Ana 21/02/2023
Quando li Garotas de Vidro, eu simplesmente não sabia o que esperar. Um dia eu pus na cabeça que queria um livro novo, e queria tão urgentemente que vesti uma roupa e fui na livraria aqui da minha cidade mesmo, que costuma ser bem mais cara que as virtuais.Comprei esse livro unicamente porque achei a capa a coisa mais maravilhosa do mundo. Foi um mergulho no escuro: não li resenhas, não li sinopse, nunca tinha ouvido falar nele. A parte boa? Foi uma belíssima surpresa.
Lia e Cassie são melhores amigas de infância, daquelas que não desgrudam nem um minuto. Ambas enfrentam transtornos alimentares gravíssimos: Lia tem anorexia - disfunção alimentar caracterizada por uma dieta rígida e insuficiente, causando perda de peso excessivo e estresse físico - e Cassie, bulimia - transtorno no qual a principal característica é a indução de vômitos, uso abusivo de laxantes e outros métodos para impedir o ganho de peso.
Um dia, as garotas têm uma briga muito feia e param de se falar. Cassie liga para o telefone de Lia 33 vezes (trinta e três mesmo) e ela ignora todas as chamadas. Acontece que, poucas horas depois, ela recebe uma ligação de um total desconhecido e descobre que sua amiga foi encontrada morta num quarto de motel. A partir daí, Lia começa a conviver com a culpa e com fantasmas da própria Cassie.
Sou pequena e sempre fui magra por natureza, mas nunca deixei de comer nada; muito pelo contrário: ninguém acredita na quantidade de alimentos que eu ingiro diariamente. Em vista disso, fiquei chocada e muito muito assustada com a forma que a personagem principal agia e pensava. E o pior de tudo é saber que a história existe mesmo: a autora não exagerou, não mentiu, não criou uma ficção. Garotas de Vidro relata a realidade de varias garotas, sem tirar nem por.
Além de personagens bem trabalhados, Laurie Halse Anderson abordou um tema super atual e polêmico. Durante a leitura, senti como se estivesse dentro da cabeça da Lia. Até então, eu não tinha a mínima ideia do que as garotas com esses tipos de transtornos pensavam. Sempre soube que são doenças que têm que ser tratadas com bastante delicadeza, mas é bem mais sério do que eu pensava. Entenda mais sobre bulimia e anorexia (que são doenças diferentes) clicando nos links.
No decorrer da história, conhecemos o cara misterioso que ligou para Lia para informar acerca da morte da melhor amiga, o Elijah. O legal é que eles constroem uma amizade muito bacana, e com cheirinho de coisa a mais, se é que me entendem.
Apesar de ter adorado o livro, fiquei ligeiramente decepcionada algumas coisas no final. Gostei da forma que a autora mostrou a forma de ajudar as pessoas com transtorno alimentar, mas senti falta de um aprofundamento da relação entre a Lia e o Elijah. É melhor eu parar por aqui se não vou acabar soltando algum spoiller indesejado.
A narrativa da Laurie é bem gostosa e fluida, o que fez com que eu terminasse o livro bem rápido. O título do livro é bem condizente com a história, já que a personagem principal é bem frágil, tanto no físico quanto no psicológico, principalmente depois que a morte da Cassie começa a atormentá-la ininterruptamente. Garotas de Vidro é uma história de dor e sofrimento, mas também de companheirismo e superação.
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