Lilian.Araujo 29/01/2022
Foi o 1° romance de Hemingway, escrito após uma viagem para a Espanha, em 1925. Eu mencionei (post anterior) que ele fazia parte da ?geração perdida?, termo usado por Gertrude Stein para designar um grupo de intelectuais americanos que viveu em Paris entre 1920 e 1930. Eram jovens expatriados desiludidos em razão da a 1ª Guerra Mundial, que tinham uma vida boêmia, regada a muita bebedeira e jazz.
O livro, cujo título é uma referência a Eclesiastes 1, 5, populariza essa geração de intelectuais, pois tem fortes elementos autobiográficos. Traz as vidas entrelaçadas de vários personagens: Jake Barnes, protagonista e narrador, um jornalista que lutou na guerra e foi gravemente ferido (dizem ser o retrato do próprio Hemingway, uma vez que ele também foi gravemente ferido e acabou se apaixonando por uma enfermeira, que rejeitou seu pedido de casamento), que era apaixonado por Lady Ashley Brett, uma mulher divorciada, à frente de seu tempo, que não gostava de relacionamentos estáveis e queria se divertir. Ela despertava paixão nos homens, inclusive amigos de Jake, como Robert Cohn. Na trama, conhecemos também Bill e Mike, noivo de Lady Brett.
O grupo participa da Festa de San Fermín, em Pamplona, na Espanha, conhecida pelas touradas. A narrativa é econômica e descritiva, sem excesso de sentimentalismo emotivo. A linguagem é quase jornalística. Quem lê superficialmente, tende a crer que se trata de um livro sem clímax pura e simplesmente. De fato, ele não tem reviravoltas ou sustos. É marcado por diálogos e personagens secos, pragmáticos. É aí que reside sua riqueza: Hemingway consegue nos transportar para dentro do cenário de vazio e desilusão daquela geração, que usava a vida boêmia para disfarçar sua solidão. Trata-se, por fim, de um ?roman à clef?, isto é, um romance com uma chave, que tem como modelo mais comum uma história com personagens reais e nomes fictícios.
Considero um livro importantíssimo para conhecer o estilo literário de Hemingway, marcado pela já falada ?teoria do iceberg?.