Pri | @biblio.faga 19/06/2021
Em um emocionante relato autobiográfico, Thays narra desde a súbita perda de sua visão, quando tinha apenas 4 anos de idade, em decorrência das complicações da caxumba, até a superação das incontáveis batalhas em prol dos diretos das pessoas com deficiência visual.
Consistente de suas limitações, a autora sempre buscou formas de tornar-se independente, sendo o acompanhamento por um cão-guia um passo importantíssimo nessa direção. Quem diria que um fofo labrador se revelaria um instrumento vital de acessibilidade e autonomia, e por que não, de cidadania?
A sua batalha pela democratização do acesso digno aos meios de transporte é deveras tocante, embora seja também motivo de vergonha ?alheia? do Poder Público. Afinal, é bastante desconcertante/chocante saber que foi necessário uma longa batalha judicial para garantir o óbvio: o acesso de cães-guia a todo e qualquer local público e privado de uso coletivo, tal como o Metrô.
É doloroso notar que, embora tenham sido alcançadas diversas melhorias no quesito informação e inclusão, ainda é tão difícil de encontrar uma escola adaptada as inúmeras necessidades de aprendizagem, por exemplo.
Além disso, ao abordar como fora o minucioso treinamento de Boris, a escritora chama atenção ao porquê (óbvio) de não podermos mexer ou brincar com os doguinhos fofos que estão trabalhando, como os cães policiais (K-9), farejadores de drogas ou detectores de artefatos explosivos.
A amizade e o companheirismo de Thays e Boris revela uma conexão baseada em confiança e cumplicidade que deixa como legado uma comovente história de afeto para além da vida; tornando-se uma leitura irresistível até para uma gateira como eu.
Ps.: esse é o 20º livro da Coleção Folha Mulheres na Literatura.
site: https://www.instagram.com/biblio.faga/