O Vento da Noite

O Vento da Noite Emily Brontë




Resenhas - O Vento da Noite


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Pandora 30/09/2016

Emily Brontë é uma das autoras inglesas mais celebradas do mundo. O único romance escrito por ela O morro dos ventos uivantes, com justiça, foi suficiente para garantir a ela um lugar no meio dos cânones da literatura mundial. Porém, o romance não foi a unica forma de expressão artistica utilizada por ela e suas irmãs - Anne e Charlotte -, elas também escreviam poesias.

Emily escreveu um número considerável de poemas, mas esses textos não chegaram a vir a luz enquanto ela estava viva. Apenas em 1850 Charlotte Brontë, a irmã mais velha, fez uma coletânea de poemas dela própria e de suas irmãs Anne e Emily e publicou com o titulo Poems, usando os pseudônimos Currer, Ellis e Acton Bell com o intuito de preservar a si e as suas irmãs do escrutínio público.

Dessa coletânea de 1850, Lúcio Cardoso em 1944 recolheu os poemas que compõe o livro por ele batizado como O vento da Noite, em referência ao primeiro poema da seleção de 33 por ele elencados para compor a unica coletânea de poesias de Emily Brontë publicada no Brasil, até o presente momento.

Na minha opinião, de todas as irmãs Brontë, a Emily é a mais complicada, densa, misteriosa, aflitiva e conflituosa. Também ela é quem tem tido mais da minha atenção ao longo dos anos. Não sei se gosto ou desgosto dela, porém, nos últimos dez anos, li seu livro três vezes e estou me preparando psicologicamente para a quarta leitura.

Para quem já leu seu O morro dos ventos uivantes, sua poesia não vai trazer nada de inédito. Ela traz a tona o mesmo mundo marcado pelo sofrimento, frio, inverno, forças misticas, forças da natureza, aflição e conflitos emocionais expressos em seu livro. Aqui temos contato com um pouco mais da genialidade intoxicante dela. Essa genialidade capaz de nos lembrar da existência de lugares frios em mundos de luz e de lugares de luz em mundos de frio.

Particularmente penso em todo reencontro com a Emily como uma ocasião única. Sendo uma pessoa introspectiva e observadora essa mulher fez de sua escrita uma porta para seu mundo particular e sempre me sinto honrada quando ponho os pés no mundo dela. Sei que vou sentir suas angustias e as minhas, no entanto também sei o quanto vai ser um grande encontro, uma imensa viagem, algo do qual vou sair diferente.

Modestamente falando, lendo a tradução dos poemas dela feita pelo Lúcio Cardoso tive a impressão que ele ao ler os textos de Emily era invadido por sentimentos semelhantes aos meus. A angustia, luz, sombra e escuridão dela se encontrava com a dele e dialogava. Esse livro é produto desse diálogo entre almas separadas no tempo e no espaço unidas apenas pelo fio da literatura.



Talvez por isso Lúcio não tenha se esmerado em transpor a poesia dela para o português ipsis litteris. Ele preferiu dialogar com a poesia da inglesa dobrando-a, moldando-a, recriando-a através de paráfrase do texto original. O vento da Noite emerge como produto final do dialogo de dois gênios, um do século XIX, o outro do século XXI. A possibilidade de ter esse diálogo em mãos, em uma edição bilíngue, não deixa de ser algo a ser celebrado.

P.S.: Gostaria de agradecer a Michele Lima e ao Rafael Castro por me ajudarem a compreender um pouco melhor como funciona o trabalho de um tradutor. Em especial a Michele responsável por me fornecer os léxicos utilizados por mim para verbalizar minhas sensações com o trabalho do Lúcio Cardoso na tradução da Emily Brontë.

site: http://www.oquetemnanossaestante.com.br/2016/09/o-vento-da-noite-resenha-literaria.html
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Lê Golz 21/09/2016

A beleza no pessimismo
Emily Brontë foi uma autora consagrada por seu romance "O morro dos ventos uivantes", do qual não sou a maior fã. Mas hoje, adoro tudo que se refere as irmãs Brontë e saber sobre essa edição bilíngue com poemas de Emily, traduzidos originalmente em 1944 por Lúcio Cardoso, só me fez desejar a leitura.

Para meu deleite, os poemas são lindos e fortes. Em sua grande maioria falam de desesperanças, esperas, dores, almas solitárias, morte e vida eterna. Não são poemas incrivelmente românticos. Na verdade são dolorosamente pessimistas, o que nos leva a pensar se eram reflexos da vida da autora, uma vez que sinto que poemas são escritas tão íntimas do próprio coração.

Essa obra possui 33 poemas da Emily, que foram escolhidos na verdade pelo tradutor, que ousou corajosamente transcrever seus poemas para o português. Com essa edição bilíngue é possível ler a escrita original e logo ao lado a tradução de Lúcio, que não segue estritamente os originais. Não sou muito fluente no inglês, mas é possível notar a sutil diferença em alguns poemas e algumas maiores em outros. Porém, é isso que tornou a obra bela, forte e prazerosa.

Alguns poemas me agradaram mais que outros. O poema intitulado "Agora está acabado" se revelou o mais forte para mim. Um pouco mais longo que os outros, esse nos fala de um tremendo desespero e até nos põe para baixo. Mas o meu preferido encheu meu coração, e tristemente foi o último poema que Emily Brontë escreveu antes de morrer tão jovem. Vou deixar um trecho dele ao final da resenha e ele falará por mim.

O prazer em ler poesia deve ser apreciado aos poucos, por isso recomendo uma leitura breve de O vento da noite a cada dia, embora eu tenha lido em dois, pois não resisti. Emily Brontë é uma autora imortal para a literatura e suas obras merecem ser apreciadas.


Trecho do último poema que Emily escreveu: Minha alma não teme coisa alguma


Minha alma já não teme coisa alguma,
E a escura tempestade em que sem descanso o mundo
Gira,
Não mais a abalará: (...)

Ó Deus que eu trago dentro em mim, (...)

A morte se esforça em vão para achar um espaço,
Mas seu poder não pode aniquilar um átomo sequer.
Tu és o Ser e o Sopro,
Nada poderia abolir as Tuas formas.

site: http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2016/09/resenha-o-vento-da-noite.html
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Aione 16/09/2016

Emily Brontë foi imortalizada com O Morro Dos Ventos Uivantes, seu único romance publicado. Agora, a editora Civilização Brasileira traz uma nova edição de O Vento da Noite, coletânea de 33 poemas da autora traduzidos por Lúcio Cardoso, publicados pela primeira vez em 1944 pela editora José Olympio. Com apresentação e organização por Ésio Macedo Ribeiro, organizador dos Diários, de Lúcio Cardoso, a edição é bilíngue, permitindo a leitura dos poemas originais bem como das traduções segundo à visão de Cardoso.

É importante ressaltar que essas são traduções livres, ou seja, privilegiam o sentido do poema ao invés de uma tradução literal, palavra a palavra. Assim, é comum encontrarmos diferenças entre as duas versões, como estruturas diferentes, modificação de palavras, versos reorganizados, suprimidos e, até mesmo, adicionados.

Outra alteração, consequentemente, está na perda de ritmo e sonoridade dos poemas originais. Nas traduções, a métrica não foi mantida, bem como o esquema de rimas. Assim, ainda que os poemas mantenham a essência, perderam a sonoridade original – algo comum de acontecer na tradução de poesias, já que é extremamente difícil manter sentido e sonoridade na passagem de um idioma para o outro. É sempre uma opção do tradutor preferir aquilo que considera mais essencial de ser mantido no poema, e fica nítida a escolha de Cardoso pelo sentido.

As temáticas de Brontë abraçam sonhos, lembranças, fantasias, desilusões e morte, trazendo versos dotados de melancolia. Ainda, a presença da natureza é muito forte nos poemas, sendo ora local de refúgio e escape, ora conectada aos sentimentos do eu-lírico. De qualquer maneira, é impossível desassociá-la dos poemas de Brontë, assim como é impossível não reconhecer, aqui, o mesmo tom melancólico e, por vezes, sombrio presente em O Morro dos Ventos Uivantes.

O incrível de se fazer a leitura nos dois idiomas é tanto reconhecer suas diferenças quanto notar a maneira de como o tradutor enxergou os poemas originais. Também, como os traduzidos acabaram por perder sua sonoridade, pude fazer a leitura em voz alta dos originais e, assim, sentir toda sua força e intensidade. Ainda que, muitas vezes, eu não tenha conseguido compreender todo o sentido dos versos em inglês – a leitura de um poema não é fácil, principalmente em um idioma que não é o seu de origem -, sendo necessária a tradução para isso, eu seguia a leitura apenas para ouvir os versos e sentir a potência no som de cada palavra.

De modo geral, como com qualquer poesia, a leitura de O Vento da Noite não é fácil, exigindo atenção e tempo do leitor – tempo este que será estendido caso os poemas sejam lidos em ambos idiomas e comparados entre si. Contudo, é uma experiência extremamente proveitosa, tanto por permitir um conhecimento extra do trabalho de Emily Brontë quanto por proporcionar a percepção de seu alcance poético. Mais uma vez, fui encantada pelas palavras da autora e pela intensidade e melancolia de suas emoções e obras.

site: http://minhavidaliteraria.com.br/2016/09/16/resenha-o-vento-da-noite-emily-bronte/
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