Mariana Dal Chico 13/07/2019?S. Bernardo? de Graciliano Ramos foi lançado pela primeira vez em 1934 e esse ano ganhou nova identidade visual pela Editora Record.
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Do mesmo autor, eu tinha lido Vidas Secas e quando estava procurando textos sobre ?Jude, o obscuro?, me deparei com um de Carpaux (Visão de Graciliano Ramos, ensaios reunidos volI) fazendo uma comparação entre a literatura de Graciliano Ramos e Thomas Hardy, ali ele dizia que Vidas Secas era a obra mais esperançosa do autor, fiquei curiosa para conhecer melhor outros títulos de Graciliano e tirei da estante meu exemplar de S. Bernardo.
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Tive um certo estranhamento no começo da leitura por causa do vocabulário, que traz uma linguagem regionalista, mas rapidamente me adaptei e fiquei completamente envolvida com a leitura.
A escrita do autor é concisa, não há descrições paradisíacas de paisagens, tudo aquilo que não é essencial, foi eliminado. Logo, cada palavra é escolhida de forma cuidadosa e magistral, com o objetivo de atingir o leitor em cheio.
Paulo Honório é o protagonista que nos vai contar sua história e, aos poucos, é possível perceber sua humanidade se esvaindo por entre os dedos. Seu extremo egoísmo é de um homem que sonha conquistar, prisioneiro de um mundo que existe apenas nele e para ele.
Apesar da narrativa ser em primeira pessoa, Paulo Honório é incrivelmente honesto com o leitor e não se esquiva de seus defeitos e crimes.
Em certo momento, achei que o livro tem um tom de Dom Casmurro, mas com um viés um tanto mais real, palpável com linguagem acessível que o de Machado de Assis.
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Gostei MUITO da leitura, mas não me comoveu tanto quanto Vidas Secas, que é meu favorito do autor.
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