MillenaSui 24/12/2023
Um ovo branco grande com as bordas pixeladas. Um ovo. O ovo.
Já estava ciente de que iria encerrar o ano sem um único livro cinco estrelas em todo esse período. Jogador Número Um mudou drasticamente essa conclusão.
Durante todos os meus anos como leitora, não lembro de ter tido contato com algum livro que tenha me emergido tanto em seu universo quanto esse. A realidade nessa leitura é uma das mais interessantes e bem construídas que já li, o enredo e os objetivos extremamente bem desenvolvidos, os vilões e as cenas de batalha são da maior qualidade e os personagens altamente carismáticos e com plots excelentes. Esse foi um dos livros que, nos raros momentos em que deixei a leitura de lado (por pura obrigação), passava pensando a seu respeito e ansiosa para retomá-la.
Geralmente, livros que se dividem em duas ou mais tramas, invariavelmente se mostram mais interessantes pra mim em alguma delas em especifico, fazendo com que a obrigatoriedade de leitura das páginas que não a envolvam, se torne penosa. Como a divisão de tramas é, sim, o caso de Jogador Número Um, visto que são intercaladas as vivências cotidianas rais de cada personagem com os seus progressos no universo simulado OASIS, esperei pela dispersão. Ela não ocorreu em momento algum. Torci para cada um deles em seus respectivos universos e, felizmente, fui muito bem agraciada com a escrita de ambos.
Senti um laço forte com os personagens, fato esse que justifica que os meus momentos de discordância e estresse com eles não tenham me despertado desgosto. Nenhum dos personagens é perfeito e foi justamente isso que tornou experienciar os seus modos de encarar uma mesma aventura, tão mais divertido do que eu imaginava.
A história definitivamente foi encerrada de forma tão interessante e prazerosa de se ler quanto começou. Os mistérios são muito bem apresentados e, para alguém que conhece a maioria das referências dos anos 1980 levantadas ao longo da trama, o momento de leitura torna-se único, nostálgico e extremamente reconfortante. Embora a minha recomendação não se restrinja à pessoas com essa experiência comum. Ao finalizar a leitura, acho impossível que essa construção tão rica de Ernest Cline não capture até mesmo aqueles não viveram (ou nunca se interessaram por) esse lado geek. Acredite, especialmente os genZ mais enraizados sairão dessa experiência querendo assistir aos filmes de Monty Python após se tornarem especialista no Donkey Kong enquanto escutam a discografia inteira da banda A-Ha.