Ju 24/02/2013A Arte da ImperfeiçãoA Arte da Imperfeição é um livro escrito por Brené Brown, pesquisadora/escritora/professora na Universidade de Houston. E não, não é um manual do que fazer. Como a autora esclarece, a pesquisa dela fala mais do que evitar. E logo no início já declara:
"Vou contar a história de como uma acadêmica cínica e convencida tornou-se o estereótipo que ela passou toda a vida adulta ridicularizando."
O livro fala sobre aceitar ser quem nós somos, e não passar a vida toda tentando ser quem achamos que devemos ser (isso ela chama de revelação).
"Assumirmos nossa história e amar a nós mesmos nesse processo é a coisa mais corajosa que podemos fazer."
Sempre achei o medo a coisa mais detestável do planeta, o maior inimigo de qualquer ser humano. Brené junta a ele a vergonha. Segundo ela, medo e vergonha são as coisas mais danosas a alguém que queira viver uma Vida Plena.
"Vergonha é o sentimento intensamente doloroso decorrente de acreditarmos que somos defeituosos e, portanto, indignos de amor e pertencimento".
René mostra como a resiliência, a habilidade para superar adversidades, é importante para superar a vergonha. Segundo a autora, são necessárias coisas como coragem, compaixão e sintonia, que ela chama de os dons da imperfeição. E o que ela quer dizer com esses conceitos? Vejamos a seguir:
"- Coragem originalmente significava: " falar o que se pensa abrindo o coração". (...) Coragem comum diz respeito a arriscar nossa vulnerabilidade;
- Pessoas compassivas estabelecem limites. (...) Quanto melhores formos em nos aceitar e aceitar aos outros, mais compassivos nos tornamos. (...) Se realmente desejamos praticar compaixão, temos que começar a estabelecer limites e responsabilizar as pessoas por seu comportamento;
- Defino sintonia como "a energia que existe entre pessoas quando elas se sentem vistas, ouvidas e valorizadas; quando podem dar e receber sem crítica; e quando retiram sustento e força do relacionamento"."
A autora ensina que, quando uma situação que provoca vergonha se apresenta, o melhor que temos a fazer é dividi-la com alguém. Mas precisa ser alguém que conquistou o direito de ouvir nossa história. Alguém que não se preocupe em passar a mão na nossa cabeça, nem em nos julgar. Alguém que nos ajude a perceber que não somos definidos por uma atitude isolada, e que não deixaremos de ser amados por alguma coisa que fizemos.
"Até que consigamos receber com todo o coração, não estaremos dando com todo o coração. Quando criticamos o recebimento de ajuda, estamos, consciente ou inconscientemente, criticando o fornecimento de ajuda."
Segundo ela, não é possível amar e conhecer outras pessoas, antes que pratiquemos o amor-próprio e o autoconhecimento. Só na medida em que amamos e conhecemos a nós mesmos podemos fazer isso com os outros.
"Se desejamos uma experiência integral de amor e pertencimento, devemos acreditar que somos merecedores de amor e pertencimento."
Não dá pra falar aqui de todos os assuntos abordados no livro. A autora divide conosco uma pesquisa de dez anos, e que contém muitos conceitos formulados por ela tendo como base suas pesquisas qualitativas. Divide também sua própria vida, e sua busca constante pela autenticidade, que teve seu ponto máximo no "Colapso Despertar Espiritual de 2007". Foi quando ela começou a enxergar melhor a si mesma.
É um assunto interessante e vale a leitura. Tentem passar por cima do preconceito com o gênero autoajuda e deem uma chance ao livro.
"Alegria parece ser um passo além da felicidade. Felicidade é um tipo de atmosfera em que você vive, às vezes, quando tem sorte. Alegria é uma luz que preenche você com esperança, fé e amor."
Adela Rogers St. Johns
Publicada originalmente em: http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2013/02/resenha-arte-da-imperfeicao.html