Jojo 28/11/2021
Leitura trabalhosa
Há uns anos atrás tentei ler O Nome da Rosa, contudo, não passei das 50 primeiras páginas. São vários fatores intimidadores: os trechos em latim, cuja tradução não está no livro e o próprio leitor deve correr atrás; os conceitos e personagens cristãos, que para mim são desconhecidos, pois não sou religiosa; e o próprio contexto histórico sobre o qual sabia muito pouco.
Este ano, no entanto, decidi que iria lê-lo por completo. Para compreender o contexto e ficar imersa na história, foi fundamental pesquisar e aprender sobre esse período histórico (ano 1327), sobre a ordem franciscana e o sobre as discussões teológicas da época. Foi uma leitura bastante trabalhosa, mas muito recompensadora. Depois das 100 primeiras páginas, percebi que estava totalmente engajada e curiosa para desvendar o mistério na abadia.
O livro intercala a investigação de assassinatos com discussões filosóficas, dois assuntos que, num primeiro momento, não pareciam estar relacionados. Apesar de pausar a investigação (que sempre me deixava mais ansiosa para saber o seu desenrolar), as discussões são muito interessantes. Dentre elas, temos a questão do riso e o qual o seu valor para o homem (Jesus nunca riu?), a questão da pobreza (Jesus vivia na pobreza e assim devem viver seus fiéis?) e a questão do conhecimento como ferramenta para o empoderamento (o saber deve ser divulgado para todos ou deve ser um segredo reservado para poucos?).
Enfim, O Nome da Rosa foi uma leitura desafiadora para mim, mas foi, com certeza, um dos melhores livros que já li.