A casa das belas adormecidas

A casa das belas adormecidas Yasunari Kawabata




Resenhas - A Casa das Belas Adormecidas


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Rafael 04/03/2021

O velho Eguchi e o medo do tempo
O livro traz o olhar sobre a vida de Eguchi, um velho solitário que acaba adentrando a um mundo até então desconhecido por ele: a casa das "belas adormecidas". Lá é onde velhos passam noites sobre a companhia de jovens virgens que dormem profundamente sobre o efeito de drogas que só as permitem acordar no dia seguinte. Parecendo fazer pouco do local, o velho Eguchi decide se hospedar uma noite com o intuito de apenas matar sua curiosidade, já que para ele, era bem diferente dos velhos impotentes que frequentavam tal casa.

Na narrativa, Eguchi acaba aparecendo no lugar diversas vezes, sempre sem aviso prévio. Ainda não reconhecendo ser exatamente como os outros homens que ali descansam junto às jovens, o personagem em suas estadias acaba relembrando diversos momentos de sua juventude, não apenas com foco na velhice que chega, mas sobre os amores e impasses vividos.

As jovens que preenchem as camas sempre estão despidas, despertando o erotismo e o poder de domínio da masculinidade atacada pela impotência sexual, tão frágil quanto papéis de seda. A tentação, o desejo e a restrição do sexo com essas jovens, que acabaria sendo uma violação, entram como ponto importante no desenvolver da narrativa. Essa masculinade afetada acaba apresentando o conflito externo do velho Eguchi, lidando com a passagem do tempo e com mágoas antigas, como a perda de sua mãe. Solidão, impotência (sexual e existencial), perdas, amores e uma luta interna para não se consagrar como decrépito são os focos a serem traduzidos pela reflexão, fato que a velhice por vezes alcança.

A escrita, apesar de ser por vezes cansativa, acerta na descrição das ideias e dos lugares. O texto permite "imagens mentais" fáceis de se construir e, por ser em terceira pessoa, não se limita. O final, inesperado, não traduz o impacto da obra. É só mais um fato aparentemente vil, de causa interpretativa e que acredito não poder ter sido outro. Algo mais elaborado inverteria o eixo da narrativa, tornando uma trama mais atuante e menos passiva das reflexões.
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Josimar_Cruz72 26/02/2021

Uma bela escrita pra uma história estranha
O autor, Yasunari Kawabata, aparenta escrever bem, já que lia as páginas muito tranquilamente por causa da simplicidade da escrita porém a história me pareceu um tanto estranha, de certa forma sem pé, nem cabeça.
Adoraria se alguém pudesse me explicar o que o autor quis mostrar mas mesmo assim, com a falta de claridade na transmissão, a leveza e simplicidade na escrita me fazem dar Razoável a este livro.
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CecAlia.Araujo 26/02/2021

A casa das belas adormecidas
A Casa das Belas Adormecidas
(Yasunari Kawabata)
Tradução: Meiko Shimon

?Um dos motivos que me levou a este livro foi o fato de saber que Gabriel Garcia Márquez se inspirou nele para escrever ?Memórias de Minhas Putas Tristes?. Além disso, a curiosidade de conhecer Yasunari Kawabata, considerado um dos maiores expoentes da literatura japonesa, Nobel de literatura.

?Publicado em 1961, o livro narra as experiências de Egushi (homem de 67 anos de idade) em uma casa de entretenimento para velhos.

?Nesta casa (que Egushi em certos momentos compara a um prostíbulo) jovens virgens adormecidas por substâncias entorpecentes e nuas são oferecidas a ?clientes de extrema confiança?.

?Narrado em terceira pessoa, de forma linear, acompanhamos as descrições minuciosas dos corpos femininos, as percepções, desejos e sensações de Egushi a cada visita à casa, intercalando com memórias do personagem.

?O livro explora os dramas da masculinidade na velhice e também nos faz refletir sobre alguns paradoxos tais como o belo e o feio, a juventude e a velhice, a vida e a morte e outros.

?Apesar de tudo, confesso que me senti incomodada em vários trechos do livro. Meninas expostas como brinquedos, objetos, ?oferenda em sacrifício?, algo sem vida e até mesmo sem valor, me deixou desconfortável.
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Gilberto Alves 10/02/2021

Abstenha-se a premissa, e tenha um grande livro
Acredito que este seja um livro no qual, se nos abstemos à certos detalhes, temos em mãos um livro muito bom!

A premissa do livro: Eguchi é um homem de 67 anos que vive num Japão de décadas passadas (não fica claro), no qual existe uma casa onde homens idosos vão lá para dormir com meninas que estão profundamente adormecidas. Li alguns comentários aproximando este lugar a um “bordel”, mas não creio ser a melhor definição.
De acordo com as percepções de Eguchi, estas meninas são virgens, e apesar de não ficar claro a idades, são bem novas. Algo em torno de 18 e 20 anos.
Estas meninas estão lá por vontade própria e são adormecidas com algum tipo de droga. Sexo não é permitido.
O local é basicamente para isso: idosos que vão lá para dormir. Se sexo, sem abusos, sem conversa. Apenas com a companhia de meninas adormecidas profundamente.

Ok. Abstendo-se a esta quase bizarrice (digamos assim haha), temos um livro com as reflexões de Eguchi, um velho de 67 anos que entende que o passado já é passado a um longo tempo. Enquanto Eguchi está no local, seus devaneios ficam em torno de apreciar a beleza feminina da acompanhante, e relembrar seu passado em detalhes despertados pela companhia.

O livro tem um certo erotismo que não é vulgar, que chega talvez quase a ser poético. O fato de as mulheres estarem em sono extremamente profundo, permitem a Eguchi uma liberdade de observar toda a beleza de um corpo feminino no seu mais profundo estado de repouso. Por exemplo, o formato da boca, a curva de uma sobrancelha, o cheiro do cabelo, a leveza dos dedos em repouso, o subir e descer do peito na respiração... Isto tudo na visão de um homem que, (nas próprias palavras de Eguchi) está chegando na fase de não ser mais homem, ou tornar-se apenas um velho decrépito.
Vários destes momentos remetem Eguchi a seu passado. Suas mulheres, amantes, filhos, amizades, lugares etc.

Eu gostei bastante do livro. Apesar de ter tido uma certa sensação de tristeza, não chega a ser melancólico. Observar as reflexões de alguém que está ciente do peso que a idade lhe impõe, mas mesmo assim ainda tem olhos à beleza que lhe encanta, é definitivamente uma experiência que eu ainda não tinha tido nos livros. Me agradou muito.
Não darei mais estrelas pois o final carecia de uma conclusão que não destoasse tanto do conteúdo que vinha sendo construído. Um capítulo a mais dando um desfecho decente, levaria fácil (para mim), a quase 5 estrelas este pequeno grande livro.
Alessandra.Bourdot 23/03/2024minha estante
Oi, Gilberto, eu estava justamente procurando opiniões sobre o desfecho do livro. Cheguei a pensar que a edição que comprei estava com uma falha no final, um corte..rs Ele acaba no susto, de repente e sai da narrativa, não sei, ficou estranho. É aquilo mesmo?
Mas sinceramente, estava gostando muito, especialmente os links que ele cria para as lembranças. Achei muito visual, muito poético e muito simbólico. Pena que ele parece ter pensado: "depois eu acabo esse livro". E esqueceu.




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Maria12015 06/02/2021

Interessante e repulsivo, como lidar?
Esse livro não é uma leitura fácil. Assim como "Memória de minhas putas tristes" de Gabriel García Márquez, "A casa das belas adormecidas" causou estranheza e desconforto em mim. Em várias partes do livro fiquei angustiada com o que estava acontecendo, porém o narrador me manteve ali. É inegável que essa obra traz reflexões interessantíssimas e sensíveis sobre a velhice e sobre a própria vida de Eguchi, personagem principal. Então, ao mesmo tempo em eu estava encantada com o efeito quase catártico da situação sob Eguchi, eu sentia a asquerosidade do contexto que provocava a catarse.
"A casa das belas adormecidas" é o espelho de alguns traços da cultura japonesa, portanto, a posição de subjugação da figura feminina na obra e o próprio enredo do homem mais velho e meninas mais novas, para mim, não foi uma grande surpresa (ainda assim são os principais causadores do meu desconforto).
No mais, indico o livro. Entretanto, vale ressaltar que não é uma leitura para todes, já que "A casa das belas adormecidas" trata diretamente com temáticas pesadas.
"Aos velhos, a morte, aos jovens, o amor; a morte, uma única vez, o amor infinitas vezes." (Yasunari Kawabata, A Casa das Belas Adormecidas).
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Franklin Moreno 18/01/2021

Eguchi, um velho... ham??
Vish, falar bem ou mal desse livro desse livro deve ser mecher em um vespeiro, mas vamos lá né. Eu comecei a ler esse livro faz um tempinho, depois eu fui saber que tinha sido premiado, claramente por sua bizarrice. Esse livro aborda temas pesados, não é fácil de ler, não é pra todo mundo. A situação é uma merda? É. O lugar todo, o clima, o ambiente, é tudo muito morbido? É também. O livro se foca mais em Eguchi, que é um velho de 67 anos se não me engano, que vai para uma casa onde todas as mulheres (e meninas) estão dopadas com um forte sedativo. Então, quando o cliente reserva um dia, as pessoas que trabalham na casa sedam uma mulher para ficar dormindo a noite toda e satisfazer a fantasia dos velhos (que por suposição são todos impotentes) bem como eles quiserem (menos sexo, as regras proíbem). O cenário é muito pesado. As suposições de Eguchi também. Mas há também uma preocupação com a solidão. No livro Eguchi conta algumas coisas, revive algumas memórias que até então para eles eram esquecidas, como se ele mesmo fosse o velho que há tempos estava dopado com remédios e tivesse encontrado as garotas (literalmente dopadas com remédios pesados) para de alguma forma se sentir um pouco mais "vivo" com as lembramças. E menos solitário, o que muitas vezes é o propósito da casa. Enfim, é um livro que perturba mas também faz refletir sobre algumas coisas.
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Cello 16/01/2021

Excelente, mas não é uma leitura exatamente agradável, leia com o coração e a mente aberta pois com certeza será uma leitura inesquecível.
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jjulia25 02/01/2021

Até onde somos capazes de irmos para enganarmos momentaneamente a solidão?
Kawabata retrata muito bem nesse livro a curiosidade inerente na vontade de um personagem de satisfazer seus sentimentos de solidão, quando um idoso solitário conhece uma casa onde são oferecidos serviços para passar a noite com moças desacordadas. Em determinados momentos vivemos o que ele sente, até sentimos pena dessa ser sua mais próxima fuga da tenra idade, mas a que custo para as belas adormecidas?

O velho Eguchi nos é apresentado como um senhor que antes conquistou belas mulheres, e hoje procura na beleza de uma jovem adormecida o desejo de relembrar e reviver o passado, mesmo ciente de estar fazendo escolhas equivocadas, mas por curiosidade -ou necessidade- continua visitando a casa das belas adormecidas em busca de respostas sem nem mesmo ainda saber quais são as perguntas.

Obs: o negativo desse livro em minha opinião foi a pauta aberta no final, que quem leu sabe qual é.
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Rittes 30/12/2020

Ah! A velhice...
Instigante obra do prêmio Nobel Kawabata.Me lembrou o "Memória de minhas putas tristes", de Gabriel García Márquez, mas apenas no tema das agruras da velhice, principalmente no que se refere ao sexo.Imagino que, no Japão, a vida sexualdos velhos seja um tabu tão ou mais complicado do que no Brasil. Não é uma obra fácil, pois, nada acontece ao longodos seus cinco capítulos. Ou melhor, acontece sempre a mesma coisa, mas eu gostei bastante.
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Steph.Mostav 17/12/2020

"Aos velhos, a morte"
[TW: Pedofilia, misoginia]

Esta é uma novela desconfortável, para dizer o mínimo. Ao menos esse desconforto é intencional e nesse aspecto associo em parte ao mesmo sentimento que tive com Lolita. Nos dois livros, existem meninas sendo abusadas por homens muito mais velhos que elas e um ponto de vista não confiável que busca suavizar esse abuso por trás de lirismo para manipular a opinião do leitor. A tal casa das belas adormecidas nada mais é do que o local onde homens já impotentes sexualmente (um requisito importante, já que o sexo é proibido na casa) podem dormir com meninas, sempre virgens, sempre nuas e sempre desacordadas, em estado de total vulnerabilidade. Acompanhamos uma narrativa em terceira pessoa, mas focada unicamente nos pensamentos e impressões de um único personagem, o velho Eguchi. De início, ele não sabe o motivo pelo qual decide passar por essa experiência, recomendada por um amigo, mas compreendemos que sua motivação também é um dos temas do livro. Ou melhor, suas motivações. Ele, conforme percebe, quer um alívio para sua decrepitude física, sua impotência sexual, sua solidão, sua decadência moral, sua proximidade com a morte. A juventude dessas meninas indefesas é a maneira com que os velhos, que o protagonista reconhece como perversos, distraem-se da proximidade do próprio fim, da fragilidade da própria masculinidade e da inconsolável ausência de contato humano. Porém, Eguchi não se reconhece como um dos responsáveis por esses abusos, mesmo que seja bastante cruel com todas as meninas com que dorme, além de aumentar essa crueldade conforme as noites passam. Na verdade, sua decadência moral só se acentua a cada uma das cinco noites que ele passa na casa. Ele também não se reconhece como homem profundamente misógino, que de maneira alguma reconhece mulheres como seres humanos e o estado de sono profundo e total inconsciência das meninas só reforça para ele seu próprio pensamento retrógrado de que mulheres são frágeis e estão a serviço e submissão do desejo masculino. O narrador nunca julga esse tipo de pensamento, apenas repassa adiante as conclusões doentias que Eguchi tira de suas reflexões e lembranças, sempre de contato com mulheres. Sua mãe, suas filhas, sua esposa, suas amantes, ele se recorda de todas, assim como de todo mal que causou a cada uma delas e da influência negativa que exerceu sobre a vida de pessoas que deveriam ser amadas por ele. Minha impressão da narrativa não foi de cumplicidade com relação aos abusos de Eguchi, mas de um nojo por um personagem evidentemente detestável que se reconhece como tal, refletindo sobre a finitude da existência e o erotismo com seres humanos vivos que ele enxerga como "adormecidas como uma morta". Tudo isso é potencializado pela narrativa altamente sensorial de Kawabata (e que me parece característica de várias obras japonesas), com descrições capazes de criar imagens muito nítidas dos ambientes, dos corpos e da natureza, através da visão e do olfato, principalmente.
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Estêvão 19/11/2020

Estranhamento e desconforto é o que sentimos ao ler A casa das belas adormecidas, de Yasunari Kawabata. Afinal, a ideia de que jovens virgens são dopadas para servirem de companhia a idosos durante a noite não é lá muito assimilável. Mas é exatamente esse serviço que um hotel oferece e que Eguchi busca nas páginas desse livro. Porém, o simbolismo que isso carrega é o que torna a obra interessante, nos levando a refletir sobre aspectos como vida e morte; inocência e pecado; juventude e velhice. .

A cada capítulo acompanhamos uma visita de Eguche à casa, e a forma como esse personagem é construído nos incomoda e nos causa pena, porque expõe suas fragilidades de forma sutil e com uma linguagem precisa, que se detém em detalhes, progredindo lentamente e nos inserindo na narrativa. .

O erotismo é outro ponto de destaque, porque, mesclando-se aos sentimentos de Eguchi – que ora é selvagem, ora dócil –, a narrativa revela tensões sexuais que a qualquer momento podem explodir, causando em nós um misto de tensão, nojo e raiva. .

O equilíbrio obtido nessas cenas talvez romantize a prática bizarra, mas tem uma função bem clara: aproximar os opostos pelo que têm em comum. No caso das virgens, além vulnerabilidade, uma pureza que a qualquer momento pode ser maculada; já Eguchi é a lascívia que se amortiza diante da pureza. .

Outro aspecto que os aproxima é o da juventude e da velhice. Aqui as jovens representam o início da vida, enquanto Eguchi está na fase final dela, e tanto um quanto outro exibem uma fragilidade e uma incerteza diante do futuro. Nesse aspecto, tempo e morte são dois elementos que exercem sua força sobre ambos, e é o que o final nos diz por meio do destino de alguns personagens. .

Não sei dizer o quanto esse costume é presente na cultura oriental, mas como elemento narrativo, aliado à linguagem meticulosa de Kawabata, causa um efeito interessante que me remeteu ao Yin-yang, por construir equilíbrio entre opostos que se mantém ao longo do livro tanto pela escrita como pelos símbolos que sugere.

site: https://www.instagram.com/_soresenha_/
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Bruno 08/11/2020

Esse é um tipo de livro que te deixa desconcertado. Eu fiquei do início ao fim com essa sensação de horror e curiosidade. Em certo momento no texto o protagonista do livro do Kawabata vai dizer que talvez a 'falta de curiosidade seja a falha mais letal da velhice' 'que o desumano pode se tornar humano pelo hábito' essas passagens me deixaram perplexo e em grande reflexão, principalmente quando vi a trajetória do personagem ao se entregar na obscura insanidade humana pelo força do hábito. Um história intrigante, com um texto simples, que em alguns momentos encanta porém ainda não surgiu a experiência grandiosa que prometeram ao elencar; 'o grande nome da literatura japonesa.'
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