regifreitas 09/10/2023
O CRIME DO PADRE AMARO (1875), de Eça de Queirós.
Considerada uma das obras-primas do autor português, O CRIME DO PADRE AMARO veio a público em 1875, e apresenta uma análise mordaz da sociedade portuguesa da época. O enredo gira em torno do padre Amaro Vieira, que chega a Leiria para assumir as funções de pároco na cidade. Lá, ele acaba se envolvendo com a jovem e bela Amélia.
Amaro torna-se órfão muito cedo, aos seis anos de idade. Então, acaba ficando sob os cuidados da marquesa de Alegros, para quem os seus pais trabalhavam. Quando completa 15 anos, a marquesa o encaminha para o seminário, para tornar-se padre. Amaro aceita passivamente seu destino, mesmo não possuindo qualquer vocação religiosa. Para um jovem pobre como ele, as expectativas de futuro eram bem limitadas. Uma carreira eclesiástica lhe daria, ao menos, um destino um pouco melhor.
A crítica social empreendida por Eça de Queirós é a característica marcante deste romance. Eça não hesita em expor as hipocrisias da Igreja Católica. Os padres retratados são figuras mundanas e repletas de vícios, com comportamentos que não condizem com o que pregam. A própria sociedade local é, na maioria das vezes, conivente com esse comportamento. Assim, o conservadorismo marcante e a moralidade exacerbada escondem comportamentos que caracterizam uma religiosidade de fachada.
A prosa de Eça de Queirós é afiada e ácida. O vocabulário do autor, no entanto, apresenta certa dificuldade. Por sorte, a edição que li traz anotações nas margens sobre o significado de muitos termos utilizados, além da contextualização do momento histórico e do período literário.
Esta é a segunda leitura que faço da obra. A primeira delas foi no ano 2000, durante a Faculdade. Desta vez gostei bem mais!