Thif Souza 04/12/2016Misto de decepção e surpresaDesde "Garota Exemplar" virei super fã da Gillian Flyn. Comecei "Objetos Cortantes" com super expectativas, mas fui me decepcionando com o passar das páginas.
Camille é jornalista em um pequeno jornal em Chicago. Seu chefe dá-lhe a missão de escrever uma matéria sobre misteriosos assassinatos que ocorreram em sua cidade natal, Wind Gap. O maior receio da personagem é se reencontrar com seu passado na cidade e, principalmente, com sua família. Com o desenrolar da história, conhecemos um pouco mais sobre a adolescência de Camille e sua relação não tão amigável com sua mãe.
Logo no início, não gostei da Camille. Não por motivos de ser uma personagem chata ou coisa do tipo. A Camille é uma personagem que, ao meu ver, foi construída para ser odiada. Sua narrativa é suja e sem um pingo de sentimentalismo (o que é uma marca da Flyn). Porém, senti nojo da falta de amor próprio da protagonista. Em alguns momentos senti agonia e muita raiva. Além disso, tive vontade de largar várias vezes o livro, justamente pela narrativa muito parada.
O livro foi uma das maiores torturas da minha vida. O "mistério" nunca saía do mesmo lugar. Esperei pegar a leitura e lá se foram quase 200 páginas. A história é muito parada e sem sal. Cheguei a querer desistir várias vezes, mas segurei só por querer saber onde chegaria a relação da Camille com o Richard. Porém, em um dado momento, tudo começou a desandar.
A única parte que realmente me surpreendeu foi no finalzinho (últimas 20 páginas). Achei o final muito rápido e me perdi na bomba de revelações que se sucederam. Acho que se a autora tivesse cortado algumas partes longas e chatas ao decorrer da história e tivesse alongado e dado maior ênfase no final, o livro seria bem menos torturante.
No geral, achei a leitura neutra. Gostei do final, mas 60% da história poderia ser melhor. Mesmo com os contras, achei bastante audacioso da Gillian para seu primeiro livro.
Recomendo a história, mas só para quem não tem muita pretensão com o livro.