Caio 21/08/2017
Uma obra arquitetônica literária
Começo dizendo que não é um livro fácil, se é isso que você busca não vai encontrar aqui. Não segue uma fórmula clara, nem para um tratado filosófico nem para um romance, é antes uma mistura singular de ambos. É muitas vezes monótono, especialmente no começo. Muitas frases exigem releituras e você se sentirá com frequência ainda sim perdido, sem entender o motivo. Se você leu até aqui e se desmotivou, uma luz: vale a pena! Ler esse livro é como ver uma obra arquitetônica sendo construída: no começo, quando ainda se está montando a base da construção, com cal, cimento, tijolos e tudo mais espalhados ou postos de maneira incompreensível ao primeiro contato, não é difícil ver o prédio como apenas mais uma monstruosidade sem sentido, megalomaníaca. No entanto, como o andar da construção - narração - o que era antes incompreensível toma formas mais claras, mais visíveis, e se começa a vislumbrar a grandiosidade do empreendimento e a ansiedade por ver sua conclusão aumenta. Ao final, quando a Náusea tiver te consumido e a ansiedade também, o que você encontrará pode muito bem ser o Taj Mahal dos romances filosóficos, e digo isso não apenas pela gigantesca ambição da obra, mas também por ambos serem um sepultura diga de mitos: o primeiro em lembrança ao amor do imperador mongol, o segundo, em lembrança as suas certezas na vida.
PS: Contudo, digo isso, se essa obra ainda não te impactou, se você simplesmente a viu como um monte de palavras alinhadas sem sentido em frases sem ordem: releia em alguns anos; algumas questões precisam primeiros ser semeadas antes de germinarem respostas.