Lethycia Dias 02/04/2019Vasto mundoAlém de um ou outro verso espalhado por aí, e da famosa pedra no meio do caminho, eu nunca tinha lido Drummond. Nunca tinha pegado um livro dele para ler por inteiro. Talvez essa busca tardia por um dos poetas brasileiros mais celebrados tenha contribuído para a sensação de enigma que esse livro me trouxe.
Quem, afinal, era Drummond? O que pensava? O que diziam suas letras? Essa edição reúne poemas de três diferentes coletâneas, cujos contextos desconheço: "Alguma poesia", "Brejo das almas" e "Sentimento do mundo". E mesmo depois dessas quase 200 páginas que me fizeram refletir, sorrir, gargalhar, me entristecer e questionar, Drummond ainda continua um mistério para mim.
Se em alguns dos poemas apresenta reflexões profundas, carregadas de melancolia, como naquele que dá nome ao livro, no "Poema de Sete Faces" e em vários outros, por vezes também fala com bom-humor do Brasil, das pessoas, dos hábitos, da vida cotidiana nas pequenas cidades de Minas Gerais. O mundo de Drummond é vasto!
Em versos livres, sem rima nem medidas, Drummond expõe uma simplicidade de palavras que não deixa de ser acompanhada por metáforas, comparações, sentimentos maiores do que as letras diriam por si só. Alguns dos poemas são para ler com um sorriso no rosto; outros, para pensar por vários minutos após a leitura. Parecem ser esses sentimentos maiores o tal "sentimento do mundo", a melancolia do poeta quando fica sozinho, o peso suportado sobre os ombros. Uma angústia tão grande para um coração tão pequeno.
Minha leitura tardia, porém, só me trouxe mais anseios, mais vontade de conhecer e entender. Li esse livro de forma rápida, mas experimentando cada poema, porque cada um era um conjunto de significados desconhecidos para mim. E quero ler mais Drummond para tentar desvendar esse vasto mundo.
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