spoiler visualizarPaulo Henrique 28/05/2016
Não se preocupe se você é quieto.
Atualmente calculasse que 2/3 das pessoas que conhecemos são extrovertidas, portanto a maior parte daqueles com quem trabalhamos buscam, conforme Carl Jung em seu livro Tipos Psicológicos suas energias nos outros. Os introvertidos, também erroneamente classificados como tímidos, já preferem uma reflexão mais interna. Não quero dizer que todos os extrovertidos adoram uma festa e nem que os introvertidos prefiram ficar sempre em casa assistindo a um bom filme, mas conforme retrata o livro O Poder dos Quietos, de Susan Cain, alguns mitos existem sobre até que ponto a introversão é considerada um entrave para o desenvolvimento de uma pessoa em uma sociedade em sua maior parte extrovertida.
O livro cita alguns casos exemplares de introvertidos que se tornaram bastante famosos, tais como Albert Einstein, Barack Obama, Chopin, Steven Spielberg, J.K. Rowling e Bill Gates, o que significa que sem os introvertidos talvez o mundo não tivesse:
• A teoria da gravidade;
• A teoria da relatividade;
• Os noturnos de Chopin;
• Peter Pan
• A lista de Schindller, E.T. e Contatos imediatos de terceiro grau;
• Google
• Harry Potter, etc
O livro nos leva também a refletir sobre uma discussão entre o “Culto a Personalidade” e “Culto ao Caráter” sendo que este último tenha infelizmente ficado um pouco esquecido na sociedade, que passou acreditar mais na capacidade de nos vendermos do que em quem realmente somos. Isso é retratado no livro quando aborda a quantidade de material disponível que auxilia você a vender-se para os outros ou como se tornar mais popular.
De forma a tentar apresentar os motivos que levam a sociedade a ter mais extrovertidos e das empresas adotarem esse padrão de personalidade, a autora trata do mito da liderança carismática da Harvard Business School, uma escola que de alguma maneira molda os padrões de administração atual, baseados na resposta rápida e assertivas em vez de tomadas de decisões tranquila e lenta. Pergunte a seu amigos como estão os escritórios atuais das empresas onde trabalham e não se espante que alguns digam que as paredes estão sendo derrubadas de forma que permita maior interação entre as pessoas, mesmo que isso o leve a ter de trabalhar ao lado de um sujeito barulhento que o impede de se concentrar. Sobre a derrubada das paredes a autora traz depoimentos de dirigentes que dizem que as pessoas estão se expondo no Facebook, então não há problemas em trabalhar sem nenhuma barreira física, mesmo que os inventores dos códigos de programação e das redes sociais tenham feito isso afastados de barulhos e confinados em algum canto. Aqui é importante ressaltar que não há nada contra a derrubada das paredes, mas sim uma idéia de que talvez a flexibilização seja a melhor maneira, criando ambientes onde também se possa trabalhar com uma certa privacidade.
Outro ponto bastante interessantes do livro está nos estudos de cientistas a respeito da introversão, tais como os dados referente a herança genética, ou seja, parte do seu comportamento é sim herdado. Além disso há comentários sobre estudos que mostram que uma pessoa tem sim capacidade de se moldar a determinados padrões, mas que há um limite exemplificado por Bill Gates nunca será Bill Clinton sendo a recíproca verdadeira.
Não há uma personalidade melhor, mas uma diversidade de personalidades mantida pela seleção natural.
Extrovertidos têm uma tendência maior a ser altamente sensíveis a recompensas, enquanto os introvertidos têm uma tendência maior a prestar atenção a sinais de alerta.
A falta de inclinação dos introvertidos a acelerar não é apenas uma proteção contra riscos; ela também é uma vantagem quando se trata de tarefas intelectuais.
Introvertidos não são mais inteligentes do que extrovertidos. Mas introvertidos parecem pensar com mais cuidado.
“Não é que eu seja mais inteligente, é que eu passo mais tempo com os problemas” Albert Einstein
“De uma forma suave, você pode sacudir o mundo” Mahatma Gandhi
Um aspecto bastante retratado é o das diferenças culturais, principalmente entre orientais e ocidentais, sendo que os primeiros são mais introvertidos. Essa diferença é retratado com análises feitas nos campus de universidade americanas que estão cheias de orientais.
Após extensas análises o livro mostra entretanto que o fator introversão não impede por exemplo de alguém ser um excelente palestrante.
Sim, estamos apenas fingindo ser extrovertidos e, sim, tal falta de autenticidade pode ser moralmente ambígua (para não dizer exaustiva), mas se é a serviço do amor ou de um chamado profissional, então estamos fazendo o que Shakespeare aconselhou. “Seja verdadeiro para si mesmo” William Shakespeare.
Então, quando introvertidos assumem papel de observadores, eles não estão demonstrando falta de vontade ou energia. Eles simplesmente estão fazendo o que sua constituição manda.
Por fim o livro entra em uma abordagem sobre a criação dos filhos, onde uma historinha sobre o general e o sapateiro de Mark Twain é contada, tratando da procura de um homem sobre o maior general que já havia surgido na Terra. Ao ser informado da morte do general o homem resolveu falar com São Pedro que prontamente indicou um sapateiro, deixando o homem contrariado e dizendo que aquele fora um simples sapateiro, tendo então São Pedro respondido: “Eu sei disso – mas se ele tivesse sido general, teria sido o maior de todos”.
Se você é um gerente, lembre-se que 1/3 de sua mão-de-obra é introvertida...não espere que fiquem empolgados com escritórios abertos, festas de aniversário na hora do almoço...Aproveite o máximo os pontos fortes dos introvertidos... como encontrar agulhas no palheiro;