Eva 06/09/2021Romance histórico que tem como pano de fundo início do século XVIII, mais precisamente 1717, quando se inicia a construção do Palácio Nacional de Mafra, obra monumental prometida pelo Rei de Portugal, Dom João V a padres franciscanos.
Saramago utiliza o fato histórico e personagens reais, como o Rei, a Rainha, o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e o músico italiano Domênico Scarlatti, junto com personagens fictícios para dar nome e vida as pessoas comuns que não aparecem nos livros de História e que ajudaram a construí-la. Dentre esses personagens está Baltasar Sete-Sóis e sua companheira Blimunda de Jesus (Sete-Luas).
O romance é narrado em terceira pessoa, e como não poderia deixar de ser em um livro de Saramago, o narrador é crítico, irônico não poupando a Igreja e a monarquia de comentários ácidos. E nos conduz pela história pra nos mostrar as crueldades cometidas aos trabalhadores na construção do Convento e que em dado momento são forçados a deixar suas cidades e famílias para serem praticamente escravizados na construção. Muitos deles perderam a vida e não voltaram pra suas casas.
Nessa época também havia a Inquisição que também vai determinar o destino de alguns personagens.
Os personagens mais marcantes sem dúvida são o padre Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda, como não se apegar a eles e não torcer por cada um.
No núcleo desses personagens Saramago põe uma ponta de realismo mágico na história, através de Blimunda e dos sonhos do padre Bartolomeu, o Voador, como ficou conhecido na vida real e que traz para a história sua imaginação para realizar um de seus feitos a construção da Passarola, sim, o romance vai retratar duas construções, uma histórica que custou vidas e muita riqueza vinda das colônias portuguesas, principalmente o ouro e diamantes do Brasil, e a outra movida vontades sendo construida pelo sonho e esperança de seu idealizador e seus fiéis amigos.
Durante a leitura é fácil se perder na narração nada simplória de Saramago. A leitura me exigiu muita atenção em alguns capítulos. Particularmente, os melhores capítulos foram os que estavam envolvidos algum dos três personagens (Baltasar, Blimunda e o padre).