Beleza e tristeza

Beleza e tristeza Yasunari Kawabata




Resenhas - Beleza e Tristeza


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Bit 01/03/2011

'Beleza e tristeza', obra que tem prefácio de Teixeira Coelho e posfácio de Roberto Kazuo Yokota, é o romance de um mundo globalizado. Escrito em meados do século XX, esta obra tem por contexto histórico a modernização voluntária do Japão antes da Segunda Guerra, e sua ocidentalização (ou americanização) compulsória depois da derrota.
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Rosa Santana 28/11/2010

Precedido por "Kyoto", "Beleza e Tristeza" foi o segundo livro de Yasunari Kawabata que li.
A delicadeza e a sensibilidade do autor me encantam.
Ele fala de tragédias de uma forma leve e sutil...

O livro conta a história de Oki, já com cinqüenta e cinco anos de idade, relembrando seu romance extraconjugal com uma garota bem mais jovem do que ele, Otoko, então com dezesseis. A esses personagens se juntam a família de Oki (esposa e dois filhos), a mãe de Otoko e uma jovem aprendiz de pintura, que vive, no presente da narrativa, um caso de amor homossexual com Otoko.

A trama, então, é tecida como um rodopiante vai-e-vem no que se refere ao tempo. Ora estamos diante dos personagens, no presente, ora eles nos são apresentados no passado... E vemos, então, o sofrimento de ambos, sobretudo o da personagem central feminina, que abortara uma filhinha, e, em conseqüência disso, fora internada em uma casa psiquiátrica, chegando mesmo a tentar o suicídio.

Ele é escritor; ela, pintora. Sua obra máxima é o romance Uma Garota de Dezesseis Anos, em que ele narra a história vivida com a atual pintora. Nesse livro, Oki, o personagem-narrador, engendra realidade x fantasia, em um jogo que encanta os leitores e faz com que sua obra não deixe de ser vendida/admirada/lida...

Ela se torna pintora, depois de se separar do amado. E por muitas vezes, agora com quarenta anos de idade, medita sobre o papel da arte. Como, por exemplo, quando se vê à frente do retrato que fez de sua mãe, questiona se ali não estão seus traços pintados inconscientemente, de forma a que o resultado fosse o seu espelho, seu próprio retrato, como Narciso que anda sempre em torno de si mesmo. Assim, se põe a refletir sobre narcisismo e arte; a questionar sobre até que ponto somos produtos da imaginação própria e/ou alheia.

Tanto Oki, como Otoko, ao refletirem sobre o campo da arte em que atuam, fazem uso da metalinguagem servindo-se dela para questionamentos no âmbito estético/artístico/ filosófico...

E aqui faço uso do poema MEMÓRIA, de Carlos Drummond de Andrade, perfeito para um contraponto:


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

...

Mas a história não se constitui somente disso...

A par dessa interessante reflexão, se desenrola o drama maior(?) e atual, vivido por Keiko - a jovem namorada de Otoko - e Taichiro, o filho de Oki. As páginas finais nos deixam tensos até o último minuto, mas, com o final em aberto, o fim do livro não finaliza a história, porque ainda temos que buscar, tentando ler a ambiguidade, as pontas deixadas pelas palavras, um destino mais possível para os personagens envolvidos na trama.


Trechos:

Seria mais correto dizer que era Otoko, tal como ela aparecia no romance de Oki, que seduzia os leitores, e não a adolescente que lhe serviu de modelo. O romance não era a verdadeira história de Otoko, mas simplesmente alguma coisa que Oki havia escrito. O ficcionista que ele era acrescentara algo de sua imaginação, e sua fantasia havia, evidentemente, idealizado a personagem. Mas, pondo isso de lado, qual era a verdadeira Otoko aquela que Oki havia descrito ou aquela que a própria Otoko poderia ter criado ao narrar ela mesma sua história?
Ainda assim, a jovem adolescente de seu romance era realmente Otoko. (32 -33 )

Nos traços do santo homem menino, como nos de uma Virgem, não era uma imagem santificada de si mesma que ela estava procurando? (160)

Fora o afeto que Otoko sentia por sua mãe que a levara a representá-la em plena juventude e no auge de sua beleza, mas essa escolha não traía igualmente uma certa dose de narcisismo? (161)

Otoko continuava a amar Oki, seu bebê e sua mãe, mas poderia esse amor permanecer imutável desde o tempo em que haviam sido uma realidade tangível para ela? Seria possível que o amor que tinha por esses três seres houvesse se transformado em amor-próprio? (161)

....

Tenho mais dois do Kawabata na fila: "A Dançarina de Izu" e "A Casa Das Belas Adormecidas"... Que venham!





Manuella_3 27/08/2014minha estante
Que linda sua resenha! Fiquei com mais vontade ainda de conhecer as obras do autor. E se gostar, vou ler todos.


Rosa Santana 28/08/2014minha estante
Manuella, pois leia. O livro é muito bom e de leitura rápida. Recomendo.
Até eu fiquei com vontade de reler...
Obrigada pelas palavras elogiosas!




Leandro 16/02/2010

Um maravilhoso retrato da arte. Desde as pinturas da capa o livro é mirado na arte e do q ela é feita. Nunca mais senti a mesma coisa olhando para um quadro, retrato, livro, escultura... Até a arte abstrata (que eu sempre odiei) ganhou um novo significado e beleza depois q li esse livro.
Isso tudo junto com a linda e trágica historia de amor (justifica o titulo) torna esse livro um dos meus favoritos. Um livro maravilhoso. Cinco estrelas!! Virei fã do autor!
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Ju 02/12/2009

Encantador este livro.
A arte da escrita e da pintura abordadas na trama dos personagens e seus dramas.
Otoko é uma personagem linda e complexa, atormentada por lembranças. Já Keiko vive a vida alheia, vazia, sempre incompleta...
Todos personagens do romance são riquíssimos, afora as descrições dos panoramas de fundo, sempre muito detalhadas.
Tudo muito bem complementado e amarrado, sem mais nem menos.
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