Lee 20/01/2024
Uma leitura arrebatadora
Rachel de Queiroz é um nome muito homenageado no Ceará, estado onde vivo. Na minha universidade, há um auditório que leva o seu nome e um poster gigante com sua foto nos corredores da biblioteca. Também há um parque muito lindo com seu nome aqui. FIco feliz por tantas celebrações da escritora, de fato seu romance de estreia é uma leitura arrebatadora, ainda quando se sabe que foi escrito por uma jovem cearense de apenas 19 anos. Coincidentemente, é com essa idade que eu li este livro, e confesso que hoje não seria capaz de lançar uma obra tão perspicaz, atenta ao cotidiano de sua época.
A jornada de Chico Bento, Cordulina, os meninos, rumo a uma chance em outro canto do país, assim como o romance tecido entre Vicente e Conceição são suficientes para prender minha atenção em um excelente retrato da vida no sertão nas primeiras décadas do século XX. Enquanto graduando em História, foi importante para mim mergulhar nesse cenário tão bem descrito de seca, miséria, sofrimento mesclado com fé e esperança que todas as personagens se enchiam para conseguirem sobreviver aquele período de estiagem. Li algumas resenhas e vi que alguns acharam que faltou algo no final. Eu discordo, essa história não precisava de um final incrível, porque a jornada que era o essencial. O final era só uma mera formalidade que todo livro exige, e, por isso, este não é diferente, e teve um.
Leitura obrigatória para todo cearense. Especialmente aqueles "do interior", que sabem do impacto da chuva, do gado, da agricultura, da mobilidade urbana, e de tantos dilemas que ainda permanecem atuais por aqui.