Memorial do Convento

Memorial do Convento José Saramago




Resenhas - Memorial do Convento


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arlete.augusto.1 04/02/2021

O Livro preferido do autor
Temos como pano de fundo personagens reais: Dom João V, rei de Portugal, que mandou construir o Palácio de Mafra, e o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, sacerdote secular, cientista e inventor, nascido na Capitania de São Vicente-BR, e que inventou, entre outros, a Passarola, primeiro projeto de um aeróstato.
Início século XVIII.
Entremeando fatos reais, como a construção do Palácio de Mafra e da Passarola, de personagens reais com fictícios, Saramago cria uma história espetacular e muito crítica à sociedade e à religiosidade da época, sempre com sua ironia refinada e seu modo peculiar de escrita. Durante a história, acompanhamos o casal Baltasar e Blimunda, amor de corpo e alma, puro e sincero, que ajudam o padre a construir a Passarola, preservando-a, após sua fuga de Portugal; e depois mudam-se para Mafra, onde Baltasar trabalhará na construção do Convento. É através deles que o autor tece a teia social dos miseráveis e esquecidos que põem mãos às obras na construção dos sonhos mirabolantes dos poderosos.
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Thales 14/02/2021

O memorial não é só do convento, é de Portugal inteiro
(Contém pequenas revelações do enredo. Não chegam a ser spoilers, mas há quem prefira não saber)

"Memorial do convento" é a odisseia portuguesa por excelência. Pelas bandas de lá o livro é considerado não só a magnum opus do Saramago como um definidor da cultura do país. A Folha de São Paulo o elenca entre os cem maiores romances do século XX. Provavelmente foi o maior responsável pelo nobel que o portuga recebeu nos anos 90, o único até hoje da língua portuguesa, essa língua tão subestimada em termos literários ao redor do globo. Tá ruim?

E como toda boa odisseia, essa aqui tem lá suas questões. Mas vamo por partes.

Os principais protagonistas são Baltasar Sete-Sóis e Blimunda de Jesus, mais tarde batizada Sete-Luas. Ele um zé bunda que perdeu a mão esquerda na guerra e usa ora um gancho ora algo como um estilete no lugar, ela uma mística que em jejum pode ver o que está escondido tanto fisicamente como no íntimo das pessoas. Ambos se conhecem no julgamento que condenou ao exílio por bruxaria a mãe de Blimunda, após a jovem receber um sinal meio etéreo. No mesmo dia ela o acolheu em sua casa, ele foi batizado com o sangue dela - if you know what i mean - e a partir disso nunca mais se separaram.

Quando do encontro, Blimunda estava acompanhada de um amigo da família, padre Bartolomeu Lourenço (figura histórica, realmente existiu), religioso nascido no Brasil fascinado pelo campo das invenções. Dotado de uma certa paranoia para com o Santo Ofício, mantém em segredo a engenhoca de sua vida: a passarola, instrumento em forma de ave gigante que por uma engenhosa e mística engrenagem poderia voar.

Engenhoca que era veladamente patrocinada pelo rei de Portugal, D. João V, que no seu delírio de grandeza enxergava na passarola uma grande oportunidade para conquistar objetivos e entrar pra história. Dotado de uma megalomania e nenhum senso de realidade, ele é enrolado por um bispo quando promete construir um convento gigantesco em Mafra caso, a partir da bênção do religioso, sua mulher consiga engravidar. Como o bispo de bobo não tinha nada, já sabia que a rainha estava grávida de antemão.

E é em torno tanto do convento como da passarola que essas histórias principais se sobrepõem. Temos então uma trama enrolada, que dura um longo período de tempo, cheia de drama, críticas e reviravoltas, além de cenas chocantes.

E o grande x da questão de "Memorial" é que mesmo que a narrativa siga direitinho a linha temporal, ela é contada de forma nadica ordeira. Saramago não só flutua entre os "núcleos" como "pausa" para fazer várias digressões, acompanhar acontecimentos paralelos, causos do folclore português e etc.. Além disso ele exagera na escrita profundamente subjetiva e as vezes poética. Trocando em miúdos: ele não conta a história; ele pincela situações, divaga, vai descrevendo as paisagens e as movimentações, reflete sobre a confusa formação da nação portuguesa, navega pelas contradições de seus personagens... e assim todo esse fio vai sendo puxado. Por isso, ao mesmo tempo em que ele demonstra um domínio exuberante da língua e das técnicas narrativas - e, gente, é coisa de louco a proeza desse homem - ele torna a leitura extremamente arrastada.

Daí ou você é um monge tibetano e consegue manter um foco extremo por um bom tempo ou só realiza que vai entender no máximo 70% da coisa toda e segue a vida. Se não a leitura simplesmente não flui.

Mas afinal, como eu já disse, quando lemos "Memorial do convento" estamos diante de uma odisseia. E odisseia é isso, é desafiadora, é truculenta, é irregular, tem momentos de glória e momentos de desespero. E esse é o mix de sentimenos que a obra desperta em nós. Quando concluímos sua leitura temos aquela bela sensação de "ufa, que desafio, mas superei!". É muito recompensador.

Cenas como a morte do trabalhador no carregamento do pedregulho, a breguíssima e rocambolesca procissão de Corpus Christi ou o primeiro vôo da passarola são daquelas que vão marcar nossa vida pra sempre. É o tipo de lembrança pela qual vale cada dor de cabeça pra concluir o livro, sabe?

E o final... eletrizante, conturbado, de partir o coração. O último capítulo é completamente dilacerante, ele encerra perfeitamente o ciclo iniciado no dia em que o casal se encontrou, mas de uma forma bem saramaguiana. Que mulherão é Blimunda, namoral!

Em suma, "Memorial do Convento" é uma ficção histórica das mais geniais já escritas, e como toda obra desse quilate exige muito, mas muito mesmo, do leitor. Exige paciência, muita atenção, e até um certo nível de domínio da língua e de cultura popular. Acredito que um leitor jovem e/ou inexperiente teria muita dificuldade. Mas obviamente não posso deixar de recomendar, Saramago é daqueles autores de quem temos que ler até os rabiscos em guardanapo.

Para finalizar, acho importante registrar porque não dei cinco estrelas para o livro. Primeiro pelo fato já destacado de ser uma leitura arrastada; eu consigo reconhecer sua qualidade ao mesmo tempo que critico o quão desnecessariamente prolixo e confuso Saramago foi. Segundo que a edição é bem pobre, e isso me decepcionou. Ótima revisão - o mínimo em se tratando de um texto originalmente já em português -, mas não tem uma nota de rodapé, introdução, posfácio, nada. Como que me editam uma obra dessa envergadura, que trata de vários temas complexos, e o treco vem com zero fortuna crítica? Vacilo da Companhia das Letras.
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Isabelle Lopes 16/02/2021

"(...) um homem precisa de fazer a sua provisão de sonhos".
Saramago e suas estórias que tão facilmente se fundem à história.
Protagonistas improváveis e carismáticos nos levam pelo trabalho de pesquisa previamente feito pelo autor.
Deleitamo-nos com o lirismo de certas passagens e mais, ainda, com as ponderações sobre os excessos cometidos pelos poderosos em detrimento do povo, sempre abandonado à própria sorte.
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Thábata 17/02/2021

Absoluta admiração
Acredito que o amor de Blimunda e Baltasar tenha sido o mais terno, delicado e bonito que já tive o prazer de ler nos últimos tempos - senão em todas as minhas leituras. Também delicada e comovente é a amizade e a lealdade dos dois com o padre Bartolomeu, e depois, ainda, com Domenico Escarlate. Impressionante e temível é como o poder de uns poucos homens, ou, antes, de um só, o rei Dom João V, pode mudar para sempre tantos destinos.

Esse livro me emocionou muitíssimo. Não vou dizer que foi uma leiteira fácil para mim, custei um pouco a me habituar às engrenagens da linguagem de Saramago - mas a cada nova linha, ficava mais fascinada com o estilo, e as dificuldades foram em muito superadas pela absoluta admiração.
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Juliana JRS 11/03/2021

Esse livro fez eu me questionar se realmente fui alfabetizada, haha. Pensa numa leitura complicada... várias palavrinhas desconhecidas por mim. Apesar disso (ou por isso) vale a pena a leitura e o desafio.
Interessante ver a história protagonizada por aqueles de quem pouco se fala.
Recomendo para quem já gosta do autor; como primeira experiência com esse estilo de escrita acho que existem outras obras mais fáceis de serem lidas.
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Lisandro 10/05/2021

Bom livro.
Aí está uma excelente lição de humildade ver tão grande rei sem dar acordo de si, de que lhe serve ser senhor de Índia, África e Brasil, não somos nada neste mundo, e quanto temos cá fica — Saramago.
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Nina.Lopes 24/06/2021

Difícil, porém valioso.
Este livro é daqueles desafios, difícil de pegar o ritmo do escritor, apresenta uma escrita atípica dos romances atuais, no qual não respeita os diálogos de forma habitual. O que deixa a leitura menos fluída, e em alguns momentos até confusa.
A história por outro lado é linda.
Mostra um amor puro, não corrompido, com protagonistas de essência humilde e ao mesmo tempo gigantes na espiritualidade, que não quer dizer, corresponder a religião do contexto.
Em contrapartida, aborda a religião e o reinado de um contexto histórico em Portugal, no qual a pureza e a humildade não "demostravam", seus significados como esclarece os dicionários. Isso tudo fica muito claro na descrição da construção de um convento em Mafra, hoje conhecido como Palácio Nacional de Mafra em Portugal.
Essa história trás muitas lições, uma delas é refletir se valeu a pena tantas construções exuberantes no mundo, visto que hoje servem como museus, teatros, pontos turísticos, etc; mas no passado quantas vidas custaram? Quanto sofrimento causou? Quantas lágrimas valeram?
Nunca vamos saber o preço real de uma obra faraônica, por isso hoje é maravilhoso, mas se pudéssemos ver o preço, será que acharíamos tão maravilhoso assim?
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estevesandre 12/08/2021

???
Saramago construiu uma história de amor memorável. Blimunda e Baltasar certamente são uma das maiores criações desse mago da literatura. Impossível não ficar encantado com a saga desse casal.

?não falou Blimunda, não lhe falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se era a casa de ambos? (p. 119)
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Eva 06/09/2021

Romance histórico que tem como pano de fundo início do século XVIII, mais precisamente 1717, quando se inicia a construção do Palácio Nacional de Mafra, obra monumental prometida pelo Rei de Portugal, Dom João V a padres franciscanos.
Saramago utiliza o fato histórico e personagens reais, como o Rei, a Rainha, o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e o músico italiano Domênico Scarlatti, junto com personagens fictícios para dar nome e vida as pessoas comuns que não aparecem nos livros de História e que ajudaram a construí-la. Dentre esses personagens está Baltasar Sete-Sóis e sua companheira Blimunda de Jesus (Sete-Luas).

O romance é narrado em terceira pessoa, e como não poderia deixar de ser em um livro de Saramago, o narrador é crítico, irônico não poupando a Igreja e a monarquia de comentários ácidos. E nos conduz pela história pra nos mostrar as crueldades cometidas aos trabalhadores na construção do Convento e que em dado momento são forçados a deixar suas cidades e famílias para serem praticamente escravizados na construção. Muitos deles perderam a vida e não voltaram pra suas casas.
Nessa época também havia a Inquisição que também vai determinar o destino de alguns personagens.

Os personagens mais marcantes sem dúvida são o padre Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda, como não se apegar a eles e não torcer por cada um.
No núcleo desses personagens Saramago põe uma ponta de realismo mágico na história, através de Blimunda e dos sonhos do padre Bartolomeu, o Voador, como ficou conhecido na vida real e que traz para a história sua imaginação para realizar um de seus feitos a construção da Passarola, sim, o romance vai retratar duas construções, uma histórica que custou vidas e muita riqueza vinda das colônias portuguesas, principalmente o ouro e diamantes do Brasil, e a outra movida vontades sendo construida pelo sonho e esperança de seu idealizador e seus fiéis amigos.

Durante a leitura é fácil se perder na narração nada simplória de Saramago. A leitura me exigiu muita atenção em alguns capítulos. Particularmente, os melhores capítulos foram os que estavam envolvidos algum dos três personagens (Baltasar, Blimunda e o padre).
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Strange 05/10/2021

Terminado
Foi agradável e doloroso, mas valeu a pena pois o fim é maravilhoso.

Foi bom! Leiam e me digam o que acharam!
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Holly 08/10/2021

muito bom
meu segundo Saramago. a história que eu tenho certeza de nunca esquecer, assim como nunca esqueci ensaio sobre a cegueira.
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Anninha 14/10/2021

Incrível mas dms pra mim
Ainda não me sinto madura o suficiente pra ler esse livro, confesso que pensei em diversas vezes em desistir mas assim que aparecia uma cena de Blimunda e Baltazar, meu coração ficava quentinho e me fazia querer voltar.

Metade da leitura foi feita através de audiolivro e a narrativa torna-se incrivelmente poética quando lida em voz alta, recomendo isso para todos que tiverem tendo dificuldade em manter uma leitura constante.

Daqui uns anos, vou tentar ler novamente pq sei que é um livro incrível
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Noemi0 19/10/2021

Sete Sóis e Sete Luas
Longe de ser uma leitura fácil (Saramago não é mesmo pra ser fácil), Memorial do Convento é uma jornada onde acompanhamos a construção de um convento em Mafra. Carregado de crítica aos monumentos que a vaidade humana é capaz de construir a qualquer custo, o autor se cria um ambiente favorável para que possamos prosseguir na leitura, regando a narrativa com a doçura pulsante e crua do amor entre Blimunda e Baltasar.

Esse amor não é convencional, mas é impossível resistir a ele. É o amor que torna suportável os horrores da vida, é o amor que todos queremos e buscamos, o que nos completa, o que nos faz enxergar por dentro, o que move pedras gigantescas, e o que nos carrega pelos ares, o que impulsiona nossas vontades, e o que nos faz arder.
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AleixoItalo 27/10/2021

Quando o rei de Portugal decide construir o Convento de Mafra como pagamento de uma promessa, entra em movimento a roda do progresso, que tritura as vísceras e "vontades" (almas) daqueles menos afortunados, num girar irredutível. 'Memorial do Convento' é um retrato da civilização medieval pelos olhos de Saramago.

Consagrado por um estilo bagunçado de escrita e por uma ironia maestral, o livro é uma sátira tragicômica dos absurdos da idade média.

"Absurdo" inclusive é uma palavra ótima para definir o espírito corrente na civilização da época: promessas feitas para "monarcas" que nunca ficariam em Portugal, construções faraonicas projetadas para um futuro que ninguém estaria vivo para ver, os autos inquisitoriais cujo único espetáculo era o sacrifício dos penitentes, santos nada virtuosos, milagres, maldições, ahhh uma explosão de desatinos racionais!!!

"Absurdo" também cai bem à estratificação social, onde é evidente que Deus escreve certo por linhas tortas mas utiliza-se de uma caligrafia muito mais rebuscada para com os mais abastados. A classe dominante prospera a custo da classe menos provilegiada, que se sacrifica para suprir a existência dos afortunados. Destaque para a passagem, onde centenas de trabalhadores se sacrificam para o transporte de uma pedra gigante, mero artigo de luxo para ser usado no convento.

Absurdos também são os personagens de Saramago, versões divertidas de arquétipos medievais (o padre, o bardo, a bruxa, etc...) e que pouco desempenham para o desenrolar da trama, não é culpa deles, são só espectadores passivos dos eventos já preconizados na caligrafia tendenciosa do criador.

Só lendo Saramago para captar suas nuances, onde cada linha aparentemente ingênua oculta uma crítica contundente contra os absurdos da história. Uma sátira engraçada mas repleta de tristeza, como é a tragédia humana!
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Lucília 07/12/2021

Uma grande obra, considerada pelos portugueses a melhor do autor, com uma linguagem marcante, faz uma crítica colossal às características históricas de Portugal e sua exploração sobre o Brasil colonial. Seus personagens são referenciados em personagens reais. E o casal Blimunda e Baltazar são maravilhosos. Uma obra de fato ímpar, entretanto, para mim, e quem sou eu para dizer isso? Mas digo: um pouco cansativa. Mas isso não tira o brilho de sua existência.
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