Profissões para mulheres e outros artigos feministas

Profissões para mulheres e outros artigos feministas Virginia Woolf




Resenhas - Profissões para mulheres e outros artigos feministas


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Tamires 09/11/2015

Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas
Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas foi o primeiro livro de Virginia Woolf que li; definitivamente amor à primeira página! São sete ensaios de leitura super-rápida que podem mudar a visão que muitas pessoas têm do feminismo. Em tempos de opiniões calorosas (mas com pouca ou nenhuma fundamentação teórica) em redes sociais, nada como ler algo escrito por alguém que foi e ainda é referência para o movimento.

Profissões para mulheres é o primeiro ensaio, seguido de A nota feminina na literatura; Mulheres romancistas; A posição intelectual das mulheres; Duas mulheres; Memórias de uma União das Trabalhadoras e Ellen Terry. Todos têm o seu valor, contudo, abaixo, elenco os meus dois favoritos e os quais retorno ocasionalmente quando preciso me lembrar do porquê ler bons artigos e livros com temática feminista ainda é tão importante e relevante na sociedade atual.

Profissões para mulheres, primeiro ensaio deste livro, foi lido pela Sra. Woolf para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres em 21 de janeiro de 1931. Supostamente seria uma realidade distante da nossa, pois trata-se de um texto de oitenta e quatro anos! Ledo engano. Este ensaio poderia ser lido em um auditório lotado de mulheres hoje mesmo e facilmente muitas delas se reconheceriam nele. A autora fala de um fantasma que muitas vezes precisamos enfrentar, o “Anjo do Lar”. Tal “Anjo” é uma alusão a um poema de Coventry Patmore que celebrava o amor conjugal e idealizava o papel doméstico das mulheres. Percebe que ele ainda está entre nós?

“Na verdade, penso eu, ainda vai levar muito tempo até que uma mulher possa se sentar e escrever um livro sem encontrar um fantasma que precise matar, uma rocha que precise enfrentar. E se é assim na literatura, a profissão mais livre de todas para as mulheres, quem dirá nas novas profissões que agora vocês estão exercendo pela primeira vez? (...) Mesmo quando o caminho está nominalmente aberto – nada impede que uma mulher seja médica, advogada, funcionária pública –, são muitos, imagino eu, os fantasmas e obstáculos pelo caminho. Penso que é muito bom e importante discuti-los e defini-los, pois só assim é possível dividir o trabalho, resolver as dificuldades. Mas, além disso, também é necessário discutir as metas e os fins pelos quais lutamos, pelos quais combatemos esses obstáculos tremendos. Não podemos achar que essas metas estão dadas; precisam ser questionadas e examinadas constantemente.” (trecho de Profissões para mulheres, págs. 17 e 18)

Em outro ensaio de destaque nesta coletânea, A posição intelectual das mulheres, Virginia Woolf contrapõe as opiniões negativas que o romancista Arnold Bennett publicou em uma coletânea de ensaios, sob o título Nossas mulheres: capítulos sobre a discordância entre os sexos. Bennet acreditava que as mulheres eram intelectualmente inferiores aos homens; proposição que levou a autora a pensar mais sobre o assunto, resultando no livro Um Teto Todo Seu. Em outubro de 1920, Desmond MacCarthy publicou uma resenha favorável do livro de Bennett, sob o pseudônimo de Falcão Afável. Virginia Woolf fez um comentário sobre a resenha e ele foi publicado; seguido de uma réplica e uma tréplica de Falcão Afável. É um “diálogo” maravilhoso, em que temos vontade de bater palmas para a Sra. Woolf no final.

“O fato, como penso que havemos de concordar, é que as mulheres, desde os primeiros tempos até o presente, têm dado à luz toda a população do universo. Essa atividade toma muito tempo e energia. Tal fato também levou a se sujeitarem aos homens e, diga-se de passagem – se fosse essa a questão –, desenvolveu nelas algumas das qualidades mais admiráveis e apreciáveis da espécie. Discordo de Falcão Afável não porque ele negue a atual igualdade intelectual entre homens e mulheres. E sim porque afirma, com Mr. Bennett, que o espírito da mulher não é sensivelmente afetado pela educação e pela liberdade; que é incapaz das mais altas realizações, e que deve permanecer para sempre na condição em que se encontra agora. Devo repetir que o fato de terem as mulheres se aprimorado (que Falcão Afável agora parece admitir) mostra que elas podem se aprimorar ainda mais; pois não consigo entender por que haveria de se impor um limite a seu aprimoramento no século XIX, e não, por exemplo, no século CXIX. Mas o que é necessário não é apenas a educação. É que as mulheres tenham liberdade de experiência, possam divergir dos homens sem receio e expressar claramente suas diferenças (pois não concordo com Falcão Afável que homens e mulheres sejam iguais); que todas as atividades mentais sejam incentivadas para que sempre exista um núcleo de mulheres que pensem, inventem, imaginem e criem com a mesma liberdade dos homens e, como eles, não precisem recear o ridículo e a condescendência. Essas condições, a meu ver muito importantes, são dificultadas por declarações como as de Falcão Afável e Mr. Bennett, pois para um homem ainda é muito mais fácil do que para uma mulher dar a conhecer suas opiniões e vê-las respeitadas. Não tenho dúvidas de que, caso tais opiniões prevaleçam no futuro, continuaremos num estado de barbárie semicivilizada. Pelo menos é assim que defino a perpetuação do domínio de um lado e, de outro, da servilidade. Pois a degradação de ser escravo só se equipara à degradação de ser senhor.” (trecho de A posição intelectual das mulheres, págs. 50 e 51)

Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas é aquele livro que nos abre os olhos; uma leitura para ser feita ocasionalmente, como toda a obra de Virgínia Woolf. Com esse livro me descobri uma amante da leitura de ensaios, tendo os da Sra. Woolf um espaço especial na minha cabeceira.


site: http://escritorasinglesas.com/profissoes-para-mulheres-e-outros-artigos-feministas-virginia-woolf/
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 07/08/2015

Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas
Decidi ler o livro após ver uma resenha sobre ele no blog Poesia na alma (Obrigada, Lilian!). Foi meu primeiro contato com a escrita da Virginia Woolf; queria ler alguma coisa dela, já que é uma escritora bastante famosa, surgiu a oportunidade de pegar o livro emprestado e eu aproveitei.

Foi o primeiro livro de ensaios que li; segundo a Wikipédia: "Ensaio é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema. (...) Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico".

Virginia Woolf nasceu em Londres, em 1882, e faleceu em 1941; o livro reúne sete de seus ensaios, e vou falar superficialmente sobre cada um. No primeiro, intitulado "Profissões Para Mulheres", ela aborda o conceito de Anjo do Lar, segundo o qual as mulheres deveriam ser puras e desapegar de tudo em nome da família, e como essa idealização de perfil de mulher interferia no desenvolvimento de seu potencial como pessoa e profissional.

"- em suma, seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros. E acima de tudo – nem preciso dizer – ela era pura. Sua pureza era tida como sua maior beleza – enrubescer era seu grande encanto. Naqueles dias – os últimos da rainha Vitória – toda casa tinha seu Anjo. E, quando fui escrever, topei com ela já nas primeiras palavras. Suas asas fizeram sombra na página; ouvi o farfalhar de suas saias no quarto. Quer dizer, na hora em que peguei a caneta para resenhar aquele romance de um homem famoso, ela logo apareceu atrás de mim e sussurrou: 'Querida, você é uma moça. Está escrevendo sobre um livro que foi escrito por um homem. Seja afável; seja meiga; lisonjeie; engane; use todas as artes e manhas de nosso sexo. Nunca deixe ninguém perceber que você tem opinião própria. E principalmente seja pura'." (página 12)

O segundo e o terceiro, respectivamente "A nota feminina na literatura" e "Mulheres romancistas", são resenhas escritas por Virginia Woolf para jornais. Antes de escrever livros, a autora era crítica literária. Obviamente, na época não existiam blogs (nem internet), e foi interessante pensar que eu e outros tantos blogueiros literários fazemos hoje, algo um pouco parecido com o que ela fazia há tanto tempo.

O quarto, intitulado "A posição intelectual das mulheres", foi o meu preferido. Traz a resposta de Virginia Woolf para uma resenha sobre um livro que dizia que as mulheres eram intelectualmente inferiores aos homens. Na artigo, de forma irônica e inteligente, Virginia fala sobre como, ao longo dos séculos, as mulheres eram mantidas sem condições de ter acesso ao conhecimento intelectual, e quando tinham acesso, não eram incentivas e estimuladas a seguir adiante na construção do seu conhecimento.

O quinto, intitulado "Duas mulheres", traz a resenha de dois livros escritos por duas mulheres muito diferentes, e nos faz refletir um pouco sobre as características de cada uma.

"Memórias de uma União das Trabalhadoras" traz o prefácio escrito pela autora para um livro de uma Cooperativa de Trabalhadoras, e mostra como a união e a organização de mulheres, que se reuniam para, entre outras coisas, ler, foi benéfica para elas.

O último ensaio fala sobre a atriz Ellen Terry, uma mulher que, assim como tantas outras mulheres, se divide entre suas tantas facetas, entre sua família e seu amor e talento para o palco, entre o glamour, a excelência e a simplicidade.

É um livro curto, que pode ser lido em poucas horas. É uma edição de bolso, com capa simples e sem orelhas, páginas brancas, diagramação também simples, letras e espaçamento de bom tamanho, margens estreitas.

"Mesmo quando o caminho está nominalmente aberto - quando nada impede que uma mulher seja médica, advogada, funcionária pública -, são muitos, imagino eu, os fantasmas e obstáculos pelo caminho. Penso que é muito bom e importante discuti-los e defini-los, pois só assim é possível dividir o trabalho, resolver as dificuldades." (página 18)

Foi uma leitura rápida mas muito significativa, que me fez ficar com vontade de ler mais obras da escritora. A autora é considerada uma das "precursoras do feminismo contemporâneo". Provavelmente, ao ver a palavra "feminismo" no post, alguém já deve ter "torcido o nariz". É muito triste perceber que tantas pessoas tem atualmente uma visão distorcida do feminismo, como se ele fosse algo ruim.

Ao ler o livro, com artigos escrito há tanto tempo e, ainda assim, tão atuais, talvez algumas pessoas possam entender um pouco melhor o quanto o machismo, tão presente em nossa sociedade, afeta a vida das mulheres. Caso alguém pense que o combate ao machismo e a luta realizada pelo feminismo é desnecessária, sugiro um exercício simples: se você é mulher e tem um irmão ou se você é homem e tem uma irmã, pense em como a criação de vocês dois foi diferente, em tudo o que o menino podia fazer e a menina não. Tendo 3 irmãos e uma irmã, falo por experiência própria. Observando quanta liberdade a mais meu irmão caçula tinha, foi que comecei a prestar atenção na questão da desigualdade de gêneros. Algumas coisas melhoram desde a época de Virginia Woolf, mas muito ainda precisa ser feito para que todos, independente de serem mulheres ou homens, sejam respeitados como seres humanos.

"Isso creio que é uma experiência muito comum entre as mulheres que escrevem - ficam bloqueadas pelo extremo convencionalismo do outro sexo. Pois, embora sensatamente os homens se permitam grande liberdade em tais assuntos, duvido que percebam ou consigam controlar o extremo rigor com que condenam a mesma liberdade nas mulheres. (...) Na verdade, penso eu, ainda vai levar muito tempo até que uma mulher possa sentar e escrever um livro sem encontrar com um fantasma que precise matar, uma rocha que precise enfrentar. E se é assim na literatura, a profissão mais livre de todas para as mulheres, quem dirá nas novas profissões que agora vocês estão exercendo pela primeira vez?" (página 17)

Profissões Para Mulheres e Outros Artigos Feministas é um daqueles livros com poucas páginas, mas dos quais podemos falar por horas e horas. Valeu a pena ler!

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2015/08/resenha-livro-profissoes-para-mulheres.html
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Adriana Scarpin 13/05/2015

Alguns desses ensaios são lapidares para o movimento feminista, outros nem tanto, correndo o risco de estar julgando-os de forma anacrônica.
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Cadu 18/08/2013

Virginia Woolf, nascida em janeiro de 1882, é uma popular escritora e editora britânica. Dentre as suas obras se destacam "Mrs Dalloway" (1925) e "Passeio ao Farol" (1927). Feminista declarada, Woolf escrevia diversas criticas literárias em jornais de grande circulação, espalhando, dessa forma, o seu ideal considerado sonhador para a época.
Nesse contexto, surgiu o livro que será resenhado hoje: "Profissões para mulheres e outros artigos feministas". O livro, divido em sete partes, consiste de ensaios de Virginia sobre feminismo, ora em discursos, ora em resenhas. Em certo capítulo, é interessante que Woolf discute com outro editor, um cara que defende, em uma resenha, que mulheres são inferiores ao homem. Com sua ótima argumentação e fundamentação teórica, Virginia convence-o, finalmente, a não difundir mais o machismo. (Ela é demais!)
Demorei um pouco para resenhar essa obra porque precisei pensar nela. Diferente da maioria dos livros que eu li, essa obra não é uma história nem uma biografia. São discursos e resenhas da autora. E, de certa forma, é preciso um tempinho para assimilar tudo que foi dito nos ensaios.
Virginia fala sobre os temas escolhidos de uma maneira um tanto peculiar. Em vez de inserir diretamente a opinião e dissertar sobre ela, Woolf reproduz os argumentos machistas para depois derrubá-los. É engraçado que, um por um, os argumentos vão caindo por terra e, para terminar, a escritora sai da argumentação com um ar de tarefa cumprida. Impressionante.
Há partes do livro em que eu não sei se eu senti uma pontada de ironia, uma exclamação de ajuda ou uma simples coincidência. Como assim? Durante o texto, uma parte chamou minha atenção em especial: "Eu preferiria morrer afogada a escrever um prefácio para um livro" (Ou algo do tipo). O problema nisso é que Virginia Woolf suicidou-se, em 1941, afogando-se. E esse livro foi publicado em 1931. Será que ela já planejava o suicídio? Será que é uma informação irônica para "ficar para o futuro"? Ou será uma simples coincidência?

"Pois, embora sensatamente os homens se permitam grande liberdade em tais assuntos, duvido que percebam ou consigam controlar o extremo rigor com que condenam a mesma liberdade nas mulheres." (Citação retirada da obra)

Depois de me perder em pensamentos sobre a obra, eu recomendo-a fortemente. Fiquei com vontade de ler mais livros de Virignia Woolf depois de ler esse e já tenho um em vista: "Passeio ao Farol". Aguardem. Em breve voltarei com mais Virginia.

site: http://fetichelitteratus.blogspot.com.br/
Katita 06/06/2020minha estante
É essa sensação que busco semore que termino uma leitura dela. Busco outro livro, e outro e é muito maravilhoso o olhar distinto e a percepção inteligente do discurso dela.




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