Recebi o kit de Viva Para Contar no início do mês e não estava muito empolgada. Afinal ele é o quarto livro da série "D.D. Warren" e não gosto muito de ler livros assim. Contudo tinha que admitir que li Myron Bolitar fora de ordem e não teve nenhum problema, portanto existia uma grande chance de não ter problemas em relação à continuidade. O que mais me chateou foram as pessoas que aprovam livro no Skoob aprovar sem essa informação. O livro é o quarto da série e não adianta esconder. É minha obrigação como blogueira e acima de tudo como leitora divulgar que ele é o quarto da série e não um livro avulso. Tirando esse fato que me chateou bastante (já corrigiram) só tenho elogios para o livro. D.D. é uma personagem ótima e a autora desenvolve a trama com muita naturalidade e habilidade.
Antes de falar sobre a história do livro preciso dizer que ele é narrado por vários personagens. A cada novo capítulo um personagem. Temos em primeiro lugar Danielle, a enfermeira psiquiátrica e única sobrevivente de um massacre. O pai matou toda a família e a deixou para trás. Quase 25 anos depois ela ainda não superou o trauma. Depois conhecemos D.D., a detetive linha dura e apaixonada por comida. Ele estava no meio de um dos raros encontros arranjados quando recebeu o chamado. Um assassinato aconteceu no subúrbio. A família toda morta e o pai, possível assassino, estava em estado crítico no hospital. A próxima personagem é Vitória, mãe de Evan, uma criança de 8 anos com problemas psiquiátricos, uma criança instável, que pode explodir a qualquer momento e vive ameaçando a mãe de morte.
É nesse cenário que se desenvolve a história de "Viva Para Contar". O tema central é crianças com distúrbios comportamentais, emocionais e psiquiátricos, mentais. A autora fez uma pesquisa excelente para desenvolver tão bem a trama. Danielle trabalha na ala de psiquiatria infantil do hospital de Boston e é lá que grande parte da trama de passa e se desenrola. Lisa Gardner conseguiu descrever com precisão como funciona o tratamento dessas crianças e o que as levam para aquela ala. No meio da história conhecemos um pouco desse universo. Crianças tão traumatizadas que não se desenvolvem e tornam-se selvagens. D.D desconfia que a família Harrington não foi morta pelo pai, mas pelo filho mais novo, Ozzie. Um garoto com indícios de psicopatia. No meio de várias possibilidades e reviravoltas acompanhamos dia após dia a investigação e os rumos inesperados que ela toma. Estaria aquilo tudo ligado ao passado de Danielle?
Fiquei consternada com algumas passagens e foi muito bom aprender um pouco sobre esse universo. Não tenho proximidade com o assunto e não conheço ninguém com esse tipo de problema, mas gosto de tudo que envolve o estudo de doenças mentais e psiquiátricas. Foi interessante e triste a narrativa da autora. Ela conseguiu mesmo que superficialmente falar de um tema que muitos fogem. Ninguém imagina que o filho não seja apenas mal criado, ou apenas bagunceiro. Poucos são os pais que admitem que o problema dos filhos deles vai além do comum a toda criança. Não gosto nem de pensar na angústia e na tristeza que deve ser ter um filho que se não tratado pode virar um psicopata, uma pessoa que cometerá monstruosidades antes mesmo de completar 18 anos.
D.D. é uma personagem muito boa, adorei o jeito durão da detetive. O que no começo desconfiei que ficasse clichê acabou sendo um charme a mais. Ela pode ser um pouco cabeça dura, mas me convenceu como detetive, ao contrário de muitos outros livros que fazem seus detetives muito irreais. Isso sem falar as diversas referências que ela faz a filmes e séries. Adorei a referência a Star Wars e a Senhor dos Anéis. A autora nos induz a várias conclusões erradas. O que a princípio estava claro começou a ficar duvidoso e depois de certo ponto não tinha certeza de nada. Primeiro achei que era X, depois Y e no final Z. Acabou que em um vai e volta de pistas acertei o assassino.
Leitura rápida, fluida e com o ritmo certo para uma trama policial. Nem rápido demais e nem lento. A escolha do tema também foi muito boa. Misturar uma sobrevivente de um massacre familiar com doenças psiquiátricas infantis foi original. Aliás (...)
Termine o último parágrafo em: http://cultivandoaleitura.blogspot.com/2012/05/resenha-viva-para-contar.html