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Ficções Jorge Luis Borges




Resenhas - Ficções


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Arsenio Meira 24/12/2013

Natal Borgiano

Vou me ater aos contos que mais gostei. Melhor, os que mais me marcaram, pois na verdade, gostei de todos. E merecem deferência especial os contos "Pierre Menard, autor de Quixote", "Funes, o memorioso", "A seita de Fênix", "O fim" e "A Loteria da Babilônia".

Além do gosto pelas narrativas curtas e pela poesia, Borges tinha em comum com Edgar Allan Poe a versatilidade de seus contos, do fantástico ao cômico, do drama ao policial. O homem era um bólido. Gênio. Já escreveram isso 895 milhões de vezes. Problema dos números. Escrevo, e ponto. O quarto conto da seção Artifícios é um sofisticadíssimo conto policial ("A morte e a bússola"). Sofisticado leia-se, sem pedantismo, porque Borges nos faz imaginar que terá uma solução mais ou menos previsível (as iniciais dos assassinados formariam o nome oculto de Deus), mas na verdade nos conduz a uma revelação mais sutil e engenhosa, em que os crimes são praticados não por inspiração de uma seita hasídica, mas tão somente pelo desejo do assassino de valer-se do acaso para criar uma armadilha de vingança.

O protagonista é o agente Erik Löonrot, mais dado a pistas e interpretações intelectuais dos crimes do que à busca de evidências banais.

O desenho dos crimes (no caso, o losango) não deixa de ser uma solução interessante para a época em que Borges escreveu, em que assassinatos em série não haviam sido banalizados pelo cinema e pela televisão. O que agrada no conto, no entanto, é a ideia de construção dos crimes seriais a partir do acaso (a frase que a primeira vítima havia deixado sobre a máquina de escrever) e do desejo de envolver a vítima principal num labirinto que irá encantá-lo e conduzi-lo à própria morte. Nenhum assassinato terá tido execução mais literária, nenhuma dupla assassino-vítima terá sido mais borgiana, e é isso, esse elemento puramente lúdico, literário e labiríntico que encanta nesse belo conto policial.

O tema principal do conto O milagre secreto, é a questão do tempo, sua forma e limites. Em que medida o tempo é linear ou cíclico, limitado ou infinito? Um instante é indivisível ou pode compreender uma hora, um dia, a eternidade?

Jaromir Hladík, um escritor de origem judaica, é preso em Praga pela Gestapo cinco dias após a invasão da cidade pelas forças alemãs, em março de 1939. Sua sentença à morte logo lhe é revelada, e ele terá de esperar dez dias para sua execução. Nesses dias finais, imaginará execuções para si (com a expectativa alimentada por um detalhe ocasional, capaz de salvar-lhe o pescoço), buscará consolo na ideia da eternidade de uma noite, de um momento e acabará encontrando o verdadeiro refúgio na ideia de concluir sua única obra que lhe parece digna de permanecer. Hladík dedica-se à tarefa, mas consciente do escasso tempo para concluí-la, implora a Deus um ano mais. Por meio de um sonho, Deus avisa que seu pedido será atendido.

O milagre secreto é mais um conto de Borges construído a partir de uma ideia fantástica e filosófica ou, melhor dizendo, fantástica porque nas fronteiras inapreensíveis do pensamento filosófico. A agonia de Hladík é mais um pretexto para Borges liberar suas deliciosas fantasias sobre o tempo.

No magistral "Ruínas Circulares", Borges conta as conquistas e desilusões do personagem sonhador, que alterna fases de sono permanente e crises de insônia, abstinências de sonhos e sonhos induzidos, sempre desta que é a matéria mais imponderável. Não há referência a livros ou autores imaginários. Tão-somente uma bela idéia desenvolvida em forma de história: a possibilidade de que alguém crie, por meio do sonho, um personagem que se torne real. O protagonista, um aldeão que navega rio abaixo e vive a dormir sob o abrigo das ruínas de um templo, sofre a obsessão: Eis aqui o sonho último do artista, em particular da literatura.

O aldeão faz por fim um pacto com o deus fogo do templo em que se abriga, e consegue criar e fazer viver sua criatura, seu filho. Este deve abandoná-lo, deixando-lhe apenas o receio de que o filho viesse a saber que não passava de produto da imaginação. O final do conto é tipicamente borgiano, circular, infinito, como o título já sugere. Li e reli essa pequena obra-prima. É um caminho sem volta.

Conto tipicamente borgiano, porque mistura livros e personagens reais e imaginários, e nos traz uma idéia central mirabolante e criativa, é Tlön, Uqbar, Orbis Tertius. Um grupo de pessoas cria um país e um planeta imaginário e insere verbete sobre o tema numa enciclopédia de prestígio (como a Britannica) ou mesma edita uma enciclopédia inteira sobre o planeta, com estudos sobre sua geografia, sua história, sua teologia, sua literatura. É um ótimo pretexto para Borges contar-nos as peripécias dos autores anônimos, enfiar fatos que misturam personagens como Bioy Casares e Alfonso Reyes, e falar de uma curiosa língua e metafísica. Uqbar é um país de localização incerta, de fronteiras imprecisas, na Ásia Central, Tlön é um planeta, o Orbis Tertius, onde as nações são arraigadamente idealistas e onde a metafísica é afinal um dos pilares da literatura fantástica.

Em Tlön, predomina a idéia do sujeito único, os livros não são assinados, porque se imagina que sejam produtos de um único autor, intemporal e anônimo. Como num jogo, em que o prazer maior é a verossimilhança, Borges mostra-nos com extrema delicadeza a maneira como surge a idéia do planeta imaginário, as referências aos livros e autores que o dissecam, as peculiaridades do lugar. As descrições do mundo imaginado são deliciosas, como nas cidades invisíveis de Calvino, embora Borges, ao contrário do escritor italiano, deleite-se mais com a criação dos criadores e do processo de criação em si do que com o objeto criado.

Há também um fino humor tanto sobre os americanos (o magnata que escarnece a modéstia de um projeto de criação de um país imaginário e propõe a concepção de um planeta inteiro) como sobre os ingleses e saborosa é a crítica direta às ideologias do século XX, que soa como música num conto tão sutil e inteligente.

Entenda-se ou não como conto, aliás, o leitor "é o sujeito mais livre do mundo", como decretou o nosso genial Nelson Rodrigues, chame-se de narrativa curta ou qualquer outro nome, o fato é que A Biblioteca de Babel, de Borges, é um exercício supremo de imaginação. A Biblioteca é o universo, e se não é infinita, a questão é irrelevante, já que seus limites são inacessíveis ao homem. Não há existência fora dela, ela abarca tudo. Lá estão os homens e todas as possibilidade de combinações de 25 símbolos (22 letras, espaço, ponto, vírgula) em livros de quatrocentos e dez páginas, com todos os idiomas e formas criptográficas possíveis, distribuídos em salas hexagonais que se comunicam por meio de pequenos vãos com outras salas hexagonais ao lado e acima, como uma colmeia perfeitamente geométrica e sem fim.

A grandiosidade do universo é melhor percebida na morte: a sepultuta dos homens ocorre no ar insondável, ao vento da queda do corpo no fosso que atravessa as colunas de hexágonos e nunca termina. Borges aproveita sua Biblioteca para lançar outras imagens geniais, como a idéia do livro cíclico de Deus, cuja lombada envolve uma sala circular, ou do livro de folhas de espessura infinitesimal que poderia conter todos os livros; a idéia do falso predomínio do caos e da falta de sentido sobre a plausibilidade (já que mesmo a esmagadora maioria dos livros com combinações aparentemente aleatórias podem fazer sentido em linguagens que não dominamos; a busca pelos homens do livro sobre seu futuro entre tantos livros sem sentido e tantas biografias futuras falsas de si mesmo; a busca do livro que revela a origem do Universo/Biblioteca...

A Biblioteca de Babel é, ao mesmo tempo, a metáfora da vida de Borges, em que o mundo são os livros, e o melhor espelho de sua imaginação vertiginosa.

Daniel 10/01/2014minha estante
Este livro ficou muito tempo na minha lista "vou ler". Mas um leitor de gosto semelhante ao meu me disse que tinha achado "muito chato". Vou colocá-lo de novo na lista.


Arsenio Meira 10/01/2014minha estante
Daniel, realmente aqui, ou a gente vai gostar muito, ou vai pular fora... Eu também fiquei um tempão para ler esse livro. Uma prima minha legítima, que é fanática por Borges e Cortázar me deu de Natal o livro. Eu já tinha um outro exemplar. Estava novinho... Entao, peguei o que ganhei e resolvi ler e espontaneamente, Borges me mostrou o porque dele ser considerado gênio. Preparo-me para o Cortázar. Sem hora marcada, mas vou ler. Abraços


Flávio 24/01/2014minha estante
Daniel, Borges é fascinante. Merece ser lido.
Arsenio, excelente resenha. No ponto. Não é fácil, mas nada deveria ser tão fácil.


Thiago Ernesto 15/10/2015minha estante
Sempre um prazer ler suas resenhas Arsenio! Lembro-me que quando mencionei minha intenção de, em breve, ler Ficções você me mandou ir com calma rs Pois é, não aguentei. Assim que li Pierre Menard não me contive e tive que procurar mais Borges! Abraço!


Marcos.Azeredo 19/07/2018minha estante
Estou querendo ler este livro de Borges, já que gosto muito de literatura latina-americana, Li Garcia Márquez e Cortázar, dois grandes escritores.


Márcio_MX 09/01/2019minha estante
Gostaria muito de ter tido a oportunidade de discutir Borges com você, amigo.
Mas sua resenha já foi um alento.


Marcos.Azeredo 22/07/2020minha estante
Esperava mais deste livro do Borges.




Guilherme Amin 27/04/2024

Uma leitura do primeiro conto: ?Tlön, Uqbar, Orbis Tertius?
Segundo Borges, este conto é uma nota sobre livros imaginários: ?The Anglo-American Cyclopaedia? e ?A First Encyclopaedia of Tlön. Vol. XI. Haer to Jangr?.

A meu ver, a escolha de enciclopédias para constituírem os livros fantasiosos revela a pura paixão de Borges pelo conhecimento enciclopédico, algo que ele próprio buscava ter.

Um dos ?personagens? é o escritor também argentino Adolfo Bioy Casares, de quem Borges foi amigo inseparável na vida pessoal e profissional, tendo sido até padrinho de casamento dele com a escritora Silvina Ocampo.

A passagem adiante é uma pista que Borges nos dá para informar que uma das coisas que mais importam nestes escritos, neste livro, é a forma, o estilo como ele o escreveu. Isso serve de conforto para o leitor não esmorecer diante da aridez do conteúdo dos textos (p. 14):

?No dia seguinte, Bioy me ligou de Buenos Aires. Disse-me que tinha à vista o artigo sobre Uqbar, no volume XXVI da Enciclopédia. Não constava o nome do heresiarca, mas, sim, a referência a sua doutrina, formulada em palavras quase idênticas às que repetira, embora ? talvez ? literariamente inferiores.?

Ainda assim, Borges pressupõe ou ao menos não subestima a inteligência de seu leitor (p. 15): ?Essas quatro páginas adicionais compreendiam o artigo sobre Uqbar; não previsto (como terá notado o leitor) pela indicação alfabética.?

E aparentemente do nada, na página 18, Borges não resiste a inserir um dado sobre o islamismo e o mundo árabe em geral, pelos quais ele se interessava muitíssimo ? o que se constata claramente na coletânea ?O Aleph? (1949), por exemplo.

Em ?Tlön, Uqbar, Orbis Tertius?, Borges cria um mistério em torno de dois livros enigmáticos para construir uma espécie de aventura de intelectuais que saem em busca da possível verdade sobre: 1) uma estranha enciclopédia (?The Anglo-American Cyclopaedia?) que contém verbetes sobre um falso país chamado Uqbar; 2) uma segunda enciclopédia inaudita (?A First Encyclopaedia of Tlön. Vol. XI. Haer to Jangr?) que trata inteiramente de um planeta imaginário, de nome Tlön.

Inicialmente, Tlön aparece na primeira enciclopédia como mera região que já era imaginária e citada nos livros daquele país ignorado (Uqbar) ? páginas 15/16 do conto.

Depois, Tlön aparece como um planeta imaginário na segunda enciclopédia: ?A First Encyclopaedia of Tlön. Vol. XI. Haer to Jangr?, na qual Borges encontra o ?vasto fragmento metódico? de um planeta imaginário: Tlön, agora não mais uma região fictícia de Uqbar. A partir disso, examina a linguagem e especula as possibilidades da linguagem nas nações desse planeta, inclusive em relação a como os idiomas de lá constroem as próprias realidades locais, de um ponto de vista metafísico ? como no filme ?A Chegada? (2016), por exemplo. Desenvolve então uma complicada narrativa filosófica, associada à lógica, à matemática e à arqueologia, de difícil compreensão, que por enquanto não suscita meu interesse (páginas 22 a 28).

É em algum momento não descrito no conto que Tlön ascende da condição de ?região? mítica do país Uqbar para se tornar, Tlön próprio, um país. No pós-escrito de 1947, Borges explica que a posterior conversão de Tlön, de país em planeta, deu-se pela proposta do milionário Ezra Buckley, um megalomaníaco como muitos estadunidenses. A sociedade secreta e multigeracional que inventara Uqbar e Tlön então empreende o projeto sugerido por Buckley e designa essa revisão das falsas enciclopédias pela expressão ?Orbis Tertius? (latim para ?terceiro mundo?).

Como se trata de um conto fantástico, Borges decide acrescentar relatos de duas intrusões do mundo fantástico no mundo real (páginas 30/31), justamente num ponto em que a narrativa, pela extensão e pelo teor, estava começando a parecer realista.

Na sequência, a ?Primeira Enciclopédia de Tlön? é descrita por Borges como ?Obra Maior dos Homens?, talvez em contraponto à Bíblia, que seria a obra maior de Deus. Aparentemente, há nisso alguma referência ao pedido do milionário financiador de ?Orbis Tertius?: ??A obra não pactuará com o impostor Jesus Cristo?. Buckley descrê de Deus, mas quer demonstrar ao Deus inexistente que os homens mortais são capazes de conceber um mundo? (página 29). Em todo o caso, ambos são textos escritos, e o que Borges quer dizer é que o poder da linguagem é capaz de alterar o mundo em que vivemos.

Ao fim, Borges conclui que, desde que haja uma aparência de ordem, tanto as piores ideologias (antissemitismo e nazismo, sem prejuízo de outras) quanto a irrealidade e a estupidez (a exemplo da disseminação de pseudo-conhecimentos sobre mundos inventados, que é o caso do planeta Tlön) podem inflamar a humanidade e, afinal, emburrecê-la. E o fazem por meio das diversas manifestações da linguagem. De fato, é mais fácil obedecer pacífica e acriticamente a leis e hábitos irracionais, quando hegemônicos, do que questioná-los. A alegoria de Tlön é a da domesticação das sociedades por meio da prevalência do senso comum, introduzida pela linguagem dos agentes dominantes (?o contato e o hábito de Tlön desintegraram este mundo? ? página 32). Por isso, quando submetida à autoridade de instituições que aparentam ser bem ordenadas, ?a humanidade esquece e torna a esquecer que é um rigor de enxadristas, não de anjos? (página 32) ? de poderosos e estrategistas, portanto, e não de forças sobrenaturais ou entidades espirituais. Tanto é assim que o megalomaníaco Ezra Buckley queria, com as enciclopédias, ?demonstrar ao Deus inexistente que os homens mortais são capazes de conceber um mundo? ? por meio da linguagem.

Na interpretação que faço do conto, a realidade, então, é ordenada pelos que detêm o poder, seja nas sociedades capitalistas, seja nas ditaduras de esquerda: eles é que determinam não só o presente, como as memórias do nosso passado ? basta ver as correntes revisionistas da história que ainda hoje grassam. Quando a estupidez generalizada enfim dominar a sociedade, ?aí desaparecerão do planeta o inglês, o francês e o mero espanhol. O mundo será Tlön? (página 33).

Mas será que podemos fazer algo para impedir isso? Que poder temos contra as nações hegemônicas, contra os monopólios empresariais, contra os Putin, Maduro, até os Elon Musk deste planeta? Ciente de sua impotência, de que morrerá sem conseguir parar essa escalada, Borges resolve sossegar a mente, finalizando o conto: ?nada disso me importa; continuo revendo, na quietude dos dias do hotel de Adrogué, uma indecisa tradução quevediana (que não penso publicar) do ?Urn Burial? de Browne?. ?Urn burial? pode ser traduzido, justamente, como ?urna mortuária?. De todo modo, essa acomodação, que Borges não consegue deixar de encarar (no espelho, metaforicamente), o assombra: ?os espelhos têm algo de monstruoso? (página 15).
Kassio Coimbra 27/04/2024minha estante
Estou encantado com seu texto. Não sei se conseguiria ler esta obra diante da complexidade, mas fiquei instigado a tentar! ???????


Guilherme Amin 28/04/2024minha estante
Obrigado, amigo! ??


Vania.Cristina 28/04/2024minha estante
Eu já estava querendo ler Borges, agora então...


Guilherme Amin 28/04/2024minha estante
Que bom, Vania!




Aninha 15/01/2011

Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair...
Li certa vez um poema (Instantes) atribuído a Borges e me encantei: que sensibilidade!
Hoje, discute-se a autoria dele, mas o nome ficou e, por isso, aceitei ler essa coletânea de contos, quando um amigo me ofereceu o empréstimo da obra.

A questão é: me decepcionei um pouco... O livro é cansativo, confuso e só terminei de teimosa!

OK, existem "insights" interessantes, mas não deixam a obra fluída, gostosa de ler.

De um modo geral, ele fala sobre o acaso ("A loteria na Babilônia"), países e planetas imaginários ("Tlön, Uqbar, orbis tertuis"), a grandiosidade dos livros ("A biblioteca de Babel"), memória ("Funes, o memorioso"), duelos mortais (" O fim" e o "O sul"), o segredo da vida ("A seita da fênix), traição (" A fome da espada").

São temas interessantes, instigantes, e não raro os contos são recheados de fantansia e mistério, mas falta aquela "pegada" para nos prender.

Prá quem quer conhecer um pouco mais desse grande escritor argentino, vale a pena arriscar a acompanhar o pensamento e raciocínio dele.

"Pensar, analisar, inventar não são atos anômalos, são a respiração normal da inteligência." (pág 44)

"...pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair..." (pág 108)

Boa leitura!
http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com/2011/01/ficcoes.html
larissa dowdney 29/01/2011minha estante
penso como você, paulinha!


Ivan 16/02/2012minha estante
Concordo plenamente.


Aninha 17/02/2012minha estante
Como o autor mesmo disse, "pensar é abstrair". Para ler essa obra então, haja abstração!

Ivan e Larissa,
bjos e...obrigada pela visita!
:)


Nalí 23/02/2012minha estante
Achei que o livro exigia mais a atenção e, por isso, li um ou dois contos por dia, no máximo. Não acho que seja cansativo no sentido de ser chato, mas de pedir um leitor mais maduro (como leitor, não maturidade de vida)...




Oz 28/04/2017

Original e chato
Sem dúvida a leitura dos contos de Borges me soou como uma experiência original, já que são contos bem diferentes do que li até hoje. Ele mostra um grande potencial ao tratar de assuntos religiosos ou até mesmo psicodélicos, como em um dos contos no qual um sonho sonha outro sonho (um dos mais legais do livro).

Por outro lado, a escrita de Borges transborda uma erudição e uma estética que me parecem muito arrastadas, um texto difícil de digerir. Em diversos contos, são utilizados inúmeros personagens que eu particularmente nao sei se são reais (figuras que existiram) ou inventados (talvez seja justamente essa a intençao de Borges ao misturar ficçao com realidade), nos quais se relatam e comentam as obras literárias que esses personagens escreveram ou estão escrevendo. Achei esses contos extremamente chatos, com exceçao de "Tlon, uqbar e orbis tertius".

Fiquei com receio de ler mais coisas do Borges. Embora consiga reconhecer seus méritos, no geral achei sua leitura bem chata, talvez até por uma incapacidade minha em extrair todas as referências que ele utiliza.
Gustavo Guedes 03/04/2018minha estante
Nossa! Um dos poucos que não gostei foi Tlon, uqbar e orbis tertius. Mesmo assim, muito interessante sua análise. Pensei a mesma coisa, principalmente nos primeiros contos, mas depois essa sensação de sumiu e eu cheguei a adorar o estilo do autor. Muito legal.


Luiz Miranda 11/08/2018minha estante
Li umas 20 páginas e não entendi bulhufas. Melhor eu voltar pro Tio Patinhas mesmo...


Oz 12/08/2018minha estante
Pois é, Israel, não é das coisas mais divertidas e fáceis que tem por aí...




antuan_reloaded 18/10/2022

Em linhas gerais: a primeira parte é extremamente pedante, prolixa e academicista; por sua vez, a segunda é intrigante, sedutora e enigmática. Esta, portanto, mistura contos que flertam mais diretamente com o realismo fantástico latino-americano.

De maneira óbvia, friso que reconheço a riqueza inventiva desse conjunto de contos para a narrativa moderna, mas não podemos fechar os olhos para o fato de que o leitor de Borges não é o leitor comum.

Seu perfil de leitor é bastante específico e, sem que haja dúvidas, sabemos bem qual é, uma vez que é composto por aqueles que ocupam aos borbotões os corredores e salas de aula da academia.

[Revisão da nota]
Qlucas 19/10/2022minha estante
Excelente resenha


laranjai 19/10/2022minha estante
Lacre!


underlou 19/10/2022minha estante
A crítica ferrenha.




Gláucia 18/01/2017

Ficções - Jorge Luis Borges
Em 2012 li O Aleph e não entendi bulhufas, decidindo que não leria mais nada do autor. Mas ano passado a Aline Aimée iniciou o projeto #lendoficções onde gravou vídeos para cada um dos contos, cuja leitura era feita a cada 1 ou 2 meses e resolvi acompanhar. Devida à minha dificuldade em compreender seus contos, assistia aos vídeos antes e após a leitura de cada um. Clareou um pouquinho minha compreensão, mas fiquei impressionada em quanta coisa implícita há em cada um que eu jamais conseguirei alcançar sozinha. Para quem consegue penetrar nos labirintos da mente imaginativa do autor, esses vídeos acrescentarão um ganho muito grande à leitura. Minha eterna admiração à Aline e sua fala calma, segura, carregada de conteúdo e ao mesmo tempo despretensiosa.
Concluí que não é mesmo para mim, mas destaco dois contos que gostei e até consegui entender alguma coisa sem a ajuda dos universitários: A Morte e a Bússola e O Fim (esse último muito bonito).
22/02/2017minha estante
Gostei da sua sinceridade.


Gláucia 23/02/2017minha estante
Não dá pra querer enganar, vai que alguém pede pra eu explicar rss


Stella F.. 31/03/2018minha estante
Li e não entendi quase nada. Entendi demameira bem rasteira, então fui ao you tube e achei a Aline Aimée e assisti aos vídeos que são como aulas, e voltei a cada conto. Ainda estou nesse processo pq li o livro esse mês.




Julio.Cesar 31/07/2022

Foi suportável, no máximo. O sentimento de apatia predomina.
Apesar de não ser a pior coisa do mundo (longe disso), esse livro passou longe de me conquistar; eu simplesmente não me importava muito com o que estava acontecendo (com poucas exceções). A melhor coisa do livro, de longe, é que não é um trabalho hercúleo lê-lo (como Os Miseráveis foi as vezes, ou como foi O Hobbit na sua primeira metade). Mas nada além disso. Talvez algum dia eu me pegue relendo a obra e desenvolvendo uma opinião totalmente contrária a que estou dando agora, mas não afirmo nada.
GiSB 31/07/2022minha estante
Tive a mesma sensação. Li porque muita gente falou que o livro era bom. A leitura foi uma surpresa negativa. O livro é chato demais. Dá pra salvar um conto ou outro, mas no somatório o livro não é cativante. Aliás é um exercício de paciência.


GiSB 31/07/2022minha estante
Aliás, fuz resenha da leitura dele. De uma olhada.


Ellen256 31/07/2022minha estante
eu só peguei pra ler por causa do vídeo incrível da Tati Feltrin. Eu dei uma lida no primeiro conto, mas não me senti engajada e só por causa disso me desanimei totalmente, uma pena. Estou pensando em abandoná-lo.




Max 13/11/2022

Uma luta!
Livro é momento. Essa máxima foi minha relação com esse livro. Não houve sintonia. Tinha acabado de ler "Antes do baile verde" da Lygia Fagundes Telles e impactado pela leitura do ótimo "Manual da faxineira" da Lucia Berlin, todos livros de contos, o Ficções me pareceu um livro datado, de outro tempo, há contos incríveis como "O milagre secreto", mas não foi suficiente prá me conquistar. Borges, juro, ainda vou te dar outra chance, por hora, usando do seu linguajar, estou atrabiliário, iracundo por ti...
Débora 13/11/2022minha estante
????...sério que essas palavras foram usadas por ele? Tive que recorrer ao dicionário...?


Max 13/11/2022minha estante
Débora, ele não chegou ao ponto de usá-las, mas foi quase! ?


Débora 13/11/2022minha estante
?????




larissa dowdney 05/02/2011

Contos sobejamente cansativos. Apesar de curtos, exige uma leitura lenta que - no meu caso - causou uma certa repulsa. Indo contra a maré da maioria das pessoas que adoraram os contos, eu não gostei de absolutamente nenhum e muito menos me admirei com a escrita detalhada do Borges.

Uma decepção!
Ronnie K. 08/12/2014minha estante
Aaaahhhhhh...!


Salomão N. 15/03/2017minha estante
Também não gostei, mas não merece uma estrela. É de uma criatividade singular, apenas não me agradou!


Bob 22/07/2017minha estante
Entendo perfeitamente os elogios, mas também não vem me agradando.
Assim que acabar de ler pretendo reler um ou dois contos novamente, com mais calma.




Diego Rodrigues 07/11/2023

"Suspeito que a espécie humana - a única - está em vias de extinção e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta."
Publicada originalmente em 1944, "Ficções" é uma coletânea de contos do escritor argentino Jorge Luis Borges. O volume, dividido em duas partes, reúne narrativas dos cadernos "O jardim de veredas que se bifurcam" (1941) e "Artifícios" (1944). São histórias que trafegam entre o fantástico e o real e que, mesmo tão distintas, compartilham um quê de estranhamento. Para tecê-las, Borges lança mão de livros fictícios, falsas biografias, paradoxos temporais, o mundo dos sonhos, guerras, espionagem, assassinato, sociedades secretas, temas bíblicos e a morte. Mas a variedade não se resume à temática, o autor também é muito inventivo no narrar da história - em alguns casos, fazendo o uso de textos acadêmicos para defender autores e obras que sequer existiram. O título "Ficções" faz todo o sentido aqui, pois é um livro que realça o poder que a mesma tem de impactar a realidade.

Alguns dos meus contos favoritos foram: "As ruínas circulares", que fala de um sonhador tomado pela obsessão de sonhar um homem e trazê-lo ao mundo real, mas durante o processo acaba por descobrir a insignificância da própria existência. "A loteria da Babilônia" nos apresenta um sistema de loteria diferente, onde a Companhia, como é chamada, não só sorteia prêmios em dinheiro como também prisões, castigos e até mortes. Essa foi a solução que a organização secreta encontrou para que o povo não perdesse o interesse em jogar. O problema é que o tempo passa e ninguém mais sabe o que é ou não obra da Companhia, nem mesmo se sabe se ela algum dia realmente existiu, mas todos continuam jogando e a loteria se torna então uma espécie de caos necessário, talvez uma analogia às vicissitudes da vida e a falta de sentido da mesma.

Em "A biblioteca de Babel", adentramos uma biblioteca de proporções imensuráveis que supostamente retém todo o conhecimento humano, bem como as possiblidades de realidade. Porém, seus livros parecem estar numa linguagem desconhecida e ninguém consegue decifrá-los. Pessoas formam grupos para investigar, outras para destruir. Há ainda aquelas que enlouquecem, brigam ou se suicidam. O conto reforça a ideia de que quanto mais possibilidades temos diante de nós, menos certeza temos sobre qualquer coisa, inclusive sobre nós mesmos.

"Funes o memorioso", o meu favorito, narra a história de um jovem que sofre um acidente e desenvolve uma espécie de memória sobre-humana. Ele não apenas consegue acessar memórias de toda a sua vida pregressa, como aprende novas línguas e desenvolve fórmulas matemáticas. Porém, não há vida em seu raciocínio. Ele apenas cataloga tudo o que vê, sem participar da vida ao redor. É um conto que fala sobre a importância de se esquecer. Precisamos pagar um preço pela nossa humanidade e aceitar que somos falhos, não absorver toda informação é um processo natural e o fato de conservarmos melhor as memórias que estão ligadas a traços afetivos é um lembrete constante disso. Do contrário, não passaríamos de robôs.

Fora esses, o livro possui muitos outros contos interessantes que propõem profunda reflexão e debate acalorado. Os fãs mais assíduos de Borges dizem que lê-lo é uma experiência única - experiência esta que eu nunca havia tido até então e que agora posso corroborar. Geralmente, livros de contos possuem muitos altos e baixos, mas aqui a coisa é realmente nivelada por cima. Suas narrativas ficam ecoando em nós e, dias, semanas ou até meses depois, ainda nos pegamos pensando nelas e até mesmo chegando a novas conclusões. Confesso, é um pouco desafiador também. Borges não é o tipo de autor que entrega as coisas de mão beijada, suas narrativas exigem algo do leitor, mas isso só torna a experiência de leitura ainda mais rica, recompensadora e única. "Ficções" é o tipo de livro que presenteia aqueles que gostam de se debruçar sobre o que foi lido e não apenas guardar o volume de volta na estante e partir para o próximo.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 07/11/2023minha estante
Acho que os contos de Borges parecem com os de Clarice e com os de Machado. Não entregam as coisas de mão beijada para o leitor.

Mto bom o conto de Babel! Ainda mais hoje que temos tantas possibilidades ao alcance de nossas mãos sobre tudo. Adorei os outros temas tbm. Acho que vou gostar mais de ler as suas resenhas do que os contos em si. Kkkk


Diego Rodrigues 07/11/2023minha estante
Venho acompanhando seus históricos da Clarice e acho que a comparação faz sentido. São contos que às vezes deixam a gente meio "no ar", mas depois de pensar conseguimos chegar a algum lugar (ou não).

Leitura assim não é pra todo momento, e talvez nem seja pra todo mundo, mas quando pega a gente de jeito é maravilhoso!




spoiler visualizar
GiSB 14/12/2021minha estante
Comprei pra ler. Estou na expectativa pra ver se o tal do Borges é esse rei da cocada preta que todo mundo diz. Comprei Tb o jogo da amarelinha dele, pelo nosso motivo. Mas gostei da sua resenha, cativante e instigante.


caio.lobo. 14/12/2021minha estante
Borges é um alucinógeno




Mada 11/05/2020

Essencial
Não é todo mundo que me faz sonhar enquanto leio, tenho dificuldade em criar visualmente um mundo na imaginação. Não é tudo que leio que fica no meu mundo pra sempre ou muito tempo depois de lido. Mas Borges tem essa coisa de ativar algo em mim que parece que sempre esteve lá, inscrito em algum lugar que nem sei. Ele fornece imagens que conheço, imagens universais que me habitam sem eu sequer desconfiar que havia em mim quarto para elas. É assustador e lindo.
Alê | @alexandrejjr 25/09/2020minha estante
Não sentiu dificuldades, Mada? Fui tentar ler uma vez e achei o texto erudito demais, levemente inacessível. Vou tentar futuramente, mas agora com a ajuda do "Borges babilônico", espécie de enciclopédia de verbetes borginianas.


Mada 26/09/2020minha estante
Oi! Olha... Entendo tua impressão do texto. Realmente não é uma leitura simples, o texto possui muitas camadas e a própria narrativa é bastante "labiríntica" mesmo. Não tive grandes dificuldades porque é o tipo de narrativa que mais me agrada, é o tipo de história que me prende e me fascina e que, por consequência, leio muito. Acho que vai bastante disso também, depois de um tempo lendo textos desse tipo tu vai compreendendo os mecanismos...




Ghuyer 19/01/2022

Eu não sei o que estou fazendo aqui, tenho apenas 30 anos
Eu não tenho maturidade para fazer uma resenha sobre Jorge Luis Borges. É possível que a genialidade do mestre argentino ainda não esteja ao meu alcance. Gostei da maioria dos contos nesta seleção. Alguns são brilhantes, outros intrigantes, e muitos não me pareceram ser nada demais - talvez não por acaso alguns desses são os que mais vejo serem elogiados como obras-primas, então o problema deve ser eu mesmo.
Marcelo.Alencar 04/02/2022minha estante
Acho que era assim. Há alguns anos comecei a ler. Parei. Hoje, mais maduro como leitor, vou pegar de volta na prateleira de casa.


Carolina 01/10/2023minha estante
Acho que quem leu acha que entendeu ? mas só quem entendeu foi que escreveu ?




Gabriela Gonçalves 06/04/2022

Queria muito ter gostado, mas estou achando que Jorge Luis Borges não é para mim. Foi muito difícil continuar a leitura porque a maioria dos contos eram muito chatos e não tinham propósito algum. Parecia que eu lia e saia do ponto A pro ponto -A. Realmente eram Ficções que brincavam com coisas reais e imaginárias, mas que eram extremamente cansativas de ler sobre o assunto. A escrita do autor também é um pouco complicada, não é difícil de compreender, mas não achei muito fluída. Enfim, eu já tinha lido um outro livro dele (não era de contos), mas faz muito tempo e não lembro bem. Mas depois dessa experiência, estou receosa de pegar outros escritos dele.
Elói 06/04/2022minha estante
Eu nunca consegui terminar o meu. O único conto que gostei até onde li foi o da biblioteca. Tirando esse, pra mim parece um advogado querendo muito mostrar que sabe falar juridiquês fluente nos seus escritos de literatura?


Alê | @alexandrejjr 07/04/2022minha estante
Eu também desisti desse, mas não do Borges. Indico dois outros livros fininhos dele: "História universal da infâmia" e "O informe de Brodie".




Jonara 06/07/2010

Ler as ficções de Borges é como entrar num labirinto de espelhos. A gente escolhe um caminho, anda até o fim e dá de cara com uma parede. Retorna, se ilude com um espelho e encontra outro beco sem saída. Anda pra um lado, pra outro e se perde completamente. Isso é especialmente interessante. Eu pelo menos, duvidava do que tinha lido. Li cada conto mais de uma vez, e tinha certeza que não tinha lido direito, que tinha perdido alguma parte. Pretendo ler de novo, porque parece que este é um livro sem fim, nunca se lê um conto da mesma maneira.
Marcela Kühn 06/07/2010minha estante
Sem dúvida, achei que foi muito bem dito. Um livro que não acaba, infinito. Além de muitas vezes ser ininteligível!
Parabéns pela resenha


Patricia 28/04/2012minha estante
Você descreveu com precisão a minha impressão do livro. Eu me dei ao trabalho de relê-lo e ainda assim todos os contos parecem totalmente non-sense com exceção de "As Ruínas Circulares" o qual tem um final óbvio.




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