O Nome da Rosa

O Nome da Rosa Umberto Eco




Resenhas - O Nome da Rosa


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Gladston Mamede 21/02/2018

Li há 32 anos, no distante ano de 1986, ainda estudante de Direito. Um catatau que foi sendo consumido impiedosamente: não dava para largar. E vou devorado rapidamente. O mais fascinante é que Umberto Eco foi um dos grandes especialistas em Idade Média e literatura medieval. Então, mais do que um romance, ele dá uma aula sobre o medievo. Comprei uma nova edição (caí na besteira de emprestar o meu) e vou reler. Preciso reler.
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Rafaela 19/03/2018

Frases que gostei
"Pouco a pouco o homem que representa monstros e portentos da natureza para revelar as coisas de Deus, toma gosto pela própria natureza das monstruosidades que cria e se deleita com elas, e por elas, não enxergando senão através delas." O nome da Rosa. Pág. 117, Umberto Eco

"Ao relacionar esses detalhes, estou me perguntando se eles são reais, ou se eu sonhei." O nome da Rosa. Pág. 43, Umberto Eco

"O mundo inteiro é como um livro de imagens no vidro." O nome da Rosa. Pág.61, Umberto Eco

"O bem de um livro está em ser lido." O nome da Rosa. Pág. 423, Umberto Eco

"Em vez de conceber um único erro imagino muitos, assim não me torno escravo de nenhum." O nome da Rosa. Pág. 337, Umberto Eco

"A rosa antiga está no nome, e nada nos resta além dos nomes." O nome da Rosa. Pág. 527, Umberto Eco

"As coisas que mais se distanciam de Deus nos conduzem a uma opinião mais exata sobre ele..."pag. 118 O nome da Rosa
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Raquel.Faria 26/04/2018

O Nome da Rosa
A dosagem difere o remédio do veneno. O bem e o mal andam juntos. Signo, significado e simbologia. Vários crimes e uma motivação. O que é, de fato, heresia? Por que cultivar o medo e inibir o riso? A centralidade do poder e os absurdos humanos. Uma crônica da Idade Média escrita esplendidamente por Humberto Eco. Eu li "O Nome da Rosa" e me atrevi a escrever sobre ele no blog.

site: https://trazumcappuccino.wordpress.com/2018/04/17/resenha-o-nome-da-rosa-ou-o-eterno-debate-religioso-de-quem-esta-certo/
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Lucas.Armelim 06/06/2018

[Leitor dos Sonhos] O Nome da Rosa - Umberto Eco
Um belo dia, fui convidado a ler este livro com mais duas pessoas. Admito que pensei que não gostaria dele por causa da escrita. Me enganei, O Nome da Rosa é sim uma leitura pesada, não pela escrita, mas por toda a filosofia e contextualização da época.

O que me motivou a ler foi o fato da obra se tratar de uma ficção policial, passada numa época atípica ao gênero, mas que contém todos os elementos de quem aprecia uma boa história investigativa.

A história é narrada por Adso, um garoto que vive aos cuidados de seu mestre, Guilherme de Baskerville. Tudo começa com ambos chegando em um mosteiro que daqui uns dias receberá representantes importantes da igreja para resolver uma questão que o autor vai aos poucos contextualizando. Porém, ao chegar lá, eles se deparam com um crime, um mistério que precisará ser resolvido da melhor forma antes do dia da reunião. E quando eu digo “melhor forma”, eu quero dizer “sem comprometer a dignidade da abadia e de seus monges”. Guilherme era famoso por ter resolvido alguns mistérios no passado e foi imediatamente convidado a ajudar a solucionar mais esse. Ele aceita, mas comeca a perceber que o mosteiro esconde mais mistérios do que seus monges querem que sejam esclarecidos.

Algo que me confundia com frequência era identificar quem era quem, são muitos personagens e eu particularmente tenho problemas com lembrar nomes. Sobre o crime, suas motivações, causas e consequências eu não tenho do que reclamar, foi incrível. O que realmente dificulta a leitura é a contextualização da época para justificar a reunião que acontecerá no mosteiro e toda a filosofia envolvida. Sei que é isso que torna o livro uma grande obra, sei que se aprende muitas coisas com as reflexões, sei que não absorvi nem 1/3 de tudo isso, mas o que me prendeu no livro foi o mistério, porque é o que eu gosto e achei incrível o local inusitado em que se passou.

Gostei muito do final, tanto pelo que aconteceu no mosteiro quanto pela descoberta do culpado. É importante prestar atenção nas conversas filosóficas durante o livro para entender as motivações dele. Pra quem se interessar, a obra já foi adaptada para o cinema e eu recomendo tanto ler quanto assistir.

site: https://leitordossonhos.wordpress.com/2018/05/21/o-nome-da-rosa-umberto-eco/
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Leila de Carvalho e Gonçalves 12/07/2018

?Stat Rosa Pristina Nomine, Nomina Nuda Tenemus?
?O Nome da Rosa", primeiro romance do italiano Umberto Eco, foi lançado na Itália em 1980 e logo se transformou num prodígio editorial, a ponto de no mesmo ano ser publicado em nosso país. Foi nessa ocasião que eu o li pela primeira vez e trinta e nove anos depois, com o mesmo prazer, acabo de reler.

Seu tema central aborda a liberdade de estudo e ensino, tendo como cenário uma abadia medieval cujo dia-a-dia é minuciosamente retratado. Mergulhada no obscurantismo durante séculos, essa instituição assemelha-se a uma fortaleza e sua biblioteca é protegida pelo dogmatismo religioso que considera a circulação do conhecimento potencialmente perigosa à Igreja.

Sede de um conclave, enquanto dominicanos e franciscanos travam um duelo ideológico, uma série de assassinatos misteriosos roubam a atenção do lugar. Durante a investigação, Eco coloca em discussão o paradoxo entre velhos valores, fechados e místicos, e novas ideias, mais abertas e racionais. A própria conduta escolhida para elucidar as mortes aponta para esse aspecto, a princípio consideradas sobrenaturais, no final, sob uma cuidadosa análise, acabam oferecendo uma explicação demasiadamente humana.

O autor é um erudito e sua obra ficcional, rica em conhecimento histórico, é tanto apreciada por seus admiradores como menosprezada pelos detratores. Consequentemente, a leitura é inimiga da pressa e requer atenção, pois a imaginação labiríntica de Eco, às vezes, faz o leitor perder o fio da meada, porém esse é um desafio que merece ser enfrentado.

"O Nome da Rosa", no meu entender, é seu melhor romance e o mais acessível. Uma boa oportunidade para refletir sobre o bem e o mal, o certo e o errado, a medida que a moral cristã é colocada em xeque, comprovando que o que há por trás dos conceitos e crenças atuais, nada mais é do que uma sucessão de indagações que repercutem há séculos no seio da Igreja.

Concluo com a última frase do romance: ?Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus", isto é, "A rosa só permanece no nome, nada temos além dele". Trata-se de um louvor ao poder da palavra, que é capaz de expressar até o desconhecido e o inexistente, ideia que permeia e nomeia o livro. De acordo com Eco, uma escolha adequada, à medida que o título não antecipa qualquer interpretação prévia do leitor.
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Geraldobneto 01/10/2018

Inegavelmente bom, mas não consegui me conectar
Para um primeiro romance, esse livro é surpreendentemente bem escrito. Umberto Eco é sem duvidas um dos melhores escritores do sec XX, com a qualidade de escrita que já eleva o Nome da Rosa para o patamar de clássico, O livro tem dois plots principais, o plot "policial" e o dos menoritas e toda a historia da luta da ordem franciscana, ambos com viés religioso. Uma das coisas que não gostei do livro são as digressões teológicas, gigantes em alguns momentos, discussões que não me interessavam muito, e feitas de uma forma bem complexa, fazendo eu em diversos momentos ter preguiça de ler. Mas é um livro inegavelmente bom, só não recomendo para todos!

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@ALeituradeHoje 06/12/2018

O Grande Guilherme de Baskerville
O que falar do tão famoso Guilherme de Baskerville?

Confesso que cometi um pecado horrendo assistindo ao filme, estrelado por Sean Connery, antes de ler o livro. Mas isso foi há muitos anos quando os filmes vinham em VHS (ó Deus...). Muito tempo depois me deparei com a obra escrita e me senti na “obrigação” de compra-la. Sendo assim, minha leitura por fim, talvez tenha sido menos prazerosa e mais analítica (no sentido da comparação). Em minha mente o belo perfil de Sir Sean Connery (😄), Guilherme de Baskeville é chamado a um mosteiro franciscano no ano de 1327 para investigar os monges do local, suspeitos de cometer heresias (por exemplo o riso... rir poderia ser uma heresia na idade média). Em meio a essa missão, Frei Guilherme é interrompido pela morte repentina de alguns frades. No melhor estilo Conan Doyle, Umberto Eco faz nosso protagonista “passear” entre as paredes do mosteiro na tentativa de descobrir o que está acontecendo por lá.

Como bom fã de Sherlock Homes, Umberto Eco faz do querido franciscano de Baskerville um esplêndido investigador. Entretanto, além da questão literária, o escritor dá uma aula sobre a cultura e costumes da época e nos apresenta o momento da idade média em que o saber ficou estacionado porque o clero escondia e proibia a disseminação do conhecimento. Não à toa, é chamada a Idade das Trevas.

O final é a cereja do bolo, o que me deixa ainda mais triste em ter visto o filme primeiro, pois o charme final já havia sido revelado. Mesmo assim, a leitura valeu a pena e fluiu de uma forma extremamente prazerosa.

Umberto Eco é mais um mestre entre nós. E O Nome da Rosa é a prova disso.

Enfim, uma história muito bem pensada e muito bem contada.
Vale a pena. Mesmo
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LisboaPB 12/12/2018

Achei super difícil de ler esse livro. Muito rebuscado. Mas muito bom. O final então... excelente. Um clássico do século XX que deveria se eternizar junto com nosso amigo Tolkien, C. S. Lewis e por aí vai.
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Romulo.Gomes 11/01/2019

Um encantador passeio à infinita criatividade da mente de Umberto Eco
O Nome da Rosa se constitui mistério desde seu título. E assim segue durante toda narrativa dos longos e agitados 7 dias no mosteiro beneditino. Além do desenvolvimento da história dos sinistros que ali ocorreram, Umberto passa a desfilar todo seu vasto conhecimento acompanhado de um vocabulário deslumbrantemente rico. Cada personagem é tão bem construído quanto as fantásticas edificações fictas da abadia. Ademais, as riquíssimas reflexões de Eco sobre a a natureza do mal, a razão, a arte de ensinar, o amor e as contradições da crença cristã - sobretudo na práxis, são um deleite à parte e encantam de início ao fim (doloroso fim!).

E sendo ele, o fim, um mal inevitável, cabe-me a mim finalizar meu comentário anunciando a vitória do riso, pois é ele que deformou meu rosto ao final da leitura representando um sentimento de congratulação e agradecimento ao que este homem eternizou com suas palavras.

Que este livro, diversamente daquele que fora enclausurado na biblioteca do mosteiro em nome de sua não perpetuação pelos tempos, possa ter seu zênite desvanecido por toda eternidade - juntamente com a memória de Umberto Eco.

Saecula Saeculorum!
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Mateus 14/02/2019

Mistérios envolventes no século XIV
Primeiro livro de Umberto Eco, “O Nome da Rosa” é uma obra de múltiplas camadas que surpreende pela riqueza de detalhes e pela construção narrativa impecável. Travestido de história investigativa, o livro, ambientado no século XIV, a princípio aborda a ida de um ex-inquisidor inglês, Guilherme de Baskerville, e o noviço Adso para uma famosa abadia italiana em que um monge acaba de morrer sob condições misteriosas.

No papel de detetive, Guilherme começa a investigar o ocorrido e se vê em uma trama muito mais turbulenta do que o esperado, já que novas mortes passam a acontecer ao longo dos sete dias em que ele permanece na abadia. Aparentemente uma história digna de Agatha Christie e Conan Doyle, certo? Muito pelo contrário, uma vez que os personagens se veem envoltos em uma narrativa que vai se aprofundando cada vez mais no decorrer dos capítulos.

Isso se deve às inúmeras subtramas presentes na obra, sendo a principal delas a discussão sobre a legitimidade do caráter de pobreza dos franciscanos e de outras ordens inspiradas em Francisco de Assis, que pregavam a pobreza e a isenção de bens acima de tudo. Questões políticas envolvendo o papa e o imperador italiano, práticas heréticas e os seguidores de Frei Dulcino (personagem histórico morto pela Inquisição, após ser considerado herege pela Igreja) são outros temas que ganham destaque na obra.

Todos esses assuntos são apresentados por Adso, o narrador do livro, em um ritmo muitas vezes lento, mas extremamente provocante e envolvente. Aliás, a personalidade de Adson e Guilherme são um dos principais pontos altos de “O Nome da Rosa” – em primeiro lugar, o narrador escreve suas memórias de forma reflexiva e longe da pieguice, sendo um dos grandes trunfos do livro. Em segundo, Guilherme é um personagem extremamente inteligente e comparável à Sherlock Holmes em sua genialidade (seria o sobrenome Baskerville uma coincidência?), apresentando inúmeras falhas e questionamentos divinos, mas sem deixar sua fé de lado.

“O Nome da Rosa” não é um livro de fácil leitura, pois além de ser um tanto longo e complexo, são necessárias consultas constantes ao dicionário para entender o significado de diversas palavras (algo cansativo no início, mas que se tornou maravilhoso por desafiar minha alma de leitor acostumado a palavras simples). No entanto, é impossível não se surpreender e não se apaixonar pelas múltiplas abordagens da obra e pela escrita de Umberto Eco, que se consolidou como um dos maiores escritores de sua época em seu lançamento literário.
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Jessé 27/08/2019

Obra prima!
Meu primeiro contato com O nome da Rosa, foi através do filme de 1986. Mas como já não me lembrava de nada da história, aproveitei que a Record/Amazon estavam lançando uma nova edição, e resolvi finalmente ler esse livro.

É aquele tipo de livro, que tenho que usar aquela frase clichê ? porque não li antes??

Esse livro é espetacular em todos os sentidos que vc possa imaginar. A narração, os personagens, as descrições. Tudo é magnífico. E por falar em personagens, acho que nunca gostei tanto de personagens, como gostei do Guilherme e do Adso. A dupla dinâmica perfeita! Mas não só Guilherme e o Adso são interessantes, todos os outros Noviços e monges, tem passados e estórias muito curiosas, e extremamente instigantes.

Esse livro tem uma característica que me lembrou muito O Corcunda de Notre Dame, que é o mosteiro. Tanto a Catedral no livro do Corcunda, como o Mosteiro em O nome da Rosa, não são apenas meros cenários da estória , e sim um personagem a mais. Eles têm vida própria. Umberto Eco, soube trabalhar muito bem essa característica do livro, tanto que fiquei sempre querendo saber mais sobre o passado desse lugar.

Agora um aviso pra quem esta procurando um suspense policial: Apesar de na edição antiga, a Record vender o livro dessa forma, quem comprar esse livro procurando esse gênero de literatura, pode se decepcionar bastante. O Nome da Rosa tem sim uma estória investigativa, mas não é o plot principal do livro, e são poucos os capítulos que são foçados nesse aspecto. O próprio Umberto Eco fala que escolheu o título ?O Nome da Rosa? pra que as pessoas não fossem atraídas pelo livro, pelos motivos errados.

É um baita livro, e com certeza entrou pros meus favoritos da vida. Mais um que vai pra lista de releituras futuras.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 05/09/2019

?Stat Rosa Pristina Nomine, Nomina Nuda Tenemus "
?O Nome da Rosa", primeiro romance do italiano Umberto Eco, foi lançado na Itália em 1980 e logo se transformou num prodígio editorial, a ponto de no mesmo ano ser publicado em nosso país. Foi nessa ocasião que eu o li pela primeira vez e trinta e nove anos depois, com o mesmo prazer, acabo de reler.

Seu tema central aborda a liberdade de estudo e ensino, tendo como cenário uma abadia medieval cujo dia-a-dia é minuciosamente retratado. Mergulhada no obscurantismo durante séculos, essa instituição assemelha-se a uma fortaleza e sua biblioteca é protegida pelo dogmatismo religioso que considera a circulação do conhecimento potencialmente perigosa à Igreja.

Sede de um conclave, enquanto dominicanos e franciscanos travam um duelo ideológico, uma série de assassinatos misteriosos roubam a atenção do lugar. Durante a investigação, Eco coloca em discussão o paradoxo entre velhos valores, fechados e místicos, e novas ideias, mais abertas e racionais. A própria conduta escolhida para elucidar as mortes aponta para esse aspecto, a princípio consideradas sobrenaturais, no final, sob uma cuidadosa análise, acabam oferecendo uma explicação demasiadamente humana.

O autor é um erudito e sua obra ficcional, rica em conhecimento histórico, é tanto apreciada por seus admiradores como menosprezada pelos detratores. Consequentemente, a leitura é inimiga da pressa e requer atenção, pois a imaginação labiríntica de Eco, às vezes, faz o leitor perder o fio da meada, porém esse é um desafio que merece ser enfrentado.

"O Nome da Rosa", no meu entender, é seu melhor romance e o mais acessível. Uma boa oportunidade para refletir sobre o bem e o mal, o certo e o errado, a medida que a moral cristã é colocada em xeque, comprovando que o que há por trás dos conceitos e crenças atuais, nada mais é do que uma sucessão de indagações que repercutem há séculos no seio da Igreja.

Concluo com a última frase do romance: ?Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus", isto é, "A rosa só permanece no nome, nada temos além dele". Trata-se de um louvor ao poder da palavra, que é capaz de expressar até o desconhecido e o inexistente, ideia que permeia e nomeia o livro. De acordo com Eco, uma escolha adequada, à medida que o título não antecipa qualquer interpretação prévia do leitor.

Nota: Meu comentário refere-se a décima segunda edição da Editora Record. Em capa dura, ele foi impresso em papel off-white de alta gramatura e boa opacidade. A fonte escolhida foi a Minion Pro Regular com tamanho um pouco menor do que o habitual, mas essa opção não chegou a incomodar a leitura. Infelizmente, não encontrei nenhuma referência às ilustrações e ao design gráfico, informações que a Editora Record ficou devendo.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 05/09/2019

?Stat Rosa Pristina Nomine, Nomina Nuda Tenemus "
?O Nome da Rosa", primeiro romance do italiano Umberto Eco, foi lançado na Itália em 1980 e logo se transformou num prodígio editorial, a ponto de no mesmo ano ser publicado em nosso país. Foi nessa ocasião que eu o li pela primeira vez e trinta e nove anos depois, com o mesmo prazer, acabo de reler.

Seu tema central aborda a liberdade de estudo e ensino, tendo como cenário uma abadia medieval cujo dia-a-dia é minuciosamente retratado. Mergulhada no obscurantismo durante séculos, essa instituição assemelha-se a uma fortaleza e sua biblioteca é protegida pelo dogmatismo religioso que considera a circulação do conhecimento potencialmente perigosa à Igreja.

Sede de um conclave, enquanto dominicanos e franciscanos travam um duelo ideológico, uma série de assassinatos misteriosos roubam a atenção do lugar. Durante a investigação, Eco coloca em discussão o paradoxo entre velhos valores, fechados e místicos, e novas ideias, mais abertas e racionais. A própria conduta escolhida para elucidar as mortes aponta para esse aspecto, a princípio consideradas sobrenaturais, no final, sob uma cuidadosa análise, acabam oferecendo uma explicação demasiadamente humana.

O autor é um erudito e sua obra ficcional, rica em conhecimento histórico, é tanto apreciada por seus admiradores como menosprezada pelos detratores. Consequentemente, a leitura é inimiga da pressa e requer atenção, pois a imaginação labiríntica de Eco, às vezes, faz o leitor perder o fio da meada, porém esse é um desafio que merece ser enfrentado.

"O Nome da Rosa", no meu entender, é seu melhor romance e o mais acessível. Uma boa oportunidade para refletir sobre o bem e o mal, o certo e o errado, a medida que a moral cristã é colocada em xeque, comprovando que o que há por trás dos conceitos e crenças atuais, nada mais é do que uma sucessão de indagações que repercutem há séculos no seio da Igreja.

Concluo com a última frase do romance: ?Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus", isto é, "A rosa só permanece no nome, nada temos além dele". Trata-se de um louvor ao poder da palavra, que é capaz de expressar até o desconhecido e o inexistente, ideia que permeia e nomeia o livro. De acordo com Eco, uma escolha adequada, à medida que o título não antecipa qualquer interpretação prévia do leitor.
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Kaio 28/09/2019

Il nome della Rosa
"Como era belo o espetáculo da natureza não tocada ainda pela sabedoria, frequentemente perversa, do homem."

Uma série de assassinatos em um misteriosíssimo mosteiro italiano parece ser mais um caso para o detetive Sherlock Holmes e seu fiel companheiro dr. Watson ou, ao menos, para o franciscano Guilherme de Baskerville e o noviço Adso que em muito se assemelham à memorável dupla de Conan Doyle.

O primeiro romance de Umberto Eco é um apanhado bastante generoso de história política-religiosa, de embate entre ciência e religião e entre a religião e ela mesma, de hereges e santos (alguns não tão santos), de obscurantismo medieval, de filosofia e sabedoria e de uma extraordinária discussão sobre o destino dos homens em uma era (século XIV) de trevas e nebulosidade.

" A juventude não quer aprender mais nada, a ciência está em decadência, o mundo inteiro caminha de cabeça para baixo, cegos conduzem outros cegos e os fazem precipitar-se nos abismos, os pássaros se lançam antes de alçar vôo, o asno toca lira, os bois dançam."

A narrativa de Umberto, bastante imaginativa, labiríntica e, as vezes, delirante, causou-me desconforto de início, mas bastou me aprofundar um pouco mais nos acontecimentos narrados e já está rendido aos tribulados acontecimentos, desde assassinatos, livros secretos roubados e uma empolgante conferência entre representantes de ordens religiosas divergentes sobre heresias e o senso de humor de Cristo ( ria ou não ria?).

"Todas as heresias são bandeiras de uma realidades de exclusão."

Uma leitura magnífica!
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