Raquel Holmes 03/03/2024
Todos são inocentes até que se prove o contrário.
Iniciei a leitura desejosa de, finalmente, poder tomar parte neste eterno debate de: "Capitu traiu Bentinho ou não?"
Vejo pessoas afirmando categoricamente que SIM e outras que NÃO. E eu sempre soube que é impossível afirmar com certeza.
Bom, durante boa parte do livro, Bentinho me convenceu de todas as suas impressões e sentimentos como soando honestas, sinceras, sãs. Quase no fim é que me pareceu que uma máscara caiu, mas já chego lá.
Algumas ocasiões da adolescência me fizeram sentir que Capitu era muito dissimulada, exercendo algum domínio sobre a mente do Bentinho e agindo com frieza dissimulada (desculpem por repetir a palavra) em situações furtivas na presença dos pais. Dissimulada. "Dissimulada" é a palavra que soou em minha mente ao longo de boa parte do livro quando Capitu aparecia.
Agora, como falei anteriormente, em certo momento a máscara do Bentinho caiu. Muito ciumento, metido a gostoso, muito fantasioso e, afinal, igualmente dissimulado. Ele não foi honesto com Capitu, ele desejou ter um envolvimento com Sancha, a esposa do melhor amigo... Acaso não refletiu em Capitu o que se passava dentro de si, acusando-a injustamente?
Poderia Escobar sugerir que a filha dele e o filho de Bentinho se casassem sabendo que o menino era seu próprio filho?
Assim como Capitu é idêntica à esposa daquele cara lá (esqueci o nome dele), sem grau de parentesco, não poderia o Ezequiel coincidentemente ter alguma semelhança com Escobar sem parentesco também?
A ocasião da ida ao teatro sem Capitu e, ao voltar, encontrar o amigo à porta pode ter sido mesmo o que Capitu justificou. No fim, ela realmente tinha as libras em mãos.
Para finalizar, Capitu não está aqui para dar a versão dela e não temos nem um narrador onisciente nem Machado de Assis para trazer à luz fatos concretos.
Sendo assim, não assumo um posicionamento assertivo. No máximo, posso dizer apenas que TODOS SÃO INOCENTES ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO.