Aline Marques 02/05/2019Defina normal e aceitável. [IG @ousejalivros]Jason Blake é um garoto de doze anos que compreende que a vida, frequentemente, irá surpreendê-lo negativamente, independente de seu empenho e perspectiva. As letras que formam o seu diagnóstico irão garantir isso.
Ele aprendeu que o mundo anseia por determinados padrões que tornam impossível para pessoas como ele se sentirem aceitas, incluídas. E seus pais e terapeutas se esforçaram em incurtir a certeza de que parecer "normal", relutantemente abrindo mão da própria identidade e necessidades, o manterá em movimento. Vivo.
Jack escreve a própria história através de personagens fictícios, já que falar é difícil, mas transformar as letras aprisionadas dentro de sua mente em parágrafos na tela do computador, se tornou um alívio. É na internet, numa comunidade de leitores, que ele apresenta a melhor versão de si, aos olhos da sociedade. E a realidade, mais uma vez, está prestes a estragar tudo.
Baskín narra em primeira pessoa uma história que poderia representar o cotidiano de milhões de pessoas, auxiliando a compreensão e motivando a empatia daqueles que pouco (ou nada) sabem sobre o autismo. Mas ao tratar com superficialidade características tão comuns em indivíduos dentro do espectro, sem explicar ações e pensamentos que incomodam os neurotípicos, utilizando os personagens secundários para recriminar comportamentos reguladores, não fornece respostas que afastem a ignorância e o preconceito, gerando mais perguntas e confusão.
A autora também reforça esteriótipos sexistas como forma de justificar personalidades e atitudes, além de tratar a aproximação romântica de adolescentes de doze anos com uma leveza reprovável.
Todavia, vale ressaltar que o livro tem uma linguagem acessível e impele o envolvimento do leitor através de temas como técnicas de escrita, bullying e gêneros literários, abrangendo um público amplo que deve ter em mente que não há nada de anormal com sua forma de ser.
Abrace a sua humanidade e deixe que o mundo lide com sua insegurança e ignorância, enquanto a diversidade conquista seu espaço de direito.