Caroline.Jacoud 21/02/2024
É preciso ?matar o Anjo do Lar??
Aqui temos reunidos sete ensaios de Virgínia Woolf, os quais ela questiona diversos pontos da sociedade na época, com relação a discriminação e apagamento das mulheres.
Anos luz a frente de seu tempo, Virgínia escreve de maneira destemida, compartilhando suas inquietações e, com isso, propondo grandes reflexões acerca dos papéis femininos desde lá impostos.
A autora, descreveu com propriedade sobre as dificuldades encontradas pelas mulheres que ousavam escrever, ainda que não por ambição, e sim por prazer, por respiro, por vida. Ela afirmou que "matar o Anjo do Lar" fazia parte da atividade de uma escritora e eu achei essa expressão incrível. Principalmente porque, em seguida, ela se questiona o que sobra após essa perda. Uma mulher livre? Não.
Sobra uma mulher perdida que se acostumou com a identidade que lhe foi moldada. Se acostumou tanto em ser "o outro" (Simone de Beauvoir bem disse) que agora desconhece a si mesma.
Há muitos anos mulheres vivenciam dois grandes desafios:
1º: Matar o "Anjo do Lar" (lembrando que essa expressão se refere a quaisquer performances femininas exigidas);
2º: Ao matar o "Anjo do lar" (caso consiga), lidar com a sensação de não pertencimento de si mesma, com os muitos fantasmas escondidos e descobrir quem se é de verdade.
Arrisco dizer que ler Virginia possa ser de grande ajuda rumo a essa descoberta (além de terapia, claro)!