juliabarros 10/06/201903 motivos porque “Profissões para mulheres e outros artigos feministas” é um livro enorme (mesmo só tendo 100 páginas): ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀1 - Virginia Woolf era uma mulher a frente de seu tempo. Em “Profissões para mulheres…” são reunidos alguns ensaios publicados entre 1905 e 1941 onde ela expõe, de maneira belíssima, sobre as dificuldades de ser mulher e querer fazer algo além de cuidar da casa e ser mãe. No primeiro texto, intitulado “Profissões para mulheres”, lido pela autora para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres em 1931, ela disserta sobre a necessidade das escritoras de lutar, muitas vezes até a “morte’, com algo chamado Anjo do Lar e também sobre como sua criatividade e imaginação fora algumas vezes “bloqueadas pelo convencionalismo do outro sexo”.
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2 - Pra mim, o melhor do livro é o ensaio “A posição intelectual das mulheres”. Em 1920, um autor sob o pseudônimo de Falcão Afável publicou uma resenha do livro de ensaios “Nossas mulheres: capítulos sobre a discórdia entre os sexos” de Arnold Bennett (claro, um homem falando sobre as mulheres, afinal, porque não, né?). A resenha contém altas doses de machismo e reprodução de frases que perpetuam estereótipos pejorativos em relação às mulheres como “as mulheres são inferiores aos homens em capacidade intelectual...” Woolf escreve uma carta onde explica incisivamente como o Falcão Afável e Bennett estão equivocados em seus discursos utilizando fatos históricos e escritoras memoráveis. Depois de mais réplicas, o escritor encerra a discussão aceitando o argumento de Woolf que se a expressão de suas opiniões era um dos empecilhos a evolução das mulheres, ele não discutiria mais.
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3 - Em muitos momentos do livro, eu me senti lendo uma autora contemporânea falando sobre os dias de hoje. Louco e também triste porque percebi como a situação das mulheres melhorou sim, mas nem tanto. Ainda sofremos com machismo em diferentes profissões, com a pressão da maternidade e outros estereótipos. “Profissões para mulheres...” é, portanto, um livro enorme e necessário. Mostra para nós mulheres que a nossa luta vem de muito tempo e que não podemos parar.