O Nome da Rosa

O Nome da Rosa Umberto Eco




Resenhas - O Nome da Rosa


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Vania.Cristina 01/06/2023

Livro monumento
Não acho uma leitura fácil, mas é envolvente. Umberto Eco não facilita mas instiga. A erudição de Eco e seu conhecimento da Idade Média são assombrosos. Durante a leitura, dá pra sentir o quão árduo foi o processo de construção da obra. O livro é melancólico, denso, cheio de reflexões filosóficas. O debate entre ciência e fé é engolido por interesses políticos e jogos de poder. Trás discussões sobre a verdade, o poder dos livros, a luxúria do conhecimento, a subversão do riso entre outros. Tudo isso guiado por uma história de mistério e investigação criminal. E surpreende com cenas psicodélicas, embebidas pelo fervor religioso. Mas o que foi inesperado e maravilhoso pra mim foi encontrar o pós escrito ao final do livro, onde Eco explica o seu processo criativo e trás outras reflexões. Isso enriquece mais ainda essa edição, que já é luxuosa.
Carla.Floores 03/06/2023minha estante
É de onde veio o filme? Não sabia que tinha o livro. Mas o filme... é intenso! Mexe com a gente.


Vania.Cristina 03/06/2023minha estante
O filme que eu conheço é dos anos 80, é esse? Sim, o livro veio primeiro, mas o filme dos anos 80 é mais leve, mais bem humorado. O livro é um mergulho numa abadia da idade média, e no jeito que eles pensavam, falavam e agiam. Então é uma leitura mais difícil, cheia de trechos em latim, embora a história e os personagens sejam divertidos. Foi uma releitura pra mim, e eu gostei muito.




Octávio 17/10/2021

O nome da rosa
Já tinha assistido o filme algumas vezes, ótimo filme. O livro foi ainda melhor, conseguimos observar o funcionamento da inquisição a corrupção e o excesso de moralismo daqueles que se acham superiores. Sensacional
Fabricy 18/10/2021minha estante
Fiquei com vontade de ler também!!!




spoiler visualizar
Ryllder 24/05/2018minha estante
Uma estrela? sério?




Alana 22/05/2016

UAU
Sabe aquela famosa ressaca literária? Poucos livros tem esse efeito em mim. E cá estou, recobrando meus sentidos apos o fim dessa leitura.

Não sei como descrever, ao certo, esse livro. O Nome da Rosa é rico em inúmeros aspectos: rico em informações históricas, rico em filosofia - especialmente a medieval -, rico em simbolismos, misticismo, mistério... E a lista continua.

Não é uma leitura trivial, pelo contrario, é densa e cheia de debates e intertextualidades. Ha capítulos inteiros dedicados a discussões filosóficas ou entre grupos de diferentes ordens proveniente da Igreja Católica. Esses capítulos deixam a leitura, como disse, mais densa, quebrando o ritmo da trama central. Mesmo assim, esses trechos ajudam a compor o cenário da época de forma brilhante, e faz muitos paralelos com o próprio mistério envolvendo os crimes na abadia.

A trama central se desenrola nessa abadia beneditina, onde Frei Guilherme e seu escrivão Adso são encarregados de investigar uma morte que ocorreu antes deles chegarem ao local. Durantes os sete dias e sete noites que estiveram nesse mosteiro, ocorreram 7 mortes misteriosas. Não consigo expressar a maestria com que Umberto Eco nos conduz, junto com Guilherme e Adso, nessas investigações. Nenhuma resposta a um mistério é obvia, mas sim, fruto de mentes argutas e afiadas.

O cenário que Eco criou é outro ponto alto. Primeiramente, nos é concedido um mapa da abadia desenhada nas primeiras paginas, e todos os percursos descritos no livro é facilmente visualizado a partir dai, tornando a historia crível e bem real. Mas o destaque vai, sem duvidas, para um cenário/personagem que brilhou durante toda leitura: a biblioteca, construída de forma que fosse um labirinto por dentro, a qual é proibida a entrada de qualquer monge, exceto o próprio bibliotecário. Todas as mortes parecem convergir para esse edifício. As investidas dos dois investigadores dentro da biblioteca e as tentativa de tentar desvendar o labirinto em si, foram as partes que mais apreciei do livro.
A construção dos personagens é brilhante, e sempre ha um certo de ar de mistério envolvendo cada um.

O final foi surpreendente de inúmeras formas, ainda estou recobrando meu folego e tentando acalmar esse sentimentos que o desfecho me despertou.
Phelipe Guilherme Maciel 30/01/2017minha estante
O nome da rosa é um livro que ainda quero ler. Mas Umberto Eco eu prefiro ler diretamente em italiano, por não confiar muito nas traduções, então estou postergando, porque já sofri demais com o Cemitério de Praga.




Claire Scorzi 03/02/2009

Um romance histórico. Um romance policial. Uma homenagem - aos livros, ao ato da leitura, a Sherlock Holmes, a Jorge Luis Borges (Embora esta última homenagem soe um tanto ambígua). Eco escreve um romance que é maior do que a soma de suas características, acabando inclassificável - e maravilhoso.

Pode ser lido pela trama de mistério; pelas citações literárias (Sherlock Holmes, a Bíblia, Aristóteles, outros textos antigos); pelo amor a livros antigos; pelo desenho fascinante das personagens; pela erudição do autor. Qualquer motivo é válido.
Alessandro232 18/03/2023minha estante
Gosto muito. Um dos meus livros preferidos!




Maira Giosa 16/12/2021

Mais um da série "vi o filme antes", mas ainda bem que minha memória é ruim porque eu não lembrava quase nada da trama deste que é um dos maiores livros de crime da literatura ocidental. Se você ficou surpreso(a) com a revelação de que O Nome da Rosa é um romance policial, saiba que não está sozinho(a).

A julgar pelo título e capa, é difícil dizer do que se trata a obra mais célebre do italiano Umberto Eco. A premissa, no entanto, é relativamente simples: no ano de 1321, um monge inglês e seu aprendiz nórdico são convocados para investigar um misterioso assassinato dentro de uma prestigiosa abadia na Itália. De passo, o monge também é fala em nome do imperador Ludovico, então em disputa aberta com o papa da época, João XXII.

Diferente do que faz o livro, no entanto, não entrarei aqui nas minúcias teológicas a respeito dos franciscanos e sua perseguição pela Igreja Católica quando do surgimento da ordem. Porque o livro é sobre a dupla de monges visitantes tentando resolver um mistério, mas também é um tratado sobre o que aconteceu com a Igreja naquela época.

Umberto Eco era homem erudito em mais do que só literatura, e esse romance é prova disso. Muitas críticas ao livro vem, inclusive, do excesso de erudição do autor - que discorre, por páginas, sobre detalhes às vezes pouco relevantes à resolução do mistério. Mas acredito que tudo ajuda na melhor compreensão dos personagens, e esse "excesso" só me fez admirar mais a obra - achei as discussões interessantíssimas, já que tenho conhecimento quase nulo sobre História da Igreja.

Como eu não lembrava do filme, o fim do livro me surpreendeu bastante. Intrigante, a obra traz a resolução do mistério de modo, redondo, e no fim tudo fez sentido. Além disso, a reconstrução que o autor faz da vida medieval num claustro é plausível e realista. Leitura que me cativou e, portanto, está recomendadíssima!
Kin 16/12/2021minha estante
Hahaha também sou assim




Gigi 07/05/2021

Chatinho
Dos raríssimos casos em que o filme é bem melhor que o livro.
Enfim... leitura cansativa, poucos momentos interessantes. Divaga demais. Prolixo demais. Muitas páginas presas em definições supérfluas. Poderia ser reduzido a 200 boas páginas.
JoAo.Victor 24/07/2021minha estante
Respeito a sua opinião, mas discordo completamente. Eu amo o filme, mas acho o livro é muito superior, mais detalhes.




giovana 25/12/2018

então...
esse livro é mais um estudo sobre os valores cristãos (e, conseuentemente, de grande parte da sociedade europeia) do que um romance ficcional em si. crítico? sim. bem-escrito? sim. bom? então...
se você levar em conta que é um livro feito pra você pensar sobre a condição humana, os valores que nos regem e o poder (também o acesso) ao conhecimento, sim, é um livro fantástico. porém ele é muito, mas muito, complicado de ler. dá sono, a história não é necessariamente intrigante e ele se extende por páginas demais (nos devaneios de adso). por um lado, essa extensão e lentidão do livro fez do seu clímax um milhão de vezes mais intrigante e quente (viu o que eu fiz aí?).
enfim, 3/5 pois deveriam avisar que esse livro é muito mais uma reflexão sobre a humanidade em uma linguagem muito pesada e não anunciá-lo como um romance detetive da idade média.
giovana 25/12/2018minha estante
****estende




Fran 30/09/2020

Que final, que final!
Assassinatos, mistério, intrigas políticas em um misto de romance policial e ficção histórica, esse é O Nome da Rosa de Umberto Eco.⁣

Foi uma jornada terminar a leitura desse livro. Comecei a ler em uma leitura coletiva, mas quando começou a quarentena não conseguia me concentrar. ⁣

E esse é um livro que pede tempo e concentração. Retomei a leitura depois de um tempo e valeu a pena.⁣

Confere aí minha vídeo/opinião no link abaixo no meu instagram @prosasealgomais

site: https://www.instagram.com/tv/CCZfLZSDCVF/?hl=pt-br
Vanessa Vieira 30/09/2020minha estante
Ansiosa para ler este livro!




Krishna.Nunes 14/03/2021

Um livro sobre livros, um livro sobre signos
No final de 1327, um mosteiro beneditino no norte da Itália recebe Guilherme de Baskervile, um monge franciscano inglês, e seu aprendiz Adso de Melk, um noviço alemão. Guilherme havia recebido a missão de promover e conduzir um encontro diplomático entre duas delegações divergentes da Igreja para um debate: de um lado, os partidários de São Francisco, que achavam que Cristo havia sido pobre e pobres deveriam ser seus seguidores; do outro a Igreja romana, que temia perder o privilégio de ser a instituição mais rica de toda a Idade Média caso os ideais franciscanos de pobreza se disseminassem. No meio do confronto entre as duas facções estavam os interesses políticos do imperador, que não se importaria de ver a Igreja perder um pouco do seu poder. Temendo pela segurança do líder franciscano se ele fosse encontrar o papa diretamente, esse debate foi marcado num local neutro, o mosteiro onde a trama se desenrola.

Mas Guilherme, depois de ter dado uma mostra do seu afiado raciocínio lógico-dedutivo assim que chegou ao mosteiro, é logo incumbido de mais uma tarefa: investigar se a morte de um jovem monge poucos dias antes havia sido acidente ou homicídio. Para tanto, recebe autorização do abade para fazer perguntas a quem achasse necessário e também movimentar-se por todo o mosteiro, com exceção da biblioteca. Àquela que era possivelmente a maior coleção de livros de toda a cristandade, somente o bibliotecário podia ter acesso. O mistério aumenta à medida que, diariamente, outras mortes ocorrem e todas parecem ter ligação com a biblioteca.

Inquisição, intrigas políticas, escândalos sexuais e desafios lógicos são alguns elementos dessa trama investigativa que tem como cenário uma próspera abadia no século XIV. Uma boa oportunidade para refletir sobre o bem e o mal, o certo e o errado, à medida que a moral cristã é colocada em xeque, comprovando que o que há por trás dos conceitos e crenças atuais nada mais é do que uma sucessão de indagações que repercutem há séculos no seio da Igreja.

O título do livro, que não é explicado em nenhum momento, faz referência a uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras. E, sendo o autor um especialista em semiótica, utiliza-se do significado dos símbolos e das palavras para remeter a uma discussão medieval sobre signos: o que vale mais são as coisas ou os nomes que damos a elas?

Há uma corrente filosófica segundo a qual os nomes são mais importantes que as coisas. Afinal, se no mundo não existissem mais rosas, ainda restaria para as pessoas a lembrança do nome da rosa.

Segundo o autor, em "Pós escrito a O nome da rosa":

"A ideia de O nome da rosa surgiu quase por acaso e gostei dela porque a rosa é uma figura simbólica tão densa de significados que quase não tem mais nenhum: rosa mística, rosa viveu o que vivem as rosas, a guerra das duas rosas, uma rosa é uma rosa é uma rosa, os rosa-cruzes, grato pelas magníficas rosas, rosa fresca repleta de olor. Com isso o leitor ficaria devidamente sem pistas, não poderia escolher uma interpretação; e, mesmo que tivesse captado as possíveis leituras nominalistas do verso final, chegaria a isso bem no fim, após ter feito sabe-se lá quais outras escolhas. Um título deve confundir as ideias, e não discipliná-las."

No aspecto simbólico, esse romance de estreia de Umberto Eco, lançado em 1980 e que logo tornou-se um best seller, difere da sua adaptação cinematográfica de 1986. Enquanto o texto explora a construção das personagens e o autor despeja erudição e conhecimento histórico em páginas e mais páginas de debates filosóficos e teológicos, o filme precisa se apressar e focar no mistério detetivesco. Às vezes se apressa até demais, encurtando a trama e o número de mortes, e precipitando conclusões que mereciam mais tempo para se desenvolver. Entretanto, com uma das melhores atuações de Sean Connery desde 007, o filme ainda consegue manter o clima sombrio e a intertextualidade dessa inteligente narrativa, trazendo a Igreja e o próprio prédio da biblioteca como personagens principais.

A obra está pontilhada de referências, algumas aparentemente óbvias e outras mais obscuras. O nome de Guilherme de Baskerville pode ser homenagem a "Os cães de Baskerville", de Arthur Conan Doyle, livro da primeira aparição do detetive Sherlock Holmes. E não falta quem veja semelhança entre os nomes dos assistentes Adso e Watson. Também não é impossível que Guilherme seja representação do importante filósofo medieval Guilherme de Ockham. E embora se trate de um romance histórico sem teor fantástico, "O nome da rosa" parece fazer uma ode a elementos do realismo mágico. Jorge de Burgos pode ser uma referência a Jorge Luís Borges, que também ficou cego na velhice, e que em seu conto "A biblioteca de Babel" apresenta elementos que se repetem no livro de Eco, como labirintos, sonhos e truques de espelhos.

Ainda é possível apontar influências niilistas, kantianas e especialmente iluministas, ao passo que a racionalidade de nosso detetive precisa se esforçar para tornar plausíveis as ideias de deus e da fé. Durante a investigação, Eco coloca em discussão o paradoxo entre velhos valores, fechados e místicos, e novas ideias, mais abertas e racionais.

E claro que não se pode deixar de mencionar que ele é um livro sobre livros. Em favor da ciência, do conhecimento, da liberdade do saber e do ensino, e contra a censura. "O bem de um livro está em ser lido. Um livro é feito de signos que falam de outros signos que, por sua vez, falam das coisas. Sem um olho que o leia, um livro traz signos que não produzem conceitos, portanto é mudo."

A despeito de todo o obscurantismo das passagens em latim, do contexto das disputas eclesiásticas, do debate filosófico difícil de compreender e do título misterioso, o vigor dessa narrativa alcançou um sucesso estrondoso. Afinal, o narrador Adso também passa a maior parte do tempo sem entender quase nada e agora, já velho, esforça-se para explicar tudo ao leitor.

Aparentemente, nenhum desses obstáculos é capaz de afugentar o público que ama uma boa estória de detetive. Um serial killer num mosteiro da idade média... quem pode resistir? O destino da biblioteca estava nos planos do autor desde o início da redação e o desfecho dos assassinatos, ainda que possa ser captado com antecedência pelos leitores mais sagazes, não deixa de ser surpreendente.
Priscilla Teles 02/08/2022minha estante
está na minha lista desde que eu estava no ensino médio, faz tempo.




Rick-a-book 21/02/2016

Um livro para ser amado.
O Nome da Rosa conta a história de dois religiosos – um frei franciscano de origem britânica e um noviço beneditino de origem austríaca –, que um pouco antes do inverno de 1327 chegam a uma abadia franciscana nos Apeninos setentrionais italianos. A abadia é famosa por sua extensa biblioteca, recheada de importantes e raras obras, que porém possui estritas normas de acesso. O frei, Guilherme de Baskerville, e o noviço, Adso de Melk, precisam organizar uma reunião entre os delegados do papa João XXII e os líderes da ordem franciscana, onde se realizará uma discussão sobre a suposta heresia da pobreza apostólica, uma doutrina promovida por uma ramificação dos franciscanos, os ditos espirituais. A tarefa já complicada fica ameaçada por uma série de mortes dentro dos muros da abadia que os monges supersticiosos – ouvindo as instâncias de um velho monge e ex-bibliotecário chamado Jorge de Burgos – creem ser iguais a algumas passagens do livro do apocalipse.

Mais, no blog!

site: http://escritocentral.blogspot.jp/2015/09/uma-vida-cor-de-rosa-vida-de-umescritor.html
Cristian 21/02/2016minha estante
Concordo plenamente!




Erudito Principiante 28/07/2019

Obra primorosa, edição... nem tanto
O esmero de Umberto Eco neste livro impressionante não se limita apenas à escrita. Ele certamente se debruçou sobre estudos da Idade Média e da vida monástica nesse período. Ler O Nome da Rosa é mergulhar na história, é ter um vislumbre de como era a vida num mosteiro católico do fim da Idade Média. Infelizmente essa edição não traz notas com a tradução dos trechos em latim, o que compromete um pouco o entendimento da história, apenas um pouco. Mas essa falha da edição felizmente não suprime o prazer de ler essa importante obra da literatura mundial.
Márcio 29/07/2019minha estante
O filme também é excelente




@garotadeleituras 12/03/2018

O tipo de livro que retribui o trabalho da leitura.
O nome da rosa, publicado em 1980 tornou-se um sucesso imediato e o responsável pelo prestigio internacional de Umberto Eco como romancista. Adaptado no norte da Itália medieval no ano de 1327, a narrativa se passa numa abadia distante, onde ocorreria um concilio entre membros da igreja e padres franciscanos. Dentre os monges recrutados para o encontro eclesiástico está o inglês Frei Guilherme de Baskerville, mediador do encontro, mais imediatamente recrutado pelo Abade Abbone, para solucionar os assassinatos na abadia. Acompanhando o frade, está o jovem noviço Adso de Melk (homenagem ao famoso detetive Sherlock Holmes e ao companheiro Watson), seu discípulo e também narrador da estória.

O mundo e seus personagens encontrados no romance são arquitetados de forma que o leitor sinta-se envolvido e curioso para descobrir o que acontece nos muros da abadia, que além das terras produtivas, possuía um dos maiores acervos da cristandade. Naquela época, o acesso aos livros era restrito entre os próprios monges, já que o conhecimento era visto como uma arma perigosa, que poderia comprometer a vida e a espiritualidade. Os livros considerados heréticos eram restritos e resguardados por armadilhas: a biblioteca era projetada em labirintos e as obras distribuídas segundo uma lógica secreta que apenas o bibliotecário conhecia. Existia ainda uma hierarquia para se tornar o próximo bibliotecário, detentor do conhecimento e cada membro desenvolvia uma função na abadia: ferreiros, celereiros, cozinheiros, copistas especialistas em determinado idioma e assim por diante.

Além do esqueleto da narrativa, Umberto Eco trabalha os diálogos fundamentados em elementos místicos, conhecimentos teológicos, filosóficos e de semiótica que devem ser interpretados como um quebra-cabeça complicado. O livro é dividido em sete partes, no qual cada uma delas representa um dia e suas divisões pontuadas por trabalhos e rituais, e claro, uma nova morte. O leitor astuto deverá ser capaz de interpretar charadas bíblicas, a importância dos símbolos secretos e os manuscritos inacessíveis e codificados para o assassino, além da misteriosa ligação entre os crimes e os segredos da biblioteca; corpos e sangue não são suficientes para a resposta final.

Se para alguns leitores a fina ironia do texto, a ambientação eclesiástica e medieval da narrativa, as passagens escritas em latim não traduzidas em lugar nenhum no livro, as referências teológicas frequentemente despejadas nas conversas entre os personagens ou ainda o titulo misterioso aberto à interpretação individual é um empecilho para leitura, no meu caso foi utilizado como força motriz para devorar o livro. Menção especial para Adso, que como narrador, transforma o leitor em amigo e confidente de suas memórias, alternando suas impressões juvenis do garoto inocente ávido pelo conhecimento e a interpretação desses mesmos fatos depois do amadurecimento, na velhice.

A recompensa pelas centenas de páginas lidas, dezenas de anotações e traduções tornam “O nome da rosa” uma excelente leitura. Aos que desejarem se aventurar, encontrarão um livro multifacetado com elementos de narrativa policial, disputas religiosas, intrigas políticas e desafios lógicos se entrelaçando com personagens enigmáticos, resultando numa excelente leitura e lugar de honra para o livro na estante.
@clubethebookonthetable 12/03/2018minha estante
????????????




Ana 03/01/2022

Os sete dias mais longos da minha vida
Toda a história do livro se passa num intervalo de sete dias, que foram os mais longos da minha vida.
O livro não é um suspense e sim uma verborragia sobre filosofia e política religiosa dos tempos medievais com um suspense como pano de fundo. Sim, você lerá muito mais (MAS MUITO MAIS MESMO) sobre questões filosóficas e disputas entre o Papa e o imperador do que sobre os assassinatos que acontecem.
Foi difícil, foi dolorido, foi quase insuportável, mas consegui terminar esse livro para poder dizer que odiei com todas as minhas forças. Simplesmente odeio autores que gostam de esfregar todo o seu conhecimento na cara dos leitores de forma a tornar a leitura o menos acessível possível. São autores como Umberto Eco que contribuem para a literatura ser tão pouco popular e para milhares acharem que é costume somente de intelectuais (sério, qual o propósito de escrever intermináveis trechos em latim sem tradução?). São pouquíssimas as pessoas capazes de entender toda a intrincada questão política com que o autor faz questão de preencher intermináveis páginas (provavelmente só os que, como ele, são estudiosos da época).
É um livro que não deveria ser comercializado como ficção. Achei muito lamentável a execução, porque o plot é até interessante. Mas não vale a pena ler o livro para isso, veja o filme e se poupe de ler o quanto o Umberto Eco se acha o máximo.
Ana 05/02/2022minha estante
To tentando!! Leio e leio e não saio dos 15%... hahahaha




voandocomlivros 27/09/2022

🌹 "Nem todas as verdades são para todos os ouvidos, nem todas as mentiras podem ser reconhecidas como tais por uma alma piedosa."


"A abadia do crime" era o título que Umberto Eco tinha dado ao romance quando ainda estava escrevendo. E apesar da história homenagear Sherlock Holmes, o autor resolveu trocar o título para "O nome da rosa", pois o livro é muito mais do que apenas uma trama policial.


🌹 "Os livros não foram feitos para acreditarmos neles, mas para serem submetidos a investigações. Diante de um livro não devemos nos perguntar o que diz, mas o que quer dizer."


Falar que essa obra é um crônica fascinante sobre a Idade Média, ainda é pouco. "O Nome da Rosa" é um daqueles raros livros perfeitos que atravessam muitos gêneros e podem ser universalmente aclamado. Fazia tempo que eu não sentia tamanha completude durante uma leitura. Já existem milhares de maravilhosas críticas sobre ele, mas eu fiquei tão extasiada durante e depois da leitura, que precisei tirar um tempinho para escrever algumas palavras sobre esse magnífico "O Nome da Rosa".


🌹 "Três coisas concorrem para criar a beleza: primeiro, a integridade ou perfeição, e por isso achamos feias as coisas incompletas; depois, a devida proporção ou a consonância; e por fim a claridade e a luz, e de fato dizemos que são belas as coisas de cor nítida. E, uma vez que a visão do belo comporta paz e, para o nosso apetite, é a mesma coisa acalmar-se na paz, no bem e no belo, senti-me invadido por grande consolo e imaginei como devia ser agradável trabalhar naquele lugar."


Eu fui lendo bem aos pouquinhos, saboreando as páginas sempre que batia vontade, até que chegou um momento que não deu mais para largar até terminar. Eco cria um romance que poderia ser rotulado como ficção histórica, mistério, suspense, teologia e filosofia. Oh God! Até amor e sexo tem nessa história que se passa em uma abadia por volta 1300. Basicamente, Eco pegou Sherlock Holmes e Watson e os reformulou como monges. E eles ficaram sensacionais haha... Aquele humor britânico do Holmes e a inocência genuína do Watson que os fãs de Sir Conan Doyle tanto amam estão impressos nos papéis de frei Guilherme de Baskerville e de Adso de Melk.


🌹 "A linguagem dos gestos e do rosto é mais universal que a das palavras."


Assassinatos e debates filosóficos e teológicos se entrelaçam no decorrer da narrativa, cada um se alimentando do outro à medida que as tensões aumentam e a trama se complica.


🌹 "Entre desejar o bem e desejar o mal, o passo é curto, porque se trata sempre de dirigir a vontade. Isso é verdade. Mas a diferença está no objeto, e o objeto é reconhecível claramente."




O que mais me fascinou foi a habilidade com que o autor trabalhou os argumentos teológicos entre os ocupantes da abadia. Através dessas personagens, muitas dos quais eram pessoas reais, ele apresenta discussões multifacetadas, críveis e muitas vezes ardentes sobre uma variedade de tópicos, tais como: hereges, votos de pobreza, castidade e interpretações do evangelho.


🌹 "O que é o amor? Não existe nada no mundo, nem homem, nem diabo, nem coisa alguma que eu considere tão suspeito como o amor, pois este penetra a alma mais que outra coisa qualquer. Não há nada que ocupe e amarre tanto o coração como o amor. Por isso, se não tiver armas que a governem, a alma precipita-se em imensa ruína por causa do amor."


Outro ponto que me fascinou totalmente é o fato de todo o romance girar em torno de outros livros e textos. O bibliotecário cego chamado Jorge de Burgos faz alusões ao verdadeiro autor Jorge Luis Borges. Suas obras foram grande inspirações para esse romance. Eu só lamento não ter lido Borges ainda, mas a hora vai chegar.


🌹 "O livro é criatura frágil, sofre o desgaste do tempo, teme os roedores, as intempéries, as mãos inábeis. Se por séculos e séculos todos tivessem podido tocar livremente os nossos códices, a maior parte deles já não existiria. O bibliotecário, portanto, defende-os não só dos homens, mas também da natureza, e dedica a vida a essa guerra contra as forças do esquecimento, inimigo da verdade."



Você realmente precisa ler este livro. Poucas pessoas não encontrariam algo de interessante em suas páginas. "O Nome da Rosa" é profundo, denso e cheio de camadas que com um pouco de esforço vai lhe entregar grande prazer, diversão e reflexão.



🌹 "O bem de um livro está em ser lido. Um livro é feito de signos que falam de outros signos que, por sua vez, falam das coisas. Sem um olho que o leia, um livro traz signos que não produzem conceitos, portanto é mudo."


🌹 "Nunca como nestes últimos anos os pregadores ofereceram ao povo palavras tão ameaçadoras, perturbadoras e macabras, para estimular nele a piedade e o terror (e o fervor, e o respeito à lei humana e divina). Nunca como em nossos dias, em meio a procissões de flagelantes, se ouviram tantas loas sagradas inspiradas nas dores de Cristo e da Virgem, nunca como hoje se insistiu tanto em estimular a fé dos simples através da evocação dos tormentos infernais."


🌹 "Acho que o riso é bom remédio, como os banhos, para curar os humores e outras afecções do corpo, em especial a melancolia."


🌹 "O sono diurno é como o pecado da carne: quanto mais se teve, mais se gostaria de ter, contudo nos deixa infelizes, satisfeitos e insatisfeitos ao mesmo tempo."


🌹 "O saber não é como a moeda, que permanece fisicamente íntegra mesmo através das mais infames barganhas: ele é como uma linda roupa, que se consome através do uso e da ostentação. Acaso não assim o próprio livro que, se tocados por muitas mãos, terão suas páginas esfareladas, suas tintas e seu ouro opacificados?"


🌹 "Agora sei que a causa do amor é o bem, e aquilo que é bem se define por conhecimento, e só se pode amar aquilo que se aprendeu como bem."


🌹 "Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si.

site: https://www.voandocomlivros.com/post/o-nome-da-rosa-resenha
Leticia 27/09/2022minha estante
Que resenha boa! Deu mais vontade ainda de finalmente ler minha edição, que está parada há algum tempo já.




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