito, não tenho certeza. Ainda estou digerindo. No início do livro senti uma certa aversão pelo protagonista, depois senti vergonha por ter me sentido assim com relação à ele. Depois fiquei buscando sentir empatia ou criar algum laço e quando não consegui nada disso me atormentei e me perguntei por que não era possível. Ao final, me deparei com um espelho terrível e com um conflito: a vontade de ser como o protagonista e o pavor de ser como ele. Acho que terei que ler esse livro mais vezes para que ele não persiga meus pensamentos.

Uma obra prima que deve ser lida com cuidado.

Lih 31/03/2020

Curto, mas muito interessante. O protagonista é um personagem que, ou vai ser amado ou odiado.
Recomendo.