Beleza e tristeza

Beleza e tristeza Yasunari Kawabata




Resenhas - Beleza e Tristeza


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31/10/2022

Uma surpresa
Esse foi o meu primeiro contato com a literatura clássica japonesa. O livro conta a história de um caso de amor extraconjugal com consequências que perduram mesmo vinte anos depois da separação dos amantes. Numa noite de ano novo, eles se encontram novamente e essa é a porta de entrada para novos personagens fazem com que suas vidas se entrelacem novamente, mas de maneira diferente.

Na minha primeira impressão do livro, eu não pude enxergar nada de bom ou interessante na obra. Na verdade julguei com muito preconceito enxergando apenas as partes problemáticas. O que é normal, já que além de ter sido meu primeiro contato com o autor, nunca havia lido esse tipo de romance.

Aos poucos, com doses de conhecimentos literários e artísticos sendo inseridas na obra através do presente dos protagonistas, eu pude contemplar o que a descrição e a ambientação tradicional japonesa tinham de belo e o que as marcas do passado de cada um tinham de tristes e melancólicos. E como o amor pode ferir e ser obsessivo ou até mesmo confundido.

Não é novidade o meu fascínio pela Terra do Sol Nascente, mas não sei se escolhi bem a primeira obra clássica para iniciar os meus estudos com clássicos orientais hahaha

É importante saber de duas coisas antes de ler esse livro:
1. Não crie expectativas positivas sobre o desenrolar da trama;
2. Você vai ficar incomodado com a leitura (pelo menos eu fiquei).

O primeiro autor de seu país a ser ganhador do prêmio Nobel no ano de 1968.
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Helder 27/10/2022

Mas um romance tem de ser necessariamente uma coisa bela?
Engraçado como eu gostei deste livro!
Há tempos tenho vontade de ler este autor e esta semana surgiu a chance ao encontrá-lo como livro escolhido de um clube de leitura.
Acho que este livro não funcionaria nos dias atuais, pois precisa de uma ingenuidade nas pessoas que já não existe mais, porém eu li imaginando que estava assistindo um filme Noir da década de 60, quando ele foi escrito e foi uma boa experiência.
Beleza e Tristeza foi o penúltimo título escrito pelo autor e é um drama, mas para mim foi como ler um thriller, pois existe toda uma aura no texto que nos diz: Vai dar merda!.
Em Beleza e Tristeza conhecemos Iko, um homem de 55 anos, escritor, que está vaijando para Kyoto com a desculpa de ouvir os sinos de Natal em mosteiros (Um evento cultural que de acordo com o livro era transmitido nas rádios japonesas em épocas natalinas), mas cujo real motivo é encontrar Otoko, que foi sua amante em uma relação extraconjugal quando ela tinha 16 anos e ele 31.
Oki encontrou uma foto de Otoko no jornal, onde descobriu que ela se tornou uma grande pintora e reside em Kyoto.
O tempo passou, muitas coisas aconteceram, mas ele tem uma certeza de que este encontro será bom.
Machismo? Cultura oriental? Sei lá, mas ele realmente acredita que aquela situação foi algo ok.
Porém, quem vai ao encontro de Oki, na sua estadia em Kyoto, é Keiko, uma bela jovem japonesa, extremamente linda, e aluna das aulas de pintura de Otoko.
Em meio a descrições de artes e maravilhosos locais históricos de Kyoto, Kawabata vai nos enredando lentamente em uma dramática história que envolve mágoa, solidão, vingança, ciúmes e porque não dizer, amor. Louco ou sensato, é o leitor que escolhe.
Eu gostei muito do clima de crescente tensão que o autor trouxe para obra, em paralelo com um clima de erotismo latente, mas que quase nunca chega as vias de fato e as maravilhosas descrições de Kyoto que me faziam a todo momento querer parar a leitura e procurar aqueles lugares no Google.
Como li em uma outra resenha, parece que Kawabata foi pintando um quadro.
O final me deixou com um gosto amargo, e como disse, não acho que seria possível nos dias de hoje, mas foi completamente coerente com a história, cultura e época que foi escrito, portanto me agradou bastante.
Leitura recomendada e me deixou com vontade de procurar outros títulos do autor!


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Livia Barini 25/10/2022

Não gostei
O autor escreve bem. O livro tem aquele ritmo mais lento e descritivo da literatura oriental.
Os personagens, entretanto, não me cativaram.
Mais parece uma tragédia grega.
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Lusia.Nicolino 09/10/2022

Para se surpreender com o final é preciso começar a ler.
Conhecer Oki Toshio, um romancista de sucesso, que nunca superou sua obra Uma garota de dezesseis anos, uma história real, sua história com Otoko Ueno. Depois de tantos anos, ao ver uma foto dela, agora uma pintora reconhecida, ele resolve procurá-la. A vida andou, para alguns mais devagar que outros, existem outras pessoas, outros sonhos, muita coisa sem dizer, e o reencontro pode ser diferente daquilo que se espera. Mas o que se espera de um encontro inusitado como esse? O estilo inconfundível de Kawabata traz à tona o melhor e o pior de cada um, com uma narrativa intensa. Há Keiko, aluna de Otoko, que une e rompe qualquer promessa de relação. Você vai realmente se surpreender.

Quote: "– De que adianta continuar pensando no senhor Oki? – Disse, tentando convencer a filha. Soava mais como um apelo do que um conselho. – Não há o que fazer para que ele fique com você, Otoko. Esperar por alguém que não virá é o mesmo que esperar pelo passado. Nem o tempo nem as águas correrão para trás."


site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le
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diet_c0kee 18/09/2022

Leitura complexa e forte
Beleza e Tristeza foi um livro que mudou muito a minha visão sobre a literatura erótica. O erotismo é algo muito banalizado, tratado como pejorativo e durante o livro eu mesmo o tratei assim. Tive que reler alguns trechos para entender o real significado, e que o erotismo não é somente sobre o sexo, e sim do que ele transmite, de como os personagens são submissos ao desejo.
Foi uma leitura complicada pra alguém da minha idade mas eu recomendo para pessoas mais velhas!!
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Nati 17/09/2022

Admito que ainda estou a digerir tudo o que foi apresentado na obra. Me sinto inclusive incapaz de resumir tudo o que foi apresentado de forma satisfatória. O texto é bem direto, de fácil entendimento e claro. A escrita do Kawabata é de uma beleza natural, intrínseca, sem floreios e limpa - mesmo ao abordar assuntos complexos e profundos. Transparece toda a carga cultural do autor. Tudo ali é o espírito do próprio Kawabata, mesmo o corpo sendo o de seus personagens.

Existe uma chave importante em todo livro. Todo ato de afeto, amor, ciúme, qualquer coisa é ligado à dor, sangue, cicatrizes ou marcas. Seja um corte ou até mesmo a própria morte e a perda, das mais dolorosas que alguém pode sentir.

Os personagens ao mesmo tempo que são comuns (como a esposa traída e a jovem amante) são extremamente complexos. E é nesse ponto que a arte se apresenta. Temos todos os sentimentos e a história de Oki contada através de seu livro. Nada é escondido de ninguém. Otoko se expressa através de suas pinturas como sua jovem amante - que apesar de usar o mesmo meio que sua mestra, o faz de modo mais violento e caótico. A relação de Taichiro com a arquitetura e a apreciação de túmulos nos entrega através de algo concreto toda a sua personalidade. As duas únicas que não apresentam tal meio são a mãe de Otoko e Fumiko, a esposa traída - justamente aquelas que sofreram com as consequencias dos atos dos outros. Fumiko, datilógrafa das obras de Oki, vê através dos olhos do próprio marido a traição cometida. Por mais que esteja furiosa, e rasgue por diversas vezes as cópias ela continua tanto com a datilografia quanto com o casamento.

Acredito que não exista um único meio de ler Kawabata. Esta obra em especial é muito plural e ímpar. Fico imaginando o processo que levou a transformação dos sentimentos de Otoko. E o quanto o mesmo foi visceral e passivo. Apesar dela não falar muito sobre, suas ações dizem muito mais do que qualquer coisa. Antes de tudo os quadros dela falam e é muito importante ouvir o que tem a dizer (aliás o livro entrega uma verdadeira aula de história e arte japones).

Tive certa ressalva em "comprar" as motivações de Keiko. Talvez por não me parecer coerente em determinados trechos, mas nada muito grave. Oki de longe foi o personagem que mais me causou incômodo. O modo como descreveu suas realções com Otoko em seu livro e seu comportamento em relação à jovem me deixaram com aversão logo de início. Ao fim, o retorno dele apenas trouxe mais desgraça e mostrou o quão fraco e por vezes covarde ele é.

Um dos melhores livros de literatura japoensa que eu já li. Vi alguém a dizer que algumas ações causaram estranhamento, muito provavelmente por ser uma cultura diferente da nossa e uma literatura e que não estamos habituados a consumir. Vale muito a pena ampliar nossos horizontes para desfrutarmos de experiências como esta.
Nicolas388 28/12/2023minha estante
Que resenha maravilhosa! Já queria ler esse, depois disso então. ?




Bruno.Dellatorre 18/07/2022

Uma tela deprimente
Esse livro (que, pela forma como é escrito, mais parece uma pintura) tem um dos títulos mais coerentes que já vi nos últimos tempos.
Beleza e tristeza.
Ao longo da história, vemos que há beleza na tristeza e que muito do que é belo é triste também.
Vemos um amor verdadeiro que, em essência, só trouxe dor às pessoas amadas.
Um passado que, apesar de passado, nunca ficou para trás. Pelo contrário. Sempre está ali, pairando sobre o presente, se infiltrando no futuro.
Personagens que, ao ficarem em silêncio, dizem muito mais do que poderiam se abrissem a boca.
Opostos que, na verdade, estão contidos um no outro.
Uma história das mais lindas... e também das mais tristes.
Dan 18/07/2022minha estante
Vou comprar!




Julia Oneda 14/02/2022

Beleza e Tristeza, ou Rancor e Obsessão?
Um livro que fala sobre rancor e obsessão. Meu contato com a literatura japonesa ainda é muito superficial (esse é meu segundo livro) e me lembrou MUITO Voragem, de Junichiro Tanizaki. Apesar de terem pouco mais de 30 anos entre as publicações, a história com um amor obsessivo, tragedia, rancor e vingança é muito forte em ambos os livros. Ambos também abordam muito sobre a arte (o que é o que eu mais gosto) e sobre doenças mentais. Fiquei com raiva dos personagens principais, e não me identifiquei profundamente com nenhum. Eu trocaria facilmente o nome para ?Rancor e Obsessão?, porque a única beleza que tem no livro é da arte que a personagem principal faz. Não é um livro ruim, porém me incomodou muito esses sentimentos pesados e intensos. Indicaria para quem tem vontade de se aventurar em uma literatura bem fora do comum.
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@ninh@ 15/12/2021

BELEZA E TRISTEZA - YASUNARI KAWABATA
Esta obra de Yasunari Kawabata é realmente maravilhosa, adorei é uma leitura gostosa de ler, rica em detalhes da cultura japonesa, descreve claramente os detalhes dos lugares e o romance entre os personagens onde pode se notar a mistura de amor, ciúmes e vingança. Amei, virei fã dele, tentarei ler outros livros dele, recomendo.

Por ter gostado tanto do livro vou colocar alguns trechos dele para vocês entenderem o que falei sobre ele:
"Do outro lado da janela , as árvores dos bosques flutuantes numa bruma espessa e cálida. Acima da bruma, uma tênue claridade que parecia emanar do chão iluminava longínquas nuvens brancas....o trem passava perto da montanha coberta por pinhos, Oki pôde ver que o chão estava juncado de folhinhas secas pontiagudas "
Este livro há descrições de muitos lugares do japão, lindas paisagens descritas pelo autor, vale a pena ler o livro.

site: https://detalhefeminino.blogspot.com/2012/04/beleza-e-tristeza-yasunari-kawabata.html
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Lia 02/06/2021

Beleza e Tristeza do escritor japonês Yasunari Kawabata, publicado em 1964. Escritor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1968.

Este é o segundo romance que leio desse escritor.

Gostei!

Uma leitura que traz a beleza da arte e a tristeza de uma história que aborda temas como paixão, traição, vingança, morte, luto, amor, erotismo, solidão.
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camila2055 11/04/2021

Tristemente bonito
Acho que passarão dias, semanas e anos e eu não serei capaz de colocar em palavras para onde esse livro me transportou.

Coincidentemente, quando comecei sua leitura, eu tinha acabado de finalizar Conversas Entre Amigos da Sally Rooney, que, à primeira vista, pode parecer uma leitura parecida, por ter ambos inserido na trama um caso extraconjugal entre duas pessoas e isso, de alguma forma, mover toda a narrativa.

Mas, não tão surpreendentemente, pois Sally Rooney e Yasunari Kawabata tem estilos, públicos e contextos completamente diferentes, foi uma experiência completamente nova. E também interessante para mim enquanto leitora.

O Kawabata, devo ressaltar aqui com uma ênfase absurda, tem um jeito delicado e estupidamente encantador de contar essa história. As palavras parecem dançar no papel, na sua mente, na sua boca (caso você leia em voz alta). E foi algo que eu apreciei muito muito muitíssimo durante a leitura. Nesses momentos eu só gostaria de ter levado aulas de japonês a sério para ler Beleza e Tristeza no idioma original, para constatar a delicadeza das palavras do Kawabata, como elas soariam na sua língua nativa.

Os cenários? Simplesmente fantásticos. Minuciosos. Encantadores. Esse livro é uma aula de cultura japonesa, tão rico que eu me senti em Kyoto.

Os personagens são extremamente intrigantes. Exagerados na maneira japonesa que eu já estou acostumada, mas ricos e curiosos. O romance principal, ainda que fosse algo sórdido e terrível, ainda que tivesse tido consequências devastadoras e de quebrar o coração, é curiosamente cheio de um amor que nem você e muito menos o Kawabata conseguiu explicar com palavras. Completamente ilógico, mas puro e pelo jeito, de tão forte, eterno; inabalável. E você se questiona como isso é possível, como isso também é triste. Como algo tão bonito, intenso e verdadeiro pode trazer apenas sofrimento, pode separar ao invés de aproximar e pode matar; figurativamente e literalmente. E, por isso, a escolha do nome da obra é fantástica e não poderia ser mais adequado.

Foi incrível, do começo ao fim. O ritmo arrastado e pacífico da leitura de maneira alguma soou tedioso, pelo contrário, pois aos poucos, conforme a história se desenvolve, um sentimento de estranheza vai crescendo e se intensificando e se prendendo no fundo da sua mente enquanto você se distrai com a beleza do cenário, das palavras.

É muito muito interessante como vemos ambos os protagonistas, Oki e Otoko, também utilizarem da própria arte, algo tão belo e cativante, para extravasar suas próprias misérias. Como aquilo que os leitores de Oki e os apreciadores dos quadros de Otoko podem achar ser beleza pura, mesmo carregado de tristeza. Como eles fizeram do próprio sofrimento, uma ferramenta para construir algo bonito e talvez... Ressignificá-lo.

E nós fazemos isso com a arte, não? Eu, como escritora, já usei tanto minhas histórias para expor uma dor pessoal. Eu, como leitora, uso dos livros como um refúgio pra minhas dores também, para compartilhá-la com personagens fictícios, para encontrar significado pra ela ou uma cura.

Kawabata é simplesmente... genial.
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masjaci 20/11/2020

Há beleza na tristeza.
Foi minha primeira experiência com um livro de autor japonês. O título da obra me chamou atenção já que a beleza pode ser triste e a tristeza pode ser bela. E é justamente isso que vemos no desenrolar da história.

Oki é um escritor que, apesar de casado, manteve um caso com uma adolescente chamada Otoko. Ele era o mundo dela, seu grande amor. Ela era importante para ele, uma grande paixão. Até que todo o belo do romance, se torna triste com o passar do tempo e os problemas que acontecem.

Gosto da personagem Otoko, da reconstrução de seu ser depois da separação, se tornando uma pintora reconhecida. Mas não é ela que me chama mais atenção. O interessante, o que me atraiu e intrigou, foi que as personagens coadjuvantes que regem a obra. E que magnífico foi reparar isso, ir me dando conta de que a relação do casal principal simplesmente serviu como base para o desenrolar da história.

É uma trama bonita, aparentemente simples, mas que carrega muito sentimento em seus parágrafos. Minha zona de conforto foi deixada para trás com louvor e de maneira maravilhosa.
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Wesley 14/07/2020

Sakami Keiko é uma psicopata
Beleza e Tristeza foi uma leitura interessante, definitivamente. A imagem projetada pelo texto é extremamente bela; os cenários, as paisagens. O texto é bastante sensível, porém, para mim, não foi uma leitura fluída.

Eu não gosto de atribuir conceitos atuais a obras de outros tempos, mas preciso expressar a minha repulsa ao protagonista Oki, um escritor de 55 anos, saudosista, pedófilo tarado. Sua antiga relação com Otoko é extremamente problemática e foram minhas partes menos favoritas de se ler. Outros discursos presentes na narrativa também me incomodaram bastante e tornaram a leitura uma pouco difícil, entretanto entendo que são pensamentos e construções de outra época e tentei relevar.

Eu encontrei este livro em 2016, mas só cheguei a lê-lo agora, e acho que foi o melhor momento para isso, pois, como estudante de Letras, o livro é um prato cheio, super metalinguístico. O personagem principal é escritor, seu filho é professor universitário de literatura, há várias referências à história e à história da literatura japonesa etc.

Vale a pena ler Beleza e Tristeza, ou qualquer outro livro do Kawabata, principalmente se você quer começar a explorar a literatura japonesa.
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 30/03/2018

Polêmico, introspectivo e contemplativo: arte dentro da arte
Narrado em terceira pessoa e ambientado em um Japão que se adaptava a entrada da influência ocidental, a narrativa de Beleza e Tristeza (美しさと哀しみと) conta a história de Oki Toshio, um escritor japonês, que viaja para Quioto em busca de se reunir com uma antiga amante, Otoko Ueno, agora uma artista plástica, para tentar reconciliar o relacionamento rompido no passado de forma trágica.

Escrito na década de 1960, Beleza e Tristeza é um dos últimos escritos de Yasunari Kawabata (川端康成) antes que o autor cometesse suicídio em 1972. É um livro marcado por sentimentos fortes e conflitantes como ressentimento, arrependimento, amor, desejo, ódio, vingança, obsessão, infidelidade e covardia, porém com um traçado abstrato muito forte, pois, como afirma Teixeira Coelho em seu prefácio, trata-se de um “romance que recorre ao simbólico e ao abstrato para tocar mais fundo no concreto e no real”.

Um tanto monótono, mas belo e profundo, Beleza e Tristeza expressa com sensibilidade aguçada a tragédia humana, o descompasso das paixões desmedidas e irresponsáveis. Expressa com clareza o lado egoísta, maquiavélico e dissimulado do espírito humano quando entregue ao desejo de vingança. Como parece ser o estilo da literatura japonesa esse é um livro bastante contemplativo e introspectivo, pois destaca e dá preferência ao universo interior – psicológico – de seus personagens. É em essência uma obra que exprime a natureza contraditória dos seres humanos, principalmente quando fala de como nos deixamos facilmente levar pelos ímpetos dos desejos sem medir as consequências de nossos atos ou pensar no sofrimento que deles pode decorrer.

O mundo das artes é sem dúvidas uma das principais marcas e planos de fundo do romance de Kawabata, e entorno desse mundo gravitam seus personagens. A arte é retratada como expressão dos sentimentos e experiências pessoais, das desilusões e amarguras, e por ser cheia de significados é também contemplativa e para ser contemplada. Esses sentimentos são expressos com intensidade através da arte, e por serem intensos o que é triste se expressa como algo de rara beleza.

O ponto fraco do livro e que o tornaria impopular entre as novas gerações de leitores é sua monotonia causada pelo caráter introspectivo e abstrato. A narrativa arrastada e com longas incursões pelo psicológico e passado dos protagonistas, torna o livro pouco instigante na maior parte de seu enredo, mesmo que a linguagem seja acessível e não muito erudita.

Com um enredo cheio de sutilezas e silêncios que caminham inexoravelmente para a tragédia, Kawabata escolheu para seu livro um desfecho em aberto, em suspenso, abrupto, interrogativo e sugestivo. Um desfecho que incomoda o seu leitor assim como nos alerta Teixeira Coelho, no prefácio do livro, e isso só fez do final de Beleza e Tristeza a parte mais interessante e instigante do livro.

Confira a resenha completa do segundo livro da III Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageia a literatura japonesa: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2018/03/beleza-e-tristeza-yasunari-kawabata.html

site: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2018/03/beleza-e-tristeza-yasunari-kawabata.html
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