Clube do Farol 02/09/2022
Resenha por Elis Finco @efinco
Olá, pessoa, tudo bem? Desde que comecei um projeto de ler autores da Academia Brasileira de Letras com minhas amigas, redescubro o Brasil literário. Esse que ficou encoberto pelos traumas escolares e que, agora, se revelam uma verdadeira joia escondida bem a vista de todos.
Tenho fascínio pela poesia e não à toa, ela é atribuída pela mitologia a uma dádiva dos deuses, um presente porque, em poucas linhas, poucas palavras dizem tanto e tocam não somente o coração como também a mente, passa uma mensagem nem sempre de sentimento, às vezes de saudade, tristeza, revolta, às vezes decifra a vida.
É o tipo de texto que ao ler te faz para refletir, te toma, te enche e preenche e quando você vê já está também meio poético, meio com sentimentos a flor da pele, mesmo que te falte talento para transformar um sentimento em palavras e aí vem o elevo que é ler, especialmente ler Drummond.
Este que lindamente juntou o “ser mineiro ao ser carioca” e transformou sua arte em poesia e literatura eterna. Comecei pelo primeiro no Rio, porque Sentimento do Mundo, neste momento, te coloca não apenas no Rio, não apenas em Minas, não apenas em um lugar, te coloca em todo canto e, ao mesmo tempo, você continua onde está, te tira a noção de pertencimento e te faz ser, através dos poemas, cidadão do mundo.
Como ficar impassível frente o congresso internacional do medo, como não ler sem sentir, sem notar que o poema é atemporal e parece ter sido escrito ontem, hoje parece ser um chamado de agora que, após tanto tempo, nada mudou, tudo mudou e ainda continua igual.
E, enquanto lia, Drummond definiu como me sentia lendo, em Ode no Cinquentenário do Poeta Brasileiro. Ler poesia é exatamente assim: se encher e se esvaziar do texto. No entanto, não deixo de trazer comigo algo que estava na poesia e também era meu.
No posfácio, Ailton Krenak nos conta como se "encontrou com Drummond", ao começar a ler literatura brasileira após seus 20 anos. E como ele vê não apenas a poesia e o poeta. Como ele lhe serve de "escudo invisível" para as perguntas e acabei por me perguntar como eu o "vejo". Ah, eu o vejo naquele banco da orla, me contando suas poesias e explicando o universo que existe nas entrelinhas e que, acredito, apenas a mão que escreveu pode revelar em sua totalidade.
Na edição consta ainda a Cronologia na época do Lançamento (1937-1943), que nos apresenta não apenas Drummond (CDA), mas também o Brasil, a Literatura Nacional e o mundo há época. Não tem como não dizer ser uma preciosidade que adorna a joia que é esta edição. Um verdadeiro presente aos leitores. Conta ainda com: Bibliografia do autor, Bibliografia Seleta e Índice dos primeiros versos.
site: http://www.clubedofarol.com/2022/08/resenha-sentimento-do-mundo.html