Annie 31/08/2012A Casa das Orquídeas, por Ana NonatoVeja também em: http://seismilenios.blogspot.com.br/2012/08/resenha-casa-das-orquideas-lucinda-riley.html
Enredo
Uma propriedade parada no tempo e seu herdeiro.
Uma pianista renomada e sua tragédia pessoal.
Uma história de amor que os une.
Em A Casa das Orquídeas, a personagem principal é Júlia, uma pianista conceituadíssima. Ao se deparar com um lastimável acontecimento envolvendo duas pessoas muito queridas, a moça decide se enclausar, se distanciar do mundo, vivendo apenas de escuridão e solidão. Os poucos momentos em que passa fora de um chalé úmido e afastado da civilização são proporcionados por sua irmã, que insiste em trazê-la de volta à realidade, o que Júlia não está pronta para fazer neste momento.
A única coisa em que consegue pensar com carinho é Wharton Park, propriedade da família para a qual sua própria trabalhava. A pequena pianista cresceu em torno daquelas terras e as amava como se fossem sua própria casa, embora tenha entrado no casarão apenas uma vez.
Kit Crawford era uma lembrança remota para Júlia... O garoto que a ouvira tocar na única vez em que esteve lá dentro. Os dois tornam a se encontrar durante um grande leilão que está acontecendo em Wharton Park. A casa está caindo aos pedaços e cheia de dívidas. Kit, o único herdeiro, não tem condições de custear as despesas. Além disso, a propriedade não lhe traz lembranças melhores que a da velha tia rabugenta que lá vivia.
A partir deste pequeno contato, muitos elementos de suas histórias, incluindo fatos anteriores ao nascimento dos dois, vêm à tona. Um diário, que parecia inofensivo, promete mudar-lhes a concepção de mundo, embora eles mesmos já estejam mudando as suas próprias.
A descrição espacial neste livro tem uma ênfase bastante notória, já que se passa em muitos lugares desde a Europa até o Oriente. Em muitos momentos é bastante charmosa, pois leva o leitor a lugares desconhecidos com uma precisão ímpar; todavia, em outros a autora acabou por se descuidar e exagerou na dose de descrições, tornando a leitura bastante arrastada nestes trechos.
O tempo é bem definido, já que o enredo possui duas partes temporais: o presente (de Júlia e Kit) e o passado (de Olívia e Harry). Em alguns momentos, esta concepção ficou pouco palpável por falta de adequação e descrições adequadas aos cenários de época. Por exemplo, os tempos passados mesclam costumes tradicionais com invenções e inovações em outros costumes. Todavia, sem um embasamento melhor, tudo aparenta estar um tanto bagunçado. A sensação é bem próxima à que o leitor sentiria se lesse um livro de Jane Austen em que as meninas dirigiriam carros.
As personagens são bastante complexas, embora não tanto quanto a das quatro personagens principais. O modo como pensam, como se relacionam entre si, tudo está perfeitamente incluso na narração onisciente em 3ª pessoa do singular.
A criatividade: não são novos os romances que mesclam histórias de amor em meio a guerras, mas alguns outros fatores (como as flores, por exemplo, que têm um papel importante) acabam diferenciando um pouco este enredo dos demais.
O andamento é bastante lento. Além de muitas descrições (que não são de todo ruins, como acima explicitado), a autora faz com que o leitor saiba vários pormenores históricos e sobre as próprias personagens, tornando este enredo mais vagaroso que o normal.
Quanto ao enredo, uma frase o explicita bem: muitas informações em um mesmo lugar. Nada do que acontece é impossível, mas há uma sucessão de fatores "fantásticos" que acabam por torná-lo perfeito demais. Exemplifica-se o caso da tragédia envolvendo os dois entes queridos de Júlia (não será descrito aqui por ser spoiler). É possível que aquilo aconteça, mas bastante improvável se adicionarem-se os outros acontecimentos.
Estrutura "Artística"
A capa e a contracapa se combinam. Enquanto a parte da frente representa o presente, a parte de trás representa o passado. Dualidade pertinente ao enredo.
A diagramação é boa e as letras são de um tamanho razoável, tornam a leitura adequada.
A sinopse serve bem ao seu propósito: informa o leitor de que se trata o livro e ainda consegue colocar um gancho ao final.
Alguns aspectos não foram bem planejados, de modo que se excederam durante a história.
Estrutura Física (Materiais)
As páginas são de qualidade e amareladas, não tornam a leitura mais cansativa.
O material de capa tem boa resistência, sendo pouco suscetível a vincos e amassados.
Análise
Enredo (x2): 2,08
• Espaço (x2): 2 (regular);
• Tempo (x2): 2 (regular);
• Personagens (x2): 3 (boas);
• Criatividade (x1): 3 (boa);
• Andamento do enredo (x2): 2 (regular);
• Início, meio e fim (x3): 2 (regular);
Estrutura Artística (x1): 3,67
• Capa (x1): 4 (muito boa);
• Diagramação (x1): 5 (ótima);
• Fontes (x2): 5 (ótimas);
• Sinopse (x2): 4 (muito boa);
• Enredo (x3): 2 (regular);
Estrutura Artística (x1): 5
• Capa (x1): 5 (ótima);
• Páginas (x2): 5 (ótima);
Nota final: [3*(2,08) + (3,67)*1 + (5)*1 ]/5= 2,98 (REGULAR)
Gostei da obra?
Para dizer a verdade, não gostei. Demorei demais para ler e não foi por falta de tempo. Simplesmente patinei de forma absurda. Se fosse só porque eu não gosto muito de histórias perfeitinhas, vá lá, mas quando me comprometo a ler um livro me dispo de todos os meus gostos para analisar da forma mais crítica possível. Uma decepção.