spoiler visualizarcaio.lobo. 12/10/2021
Uma das melhores leituras do ano, e da minha vida também.
Por que não li Borges antes? Ou talvez eu tenha lido no futuro e não o tenha sabido? Esses jogos mentais é a essência de Borges, em infinitos infintos. Gnóstico, matemático, vertiginoso, metafísico, tudo isso é Borges. Além de muitas referências como Schopenhauer, Berkeley, Al Corão, seitas gnósticas, Cantor, Shakespeare, Judaísmo chassídico, Cervantes, etc. O mais engraçado são os pensadores imaginários que cria para falar de sua própria filosofia, e ficamos até confusos (no bom sentido) se certa personalidade foi invetada ou apenas é pouco conhecida. Vou dar curtos resumos impressões de cada conto:
-Tlön, uqbar, orbis tertius: Borges cria um país, na verdade um outro mundo com outro modo de ser. Todo idealista (no sentido filosófica em oposição ao empírico), onde as coisas funcionam totalmente fora da nossa lógica pragmática. Um verdadeiro jogo mental delicioso.
-Pierre Menard, autor de Quixote: imagine que você quer escrever como seu escritor favorito, mas não apenas parecido e sim igual, e reecrever uma obra não através de cópia, mas seguindo o mesmo estado mentalbe de ser do seu escritor favorito. Este é Pierre Menard.
-As ruínas criculares: aqui Borges é todo simbolista, entramos como num sonho, o sonho de um homem que na verdade é divino.
-A loteria na Babilônia: imagine que tudo na vida é decidido através de sorteio. Isso seria uma democracia plena.
-Exame da obra de Hebert Quain: esse é divertido, ensaios de obras que não existem de um autor que não existe. A obra é tão interessante que é uma oena que não exista.
-A Biblioteca de Babel: um clássico do desespero. No meio de livros de letras aleatórias que não se repetem, buscar os livros que tem estrutura lógica e mais, achar os livros que decifrem essa existência. Será a representação de nosso universo?
-O Jardim de veredas que se bifurcam: em meio a uma trama de espionagem surge uma metafísica. Um chinês que escreveu ao mesmo tempo um livro e um labirinto, onde mostra que há inúmeras formas de ser. Em umas eu existo de diferentes modo, em outras não existimos.
-Funes, o memorioso: Funes se lembra de tudo, tudo mesmo. Nenhum milésimo de segundo e nem mínimo detalhe lhe foge. Tudo fica eternizado na mente. Assim não há espaço para pensar.
-A forma da espada: conto dramático, este tem final surpreendente que não irei contar, mas adianto que tem uma grande lição.
-Tema do traidos e do herói: um leitor de Shakespeare faz uma revolução em seu país utilizando por trás o enredo do teatro. Transforma cada cidadão em personagem com suas falas e atos e até sua própria traição e morte heróica, tudo isso sem ninguém saber.
-A Morte e a bússola: conto policial, onde menos importa o enredo, mas a Cabala é o que move todo o movimento desse jogo.
-o milagre secreto: quem nunca imaginou poder parar o tempo e tudo ao seu redor para poder fazer o que quiser ou terminar algo? Aqui o personagem principal obtém essa milagrosa graça por um ano, instantes antes de ser fuzilado para terminar sua última tarefa da vida.
-Três versões de Judas: uma defesa do sacrifício de Judas que auxíliou na redenção de Judas. Seu sacrifício é equivalente ao de Cristo que sofre eternamente a dor da cruz e Judas aceitou a dor do inferno em sua humildade.
-O fim: conto mais "normal" da obra, mas que tem no fundo a questão da roda de samsara ou O Eterno Retorno. Quem mata deve ser morto, mas quem matou o assassino também é assassino e assim o ciclo é eterno.
-a Seita de Fênix: uma sociedade antiga que desde o primórdio dos tempos ensina um único mistério comum, e todos são sacerdotes desse mistério, menos os padres, ascetas e as virgens.
-o Sul: conto que faz todo o sentido para nós que moramos no sul. A figura dp Gaúcho é um ideal. Melhor morrer em duelo do que em hospital.