A montanha mágica

A montanha mágica Thomas Mann




Resenhas - A Montanha Mágica


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Juh (Encanto Literário) 11/07/2021

Um livro para poucos
Subir a montanha é mágico realmente!
Acompanhamos o jovem Hans se internando no sanatório para tuberculosos para visitar seu primo e com isso vamos ler muitos debates politico-social, filosóficos pois o livro começou ser escrito antes da primeira Guerra Mundial e finalizou após seu término o que muda muito as ideias do autor, portanto a visão humanista descrita no livro te leva a refletir muito. É um livro lento, deve ser degustado! Um livro que vc deve ser com atenção , vontade e dedicação. Trás grande aprendizado e enriquece o leitor exorbitantemente!
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alemesquitaneto 07/02/2020

Questão de gosto
Queria ter gostado do livro tanto quanto a maioria das pessoas que já leu. Pra mim foi uma leitura enfadonha que não saía do lugar. Já li outras coisas do Thomas Mann que me agradaram mais.
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Rub.88 05/03/2020

A clínica do sofismo
O tempo é eterno. A mente humana criou escalas para subdividi-lo e assim ter o poder de medir, mas não o de pará-lo. Tudo o que se pode fazer é ver passar o tempo sem nem mesmo saber o que é exatamente isso. O constante instante que não permanece? Uma definição cientifica ou filosófica não serve muito. As perguntas que me faço neste assunto são mais pratica. Foi aproveitado ou desperdiçado. Acompanhei ou fui atropelado por ele? Se esse infindável vamos em frente trouxe alguma coisa de boa, que valeu a penas ter acontecido?
O movimento de tudo é perpetuo, imparável, não há como se esquivar, de deixa de sofrer os males e os benefícios de seu progresso. A vida do indivíduo é como uma folha que se desprende da arvore primordial e é levada aleatória pelo vento. Umas vão longe e outras ficam pressa entre as pedras no chão. Ambas vão apodrecer, porem quem sentiu mais a passagem do tempo?
No livro A Montanha Mágica do escritor alemão Thomas Mann, laureado com o Nobel de literatura de 1929, e filho da brasileira Dona Júlia da Silva, conta da visita pra lá de prolongada que o personagem Hans Castorp fez ao seu primo num sanatório para doentes respiratórios nos alpes suíços.
Hans desceu do trem com o intento de passar 3 semanas no confortável estabelecimento que fornece a pessoas de múltiplas nacionalidades tratamento médico especifico e ambiente favorável a cura, se os prazos de permaneciam forem observados rigidamente.
Logo de início o primo Joachim dá toques e dicas para o recém chegado se adaptar ao clima frio. Das coisas que precisa compra na vila próxima como cobertores extras e um casaco melhor. Os horários das refeições copiosas, os eventos semanais, as consultas esporádicas. Fala sobre os funcionários. O porteiro prestativo. Da copeira anã. Dos dois médicos responsáveis e da enfermeira solicita. E dos internados, dá uma rápida pincelada naqueles que ele tem relações breves, e isso se resume a nomes e de onde são. O primo é de poucas palavras. Hans vai se inteirado, aprende a se comportar perante aquele público que tosse discretamente. Quais são os assuntos tabus, como morte e notícias das planícies, que é como os moradores de longa estada chamam o mundo fora do sanatório. Os tipos de doentes, em que grau de gravidade estão. A imensa sala de jantar é o Mapa-múndi e as mesas os países. Hans vai classificando quem se senta junto para comer como os russos ordinários, os russos distintos entre outras denominações xenófobas e escarnecedoras. Apenas dois personagens chamam a sua atenção nos primeiros dias. O italiano Settembrini que é um humanista, que não calou a boca durante todo o livro. E Clawdia Chauchat, uma francesa que irrita e a atrai Hans. O nome disso é amor e por causa disto ele acaba dando um jeito, subconscientemente, de fica mais um tempo no estabelecimento de saúde. Esse tempo foi de sete anos!!!
O que eu acabei de falar, faz um resumo de mais ou menos 200 páginas do livro. E é praticamente todo o enredo.
Fora algumas desventuras como Hans ir passear durante uma nevasca e quase morrer. O interesse dele em confortar os moribundos com flores e olhares de comiseração. A chegada de uma vitrola e a subsequente febre por operetas. Uma onda espirita que teve direito a brincadeira do copo e aparição de fantasma. Jogos de salão e festa de carnaval que deu uma linha narrativa com Hans enfim falando diretamente com Clawdia, perguntando se ela tinha uma caneta e ela respondendo que ia embora. E quando voltou trouxe um holandês bonachão que bebia de me fazer inveja, jogava a dinheiro e comandava a fuzarca até de madrugada.
Eu logo achei que esse sanatório era uma armadilha. O tratamento ficava mais por conta dos pacientes que faziam uma tabela da própria temperatura que tomavam depois de horas deitados em divas na bancada do lugar com o vento dos alpes na cara... Tudo era para prolongar a estadia. Então se continuassem pagando pelo quarto e o atendimento, podia ficar se esbaldando de fumaça, andado ao relento e enchendo a cara. A mancha no pulmão nunca sumia e alguns morriam por deficiências próprias. Eu sei que o romance não é sobre tratamento para tuberculosos, mas a falta de desfechos para algumas tramas mal pontilhadas me matava. Personagens entram e somem nessas páginas sem deixar rastro. Quando o italiano Settembrini encontra seu adversário Naphta que é judeu e ex-jesuíta, o confronto verbal deles ocupa metade do livro. Se não mais. Os dois chegam até a pegar em armas por suas, palavra da moda, ideologias.
O tempo é muito espaçado entre os acontecimentos. E o que ocupa essa área de ligação? Uma filosofia tão robusta que eu não consegui penetrar. E como se deparar com uma conversa e ficar lá ouvindo por 10 minutos e não entender nada. De duas uma, ou você diz que só estão falando besteiras vai embora ou não falar e ir embora achando que é muito burro. E eu não vou chamar de besteirada uma obra que está entre as cem maiores contribuições a literatura mundial. E também não fui embora. Levei 3 meses para concluir a leitura. Como estava pegando muita coisa leve e descompromissada, decidi por vontade própria encara esse romance de formação e A Montanha Mágica, não há dúvida, é um bloco. Quando começou a escreve-lo, Thomas Mann não tinha um final para esse monolito. Mas eclodiu a grande guerra mundial, e com esse gancho mandou Hans Castorp parar de perder tempo ir se enfiar no conflito e sumir da minha vida...
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Henry.Alves 05/04/2022

"(...) aguardar significa adiantar-se, significa sentir o tempo e o presente não como um dom, mas como mero obstáculo, significa negar e aniquilar seu valor intrínseco e saltá-los espiritualmente. Dizem que é enfadonho esperar. Mas ao mesmo tempo, e mais propriamente, esperar é divertido, pois assim se devoram quantidades de tempo sem as viver e explorar como tais. Poder-se-ia dizer que o homem que apenas espera se parece com um comilão cujo aparelho digestivo deixa passar as massas de comida sem lhes assimilar os valores nutritivos e proveitosos. Poder-se-ia ainda mais longe e dizer: como os alimentos não digeridos não fortificam o homem, o tempo desperdiçado na espera não faz envelhecer. Verdade é que praticamente não existe a espera pura, sem mistura."
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Yuminie 26/08/2021

Após 3 meses e meio, finalmente posso dizer que terminei de ler "A montanha mágica".
Em diversos momentos me senti perdida e/ou sem entender muita coisa. É um livro bastante complexo que traz inúmeras reflexões.
Apesar disso, foi gostoso acompanhar a trajetória de Hans Castorp.
Quem sabe num futuro próximo eu encaro este livro mais uma vez :)
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Luciana 15/05/2020

Mann, disse:
" Que devo dizer sobre o próprio livro e sobre como ele deve ser lido? De início, uma exigência bastante arrogante, qual seja: a de que se deve lê -lo duas vezes. A quem conseguiu levar o Zauberberg uma vez até o fim, aconselho que o leia uma vez mais, pois a peculiaridade de seu feitio, seu caráter composicional, propicia que o prazer do leitor se eleve e se aprofunde, na segunda vez."
E eu digo: Definitivamente o livro é uma obra de arte, com toda a complexidade e profundeza. Me sinto feliz de ser uma das que conseguiu levar a leitura até o final e certamente se faz necessário uma segunda leitura como sugere o grande Thomas Mann para que ele se torne em sua totalidade perfeito pra mim.
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Andrea 11/09/2021

O tempo é o elemento principal!
Nunca fiz tanta marcação em um livro! E devo dizer que muitas vezes voltei para absorver melhor o que havia marcado... Que narrativa maravilhosa! Cansativo, muitas vezes, mas conseguiu me transportar para aquele ambiente de forma que até frio eu senti... É um livro cheio de reflexões e filosofias, mas, não é difícil de ser lido! Eu me encantei especialmente com Settembrini, e gostei muito de ver a vida pela vida de Hans Castorp! Enfim, valeram a pena os quase 60 dias que levei para subir A Montanha Mágica, apreciá-la e descer...
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Marcos606 07/09/2023

Hans Castorp, um jovem engenheiro alemão, vai visitar um primo num sanatório de tuberculose nas montanhas de Davos, na Suíça. Embora Castorp pretenda ficar apenas algumas semanas, ele descobre que tem sintomas da doença e permanece no sanatório por sete anos, até a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Com temas como doença, introspecção e morte, através da conversa com outros pacientes, ele gradualmente toma consciência e absorve as ideias políticas, culturais e científicas predominantes da Europa do século XX. O sanatório passa a ser o reflexo espiritual das possibilidades e perigos do mundo real, longe da montanha mágica. O tratamento dado por Mann aos sentimentos de Castorp sobre a tuberculose é uma das principais referências em A doença como metáfora (1977), da escritora americana Susan Sontag.
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Felipe - @livrografando 04/09/2020

Ao fim, compensa maravilhosamente sentir-se o próprio Hans Castorp
Nada mais do que 55 dias foram necessários para que o caminho do vale até o cume da montanha pudesse ser concluído. Entre inúmeros obstáculos, a começar pelo conteúdo complexo da trama, em que pese a escrita ser envolvente, a experiência que adquiri ao ler A Montanha Mágica foi, ao mesmo tempo, uma das mais prazerosas e uma das mais trabalhosas (senão a mais trabalhosa) em tantos anos de leitor. De fato, é um livro que convida o leitor a refletir, não apenas pelos acontecimentos que ocorrem ao longo da narrativa, mas pelas discussões que são apresentadas e que faz do romance uma obra atemporal. Não foi à toa que a leitura levou quase quatro anos para, de fato, acontecer, pois sentia que ainda não tinha formação o suficiente para entendê-lo (não que eu tenha, mas sinto que, pelo menos, a maioria das coisas, foram no mínimo entendidas, mas seria exagero dizer compreensíveis).

A Montanha Mágica é um tipo de obra que você não consegue ler de forma contínua, de maneira que se leia como um romance consumido qualquer. Muito pelo contrário. Ela exige um ritmo de leitura extremamente parcimonioso e calmo, malgrado a obra ter mais de 800 páginas e o tempo transcorrer na narrativa de forma bem lenta, beirando à modorra. Isso faz jus ao que o autor coloca logo no prólogo, ocasião em que ele afirma que a obra em questão tem como objeto o tempo, bem como ele previne que o leitor pode terminar a obra em sete semanas, sete meses ou (o que ele não espera acontecer) em sete anos, dada à natureza da obra. E, de fato, Thomas Mann estava coberto de razão.

A trama tem como personagem principal Hans Castorp, um jovem de 23 anos de idade, que se formou em engenharia e que estava com um emprego certo assim que finalizasse a faculdade. Órfão de pai e mãe e, agora, morando com o tio-avô James Tienappel, Hans Castorp espera nesse serviço uma oportunidade para poder exercer a função que tanto deseja. No entanto, uma enfermidade pulmonar faz com que ele vá “visitar” seu primo, Joachim Ziemssen, no Sanatório Internacional Berghof, um espaço que congrega indivíduos de inúmeras nacionalidades, localizado nas alturas dos Alpes suíços, e ele é obrigado a se deslocar do seu torrão natal, conforme Mann utiliza muito para se referir ao local onde o engenheiro nasceu, para Davos-Dorf. Hans Castorp se desloca até o local com o intuito de passar três semanas e retornar à sua vida corriqueira na planície, e para isso sendo irreverente e indiferente aos hábitos do sanatório, utilizando a máxima “habituar a não se habituar”.

Convicto de que apenas ficará no sanatório por poucas semanas, Hans Castorp torce o nariz para alguns aspectos como o fato de não utilizar termômetro, instrumento obrigatório para todos os pensionistas enfermos, bem como de escarnear situações de outros doentes. Nesse meio tempo conhece Settembrini e com ele engendra longas discussões filosóficas. Mas o capítulo que mexe com a estrutura do engenheiro é o momento em que vê pela primeira vez Claudia Chawchat que, apesar de ter um péssimo hábito de fechar a porta com um forte estrondo e de isso não agradar a Castorp, mesmo assim o recém-chegado se atrai pela russa. As três semanas vão se aproximando e Castorp continua confiante de que retornará para o mundo lá de baixo, para a sua rotina aristocrática.

É nesse momento que é revelado ao leitor que Hans Castorp não se encontra com os pulmões sadios e, que, quando na infância, já enfrentava problemas nas suas vias respiratórias, fato que é confirmado logo depois pela consulta com o dr. Krokowski, na qual descobre que ele tem uma mancha no pulmão e que, se quiser viver, deve abandonar a ideia de retornar à planície, permanecendo no sanatório por mais seis meses, o que Castorp acaba por acatar, embora relutantemente, e agora deverá aprender a se aclimatar se ainda optar por desfrutar da vida no mundo lá de baixo.

A edição da Companhia das Letras entrega uma diagramação simples, sem muitos caprichos, mas com uma tradução impecável, letras confortáveis, o que proporciona ao leitor uma leitura fluida, tranquila, mesmo com o conteúdo complexo do romance. É importante ressaltar que cada página do livro leva aproximadamente 10 minutos caso o leitor opte por seguir o ritmo proposto por Mann (e que é o recomendado) e que constitui em um dos aspectos que formam o perfil da obra: o tempo.

O texto da obra é magnífico, espetacular, de um alto nível de inspiração intelectual e filosófico, mormente nas passagens em que Mann descreve lugares, situações e a vida dos personagens. Apesar de essas partes nada apresentarem de dinamicidade, o mais envolvente delas é que você acaba por adentrar, se introduzir na trama. Podemos citar como momentos geniais da trama a parte que Hans Castorp tem o seu primeiro delírio e enxerga seu amor platônico da infância, Pchibislav Hippe, bem como os diálogos sensacionais entre Settembrini e Naphta, momentos em que a genialidade de Mann atingiram o ponto culminante no livro. Apesar de aparentemente ser uma parte modorrenta, Hans Castorp consegue incutir no leitor a curiosidade de saber o que vai acontecer depois, mérito do texto sensível, sofisticado e de nível elevado do autor alemão.

Preciso dizer que, em alguns momentos, a escrita de Mann me pareceu às vezes cansativa, o autor utiliza de diálogos cansativos e partes que parecem, à primeira vista, serem desnecessárias, constituindo em um dos momentos irregulares do romance. Um exemplo disso é o capítulo em que Mann destrincha, por completo, o conteúdo de um livro de anatomia que Hans Castorp está debruçado, quando do seu momento de descanso. Este se constitui num dos momentos em que o leitor precisa de um mínimo de base histórica para saber porque o autor está introduzindo esta descrição na trama, pois se relaciona diretamente com as discussões na Europa em vias da Primeira Guerra Mundial, a respeito da morte e da doença, bem como sobre a composição biológica dos seres humanos.
Ainda em seu texto, Mann traz junto com seus personagens, suas impressões a respeito da época, bem como sua escrita em tom melancólico e pessimista, apesar de alguns momentos haver um humor involuntário na sua escrita, mas que não diminui a aura soturna e pesada que a história do livro traz.

O livro, apesar de ter uma história completamente incomum, possui um início e um final (embora em aberto), se constituindo numa narrativa linear. Para um livro de mais de 800 páginas, o autor deve utilizar de inúmeras cartas na manga para manter o fôlego do leitor a fim de que este se interesse pela história, bem como a possa concluir. Até as primeiras 200 páginas, ainda há uma certa apresentação dos personagens, dos hábitos do Sanatório, bem como da intransigência de Castorp em se adaptar à sua nova realidade, ainda preso aos hábitos dos seus hábitos e costumes do seu torrão natal. As 200 páginas seguintes apresentam o diagnóstico de Hans Castorp e a sua permanência compulsória no hospital, bem como a sua primeira conversa com Claudia Chawchat, que acontece somente beirando à página 400, na qual a conversa está escrita em francês, mas ao rodapé da página, a Companhia das Letras disponibilizou a tradução, inclusive, um grande acerto desta impecável edição. E a terceira e última parte tem início com o primeiro embate de ideias entre Naphta, representante de um ideal reacionário, e Settembrini, representante de um ideal mais libertário, embora um pouco conservador, iniciando-se por volta da página 430 da edição mais recente da Companhia das Letras.

Embora não seja um livro de reviravoltas e acontecimentos que se sucedem, de modo que o leitor fique sem fôlego, A Montanha Mágica oferece ao leitor uma galeria de momentos-chave na história, e devo dizer que a maioria dessas passagens encontram-se na primeira metade do livro, a fração mais difícil e árdua de se ler, de tal forma que a primeira metade da obra me consumiu 33 dias e a segunda, 22, sendo esta a mais marcante do livro e pelo fato de o autor resolver desenvolver a relação entre os personagens do que se ater propriamente aos diálogos filosóficos entre eles.

E falando dos personagens, vou citar alguns que me chamaram atenção durante a leitura, e aqui vou enfatizar aqueles que mais possuem ação na história. Vamos dar início se centrando no personagem central da trama, Hans Castorp, constituído por inúmeras camadas, bem como sendo um personagem muito complexo, já que fica indeciso entre voltar à sua vida comum ou optar por continuar nos Alpes. Apesar de estar plenamente convicto de que irá retornar, a paixão por Claudia Chawchat, bem como a figura de Settembrini e seus diálogos intelectuais o fará refletir se realmente deseja tanto voltar para a rotina corriqueira da planície, mesmo antes do diagnóstico da doença do jovem engenheiro. Também Hans Castorp surpreende pela humanidade, mormente no momento de óbitos no hospital, onde não se deve esboçar tipo algum de emoção, todos devendo ser indiferentes e frios, bem diferente do Hans Castorp do início do livro, ainda um garoto insensível e completamente atrelado aos hábitos do mundo “lá de baixo”.

Outros que devem ser sempre destacados na trama é a entrada de Naphta, pois é a partir desse ponto que o autor dará o tom da rixa intelectual entre humanismo e misantropia (uma vez que Settembrini entra na história por volta da página 70 e que irá ter diálogos enriquecedores com Castorp e Naphta entra quase 360 páginas depois). Na construção da história desses personagens, o autor deixa patente qual projeto de Europa se pensava naquele contexto. Também ao longo do livro os dois possuem uma trajetória linear, no entanto, ao final da trama, o leitor se surpreende com o que acontece com aquela diplomacia intelectual que os dois possuíam quando travavam embates de pensamentos, embora Mann não tome partido de nenhum dos lados, apenas se atendo a apresentar os pólos opostos.

Os temas emulados pelo romance do escritor alemão são muito pertinentes não apenas à época que foi produzido, mas também é atinente aos dias atuais. Num mundo onde se vive a fugacidade do tempo, uma rotina ditada pela dinamicidade e pelo imediatismo (algo já identificado, guardadas as devidas proporções, na Europa do período do pré-guerra), A Montanha Mágica vem a ser seu contraponto. Discussões como a natureza do tempo, a morte, a doença, o senso de humanidade e inumanidade, progressos e retrocessos no mundo recheiam o texto de quase 900 páginas da obra. Ainda em relação à temática, é importante apontar momentos em que os personagens são completamente machistas e misóginos, a exemplo de Peeperkorn, no qual isso se emula de forma muito evidente, bem como alguns momentos dos diálogos entre o trio Castorp-Settembrini-Naphta. Apesar de ser um produto de uma sociedade de quase um século, tais situações causam incômodo em alguns leitores da atualidade, evidenciando passagens que envelheceram mal.

Deve-se ler A Montanha Mágica com um pé, com o olho ou talvez com todo o corpo na história e também na História, pois é uma leitura que é preciso atenção, paciência e, acima de tudo, persistência, além de uma certa noção histórica da Europa (mormente a Alemanha) do período pré-guerra. A construção dos personagens, bem como do espaço principal da trama e dos diálogos refletem a sociedade aristocrática europeia, seus hábitos, seus costumes, seus pensamentos, suas maneiras de se comportar, de enxergar o mundo.

A genialidade desse romance está presente desde a sua construção até a sua execução. Embora já datada e ultrapassada, com passagens que não já se aplicam aos dias atuais, A Montanha Mágica possui um texto espetacular, muito confortável de se ler, em que pese seus longos e, por vezes, maçantes parágrafos, mas que são fundamentais para o desenvolver do romance. Com personagens, discussões e acontecimentos, embora esporádicos, mas muito marcantes, este romance de Thomas Mann continuará sendo imortalizado no hall dos grandes escritores e escritoras da humanidade, trazendo discussões e reflexões sobre o tempo e sua visão de mundo a respeito daquele contexto, apesar de se tratar de uma realidade muito restrita aos bem-nascidos da época. Entre obstáculos e inúmeras tentações a desistir da leitura, concluí com êxito depois de quase dois meses corridos a experiência com este livro fantástico.

Aos vindouros leitores, sejam experientes ou iniciantes, mais uma vez recomendo: apenas aceitem essa empreitada se estiverem dotados de preparo mental, psicológico e intelectual, pois é um livro que exige bastante do leitor e que deve ser aproveitado com muita cautela e com um olhar atento. Desde já, digo que se se está acostumado com tramas de ação ou com romances de fácil compreensão, tal obra não é uma opção de leitura para se realizar.

Por fim, deixem-lhes dizer quanto tempo passei nas montanhas: foram oito semanas de estadia nesse microcosmo de Thomas Mann e agora, se me dêem licença, retornarei à planície, ao mundo lá de baixo, com muita tristeza e pesar, mas muito enriquecido das coisas que aprendi com a leitura dessa obra. Estou me sentindo o próprio Hans Castorp!
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Alef Johny 07/07/2023

Não é Para Qualquer Um!
Depois de três meses finalizei essa história magnífica. Com certeza foi uma das melhores experiências literárias que tive! Valeu cada momento! Devo admitir que não foi tão simples assim pois esse livro trás uma narrativa com uma linguagem mais complexa e um altíssimo nível de detalhes. Sem contar que a história não só nos propicia diversos momentos de debates acerca de diversos temas, como também faz parte da essência dela. Debates filosóficos acerca da vida, da morte, do amor, do espírito, enfim, de política... Para discorrer sobre essa história é preciso uma maturidade para lidar com todos esses aspectos que acabam por tornar essa narrativa tão complexa; maturidade essa que eu não possuía há alguns anos atras quando tentei lê-lo pela primeira vez.
A dica que deixo para os que estão para ler essa obra prima é de não ter pressa para terminá-lo, até porque você irá descobrir que o que torna essa experiência maravilhosa, é justamente aproveitar cada momento.

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Thiago.Calvet 03/09/2023

A montanha mágica
Uma leitura densa, mas um modo rico e agradável, cheio de diálogos filosóficos e provocantes, narra a história interessante de um personagem que se vê desviado de um modo inesperado do próprio caminho e mostra as voltas inesperadas que a vida pode dar. Vale muito a pena.
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Bruna.Bandeira 26/07/2021

Um clássico no sentido mais literal da palavra.
Difícil, cansativo e imprescindível fazer uma segunda leitura.
O livro nos faz acompanhar o interessante amadurecimento filosófico-intelectual do personagem principal e a partir dele conhecer os sentimentos e paixões da Europa no pré-guerra.
Tem que ter coragem, mas vale a pena!
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Adalgiane 19/05/2021

Muito interessante e profundo!! Nos faz refletir muito a respeito da vida!! Recomendo para quem gosta também de filosofia. Livro inteiramente filosófico.
Rafael Bezerra 19/05/2021minha estante
As brigas filosóficas entre Settembrini e Naphta são tão acalorada que acaba em tragédia...




Carol 25/05/2021

Escalando uma montanha
Foi a impressão que tive lendo esse livro, que eu escalava a Montanha, pois é uma narrativa muito longa e muito densa, então de fato leva muito tempo e a gente sente o progresso. Me comprometi a ler 5% a cada dia de leitura, às vezes parecia que não chegava nunca e outras vezes eu nem percebia que já tinha alcançado. No geral é um livro muito bom, com uma ótima história e personagens incríveis. Mas tem algumas partes arrastadas, principalmente as que narram discussões e divagações de caráter filosófico. São interessantes, mas exigem bastante do cérebro e por isso cansam mais do que a narrativa ficcional. De qualquer forma fico feliz de ter conquistado esse clássico tão famoso e agora conhecer a história de Hans Castorp.
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