phdeandrade 20/01/2024
Finalmente, consegui terminar meu primeiro Borges
Abandonei esse livro várias vezes pois eu não conseguia compreender a escrita de Borges. Hoje em dia eu sou fascinado pelos mundos que ele evoca com as palavras. Ou, melhor, com o mundo real com infiltrações do fantástico. Os textos com tom realístico e quase enciclopédico são pano de fundo para uma realidade insólita e fantasiosa. Alguns textos falam da própria obra do Borges, de coisas que ele mesmo inventou e decidiu comentar como se elas já fizessem parte da realidade. Maioria deles é assombroso: tratam do infinito, do tempo, da repetição, dos labirintos, dos espelhos. Como ele mesmo diz em Tlön, Uqbar e Orbis Tertius, há algo de assustador nos espelhos. Acredito que esse livro não se esgota, ele é imenso, apesar de ser breve. Como um buraco negro: a presença dele deforma o espaço em função de sua enorme densidade. Assim acredito que sejam os contos de Borges: densos na medida certa, intensos. A mesma coisa que Julio Cortázar almeja em Alguns aspectos do conto. As melhores lições de literatura se aprendem lendo.
Com estes contos aprendi o valor da releitura, bem como também questionar o que estou lendo, prestar mais atenção, investigar... Herbert Quain, autor criado e também resenhado pelo Borges, dizia que os leitores são uma raça em extinção. Disso eu gostaria de tirar forças para ler melhor, e não mais e muito. Meus contos prediletos:
tlön, uqbar, orbis tertius;
as ruínas circulares;
a loteria da babilônia;
exame da obra de herbert quain;
a biblioteca de babel;
o jardim de veredas que se bifurcam;
funes, o memorioso;
tema do traidor e do herói;
o milagre secreto.