Adriana 30/05/2012A Lista Negra é minha quarta leitura do Debut Author Challenge Brasil 2012 e foi, até agora, uma das que mais conseguiu me agradar (juntamente com Estilhaça-me). Com um foco totalmente diferente dos demais, aqui não temos um romance sobrenatural adolescente, mas sim um drama profundo, escrito de forma inteligente e bela por Jennifer Brown.
A obra é um Young Adult que nos conta a vida de Valerie Leftman, jovem que já tinha uma vida “ligeiramente” problemática (pais com o casamento em crise, bullying pesado na escola, namorado cada vez mais estranho e distante…) até que o inacreditável acontece e tudo isso passa de “problemático” à brincadeira de criança perto do que a aguardava.
O diferencial do livro, além da ambiguidade de emoções que sentimos pela protagonista, é a forma como conseguimos nos colocar no lugar de da mesma. Eu li pensando e sentindo isso o tempo todo, até porque é só fechar os olhos ou abri-los e ler as páginas, hehe para começarmos a imaginar…
“Sou uma garota jovem e bonita, mas o relacionamento em crise dos meus pais me afeta mais do que deixo transparecer. Não consigo mais fingir que acho legal o comportamento de meus colegas populares, outrora amigos, que cresceram e se tornaram tão diferentes. Me visto de forma diferente da deles, penso de forma diferente, gosto de músicas diferentes… Mas não acho que esta diferença justifique violência e o comportamento agressivo que começam a ter em relação à mim.
Encontrei alguém que me entende, um garoto problemático, como eu. Não percebo que sua raiva do mundo é muito mais profunda e densa do que a que eu imagino ter. No fundo, só queria ser aceita e viver minha vida, sem apelidos como Irmã da Morte.
Começo uma lista, uma lista das pessoas que eu mais detesto, que me machucam, me agridem, uma lista de pessoas que quero ver mortas. É uma forma de terapia, é um jeito que encontrei para desabafar. Nunca esperava que aquilo fosse acontecer, nem mesmo desejei realmente a morte delas. Compartilhei a lista com Nick Levil, meu namorado e amigo há tantos anos, porque sabia que ele entenderia. O problema foi que ele entendeu bem demais.
Entendeu tão bem (e, por outro lado, de forma tão errada, pois eu não queria aquilo de verdade) que assassinou a sangue frio todos na minha escola que conseguiu encontrar e que estavam listados lá.. Acabou me acertando quando defendi a garota que mais me agredia e depois se matou. Ele está livre, eu, por outro lado, sobrevivi…
Sobrevivi só para ver a mágoa e a raiva no olhar de todos que eu conheço a culpa que todos me atribuem pelas mortes, até mesmo meus pais, até mesmo minha mãe, que deveria estar do meu lado para tudo.”
A história é assim, profunda, angustiante, absolutamente real. Tão real que é impossível desgrudar das páginas, desejando saber o final. O livro me conquistou por todo o conteúdo, pela forma de narração e pela protagonista tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Uma menina que não tem mais nada nem ninguém por ela, que sente saudades do assassino de sua vida porque nunca teve alguém que a entendesse tanto por perto.
Com certeza recomendo demais esta leitura e só retirei uma estrela porque estava esperando um final mais conclusivo, embora até entenda os motivos da autora para deixar tudo “em aberto”. Leiam!
Resenha em http://mundodaleitura.net/?p=3770