Maira Giosa 16/12/2021Mais um da série "vi o filme antes", mas ainda bem que minha memória é ruim porque eu não lembrava quase nada da trama deste que é um dos maiores livros de crime da literatura ocidental. Se você ficou surpreso(a) com a revelação de que O Nome da Rosa é um romance policial, saiba que não está sozinho(a).
A julgar pelo título e capa, é difícil dizer do que se trata a obra mais célebre do italiano Umberto Eco. A premissa, no entanto, é relativamente simples: no ano de 1321, um monge inglês e seu aprendiz nórdico são convocados para investigar um misterioso assassinato dentro de uma prestigiosa abadia na Itália. De passo, o monge também é fala em nome do imperador Ludovico, então em disputa aberta com o papa da época, João XXII.
Diferente do que faz o livro, no entanto, não entrarei aqui nas minúcias teológicas a respeito dos franciscanos e sua perseguição pela Igreja Católica quando do surgimento da ordem. Porque o livro é sobre a dupla de monges visitantes tentando resolver um mistério, mas também é um tratado sobre o que aconteceu com a Igreja naquela época.
Umberto Eco era homem erudito em mais do que só literatura, e esse romance é prova disso. Muitas críticas ao livro vem, inclusive, do excesso de erudição do autor - que discorre, por páginas, sobre detalhes às vezes pouco relevantes à resolução do mistério. Mas acredito que tudo ajuda na melhor compreensão dos personagens, e esse "excesso" só me fez admirar mais a obra - achei as discussões interessantíssimas, já que tenho conhecimento quase nulo sobre História da Igreja.
Como eu não lembrava do filme, o fim do livro me surpreendeu bastante. Intrigante, a obra traz a resolução do mistério de modo, redondo, e no fim tudo fez sentido. Além disso, a reconstrução que o autor faz da vida medieval num claustro é plausível e realista. Leitura que me cativou e, portanto, está recomendadíssima!