Shiiumalu 25/04/2016
O céu REALMENTE está em todo lugar
"Eu não consigo tirar a escuridão do meu caminho"
Bem, vou começar dizendo que esse livro me surpreendeu. Surpreendeu-me porque eu pensei que seria mais um daqueles livros que te fazem chorar e querer se isolar do resto do mundo para sempre depois de ler. Ele realmente te faz chorar, mas não da maneira como eu esperava.
"Por vários dias, a chuva martelou o telhado da nossa casa - uma prova do terrível erro cometido por Deus. Todas as manhãs, quando me levantava, ouvia as incessantes batidas, olhava pela janela para a tristeza lá fora e me sentia aliviada, por pelo menos o sol tivera a decência de ficar bem longe de nós."
Com um formato muito diferente, em que colocam-se poemas no fim/início de alguns capítulos, os quais a personagem tem mania de escrever por aí, o livro conta sobre o luto de Lennie, que não sabe mais o que fazer depois de perder sua melhor amiga e irmã, Bailey. Ela vive com sua avó e seu tio Big, que criam mil e uma teorias malucas a cerca do mundo e na natureza, seja pelas flores do jardim de sua casa, ou das namoradas e das experiências de ressuscitação do tio.
"Anos atrás, estava deitada no jardim da vovó e Big perguntou o que eu estava fazendo. Disse-lhe que olhava para o céu. Ele respondeu - Essa é uma concepção errada, Lennie, o céu está em todo lugar, começa aqui, aos nossos pés."
Mas o que a sinopse não conta é como isso interfere de diversas formas na sua vida, como, por exemplo, a maneira conturbada em que passa a viver em relação ao ex-namorado da irmã, Toby. Em certos momentos do livro, dá vontade de matar a personagem pelas ideias malucas que ela tem, mas, ao mesmo tempo, é possível entender como fica mais fácil entrar na cabeça dela e ver o que está acontecendo.
"[...] sinto que de alguma forma Toby e eu, juntos, atravessamos o tempo e trouxemos Bailey de volta."
Em meio a esse turbilhão de emoções e confusões, surge Joe Fontaine, um novo cara da escola que a substituiu na banda do colégio enquanto ela se encontrava enlutada, que se mostra prontamente interessado nela. O problema piora quando ela não sabe lidar com a tristeza pela morte de uma pessoa tão próxima ao mesmo tempo em que se sente tão bem perto de alguém, chegando a se esquecer do que está passando.
"Tento ignorar a voz insistente dentro de mim: como você ousa Lennie? Como você ousa se sentir tão feliz assim tão rápido?"
Com o desenvolver do livro, você começa a se apegar cada vez mais aos personagens, que vão sendo desvendados aos poucos, fazendo com que, no fim, seja muito difícil se despedir de todos. Mesmo não sendo muito fã do estilo de drama, acabei me apaixonando pela escritora, que nos faz refletir sobre muitas coisas - luto, família, relacionamento, amizade e o amor em geral. - de uma forma bem pouco explícita.
A única ressalva que tenho do livro é a questão da música, que tem uma imersão muito grande pelo lado de Joe, mas sofre um corte abrupto do lado de Lennie, para, no fim, voltar como se nada tivesse acontecido. Queria ter visto isso de uma maneira que envolvesse a personagem e sua introspecção, e não da maneira como é colocada, ela voltando a tocar por causa do amor por um garoto. De qualquer maneira, isso não atrapalha a história e a leitura em si, sendo algo a mais pra te fazer se apaixonar pela nossa "John Lenon".